Autoridade alemã alerta para aumento de delitos em abrigos para refugiados. Também crescem as agressões contra imigrantes.
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O presidente do Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA), Holger Münch, disse em entrevista publicada neste domingo (17/01) que houve aumento de crimes em abrigos para refugiados.
Falando ao jornal Bild am Sonntag, o chefe do BKA reconheceu que a quantidade de delitos nos albergues é "relativamente pequena" e que o nível de criminalidade não tem aumentado de forma proporcional à chegada de refugiados. Segundo Münch, os migrantes que vivem nos abrigos, particularmente jovens, têm passado muitos meses em espaços confinados e "sob condições que incentivam a criminalidade".
"Migrantes, particularmente dos Bálcãs e do norte da África, sobretudo marroquinos, tunisianos e argelinos, costumam chamar especial atenção através de delitos", disse Münch, acrescentando que esses casos são menos frequentes entre estrangeiros da Síria e do Iraque.
De acordo com o presidente do BKA, metade das ocorrências em abrigos para refugiados está relacionada a crimes violentos, como ataques, mas também há um número crescente de abusos sexuais e homicídios.
Na entrevista, Münch disse que a investigação das centenas de abusos sexuais cometidos durante as comemorações de Ano Novo em Colônia é prioridade para o BKA. Cerca de mil homens teriam praticado os ataques. Grande parte deles teria aparência árabe ou norte-africana, de acordo com a polícia.
"Estamos agora analisando se há uma conexão entre a imigração e a ameaça de abuso sexual contra mulheres na Alemanha", afirmou.
Depois do episódio, também cresceram os casos de violência contra refugiados. Durante a semana, seis paquistaneses foram atacados por uma gangue de 20 pessoas em Colônia. Segundo Münch, também é preciso conter as ofensas cometidas por extremistas de direita.
Detenções
Na noite deste sábado, a polícia prendeu 40 homens – a maioria do norte da África – em Düsseldorf, no oeste da Alemanha, num bairro da cidade conhecido como Magreb. Entre os detidos, 38 são suspeitos de estarem ilegalmente na Alemanha. A área onde foi realizada a operação, nos arredores da estação central da cidade, concentra restaurantes marroquinos e é reduto de assaltantes e traficantes de drogas.
A ação foi batizada pelas autoridades de Casablanca e envolveu cerca de 300 policiais. Um relatório divulgado recentemente pela polícia de Düsseldorf diz que, no bairro, vivem 2,2 mil homens, vindos de Marrocos, Tunísia e Argélia, que estariam envolvidos em atividades suspeitas.
Deportações
O governo da chanceler federal alemã, Angela Merkel, corre para acelerar a deportação de migrantes da Argélia e Marrocos. Segundo reportagem do jornal Welt am Sonntag, a União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, e seu partido aliado União Social Cristã (CSU) teriam concordado que esses países são "seguros". Dessa forma, argelinos e marroquinos não podem ser reconhecidos como refugiados na Alemanha.
As deportações, no entanto, dificilmente acontecem. Em 2015, apenas 18 mil requerentes de asilo retornaram aos seus países de origem, número pequeno frente a 1,1 milhão de migrantes que pediram refúgio na Alemanha no ano passado. Segundo um documento oficial, dos 5,5 mil marroquinos e argelinos que tiveram pedido de asilo negado, apenas 53 foram deportados.
Os governos dos dois países também têm imposto empecilhos para receber os cidadãos de volta. Na semana passada, o premiê da Argélia, Abdelmalek Sellal, disse que é necessário primeiro "assegurar que eles são, de fato, argelinos".
KG/afp/dpa
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.