Muitos sírios que obtiveram status de residência estão indo para a Turquia de forma ilegal e arriscada, afirma emissora alemã. Motivo seriam as dificuldades enfrentadas por eles para buscar seus parentes.
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Refugiados sírios com permissão para residir na Alemanha têm deixado em número cada vez maior o país, afirmou reportagem divulgada nesta quinta-feira (12/04) pela imprensa alemã. A razão seria a dificuldades que eles enfrentam para obterem permissão para trazer seus parentes para a Alemanha.
De acordo com reportagem da emissora pública ARD, muitos refugiados viajam de forma ilegal e, às vezes, através de rotas arriscadas para a Turquia, pois não receberam visto para essa viagem. Muitas vezes, eles chegam a pagar contrabandistas de pessoas.
Em redes sociais, como o Facebook, milhares de sírios trocam informações sobre a "fuga reversa". Nesses grupos também são intercambiadas dicas sobre contrabandistas e preços pelos serviços deles. Por exemplo, a travessia do rio Evros, que separa a Grécia da Turquia, custaria cerca de 200 euros.
O que não fica claro é se esses retornos são uma tendência ou um fenômeno temporário, já que não há estatísticas. A reportagem ressaltou que a agência para migrantes e refugiados (Bamf) registrou no ano passado que cerca de 4 mil sírios haviam deixado os endereços em que se registraram, com destino desconhecido. "Entre eles podem estar aqueles que foram para a Turquia", diz a matéria.
Os repórteres da ARD entrevistaram pessoas na área da fronteira greco-turca e acompanharam vários sírios a caminho da Turquia. Eles também entrevistaram contrabandistas de pessoas. Um deles afirmou que leva até 50 pessoas diariamente da Europa para a Turquia, principalmente refugiados sírios vindos da Alemanha. Outro contrabandista disse que está trazendo mais refugiados da Europa do que levando para o continente.
O representante na Alemanha do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Dominik Bartsch, afirmou ao programa Panorama que já ouviu falar de tais casos, mas que não consegue quantificá-los. Ele classificou de paradoxal o fato de os refugiados retornarem pela mesma rota em que viajaram para a Alemanha.
Muitos refugiados da Síria com quem o Acnur falou e que tinham status de proteção na Alemanha haviam sido informados de que poderiam ganhar o direito de trazer seus parentes de primeiro grau a partir de março de 2018, disse Bartsch. Entretanto, o reagrupamento familiar para essas pessoas está atualmente suspenso, devendo ser retomado a partir de agosto, ainda que de forma muito limitada.
MD/afp/ots
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Dez refugiados famosos
Músicos, atores, políticos, cientistas dos quatro cantos do mundo: em comum, o destino de refugiado. Todos deixaram seus países natais, por um período breve ou o resto da vida, para se salvar da guerra e perseguição.
Foto: akg-images/picture alliance
Touro Sentado (1831-1890)
O chefe sioux Tatanka Iyotake, "Touro Sentado", um dos mais célebres nativos dos Estados Unidos, viveu quatro anos como refugiado. Em 1877, cerca de um ano após a batalha de Little Bighorn, liderada pelo general Custer, ele fugiu com seus guerreiros para o Canadá. Após voltar aos EUA, o líder indígena foi preso e colocado numa reserva. Ele morreu baleado durante uma nova tentativa de prisão.
Foto: Imago/StockTrek Images
Albert Einstein (1879-1955)
Autor da teoria da relatividade e Nobel da Física, o judeu alemão Albert Einstein visitava os EUA quando Adolf Hitler assumiu o poder, em 1933. Manter-se longe da Alemanha sob regime nazista não foi decisão fácil. Einstein dizia se considerar um "privilegiado pela sorte", por poder viver em Princeton, mas também "quase envergonhado de viver em tamanha paz, enquanto todo o resto luta e sofre".
Foto: Imago/United Archives International
Béla Bartók (1881-1945)
Apesar de não ser judeu, o compositor, pianista e musicólogo Béla Bartók se opunha à ascensão do nazismo e à perseguição antissemita, e em 1940 emigrou para os EUA. "Minha principal ideia, que me domina inteiramente, é a irmandade dos homens, acima e além de todos os conflitos", disse certa vez. No entanto, sua carreira musical gorou no exílio, e ele acabou por morrer pobre e esquecido.
Foto: Getty Images
Marlene Dietrich (1901-1992)
A atriz e cantora alemã Marlene Dietrich já era uma estrela nos Estados Unidos quando adquiriu a nacionalidade americana, em 1939, voltando definitivamente as costas para a Alemanha nazista. Refugiada célebre, ela se manifestava contra Hitler e cantou para os soldados americanos durante a Segunda Guerra. Embora com seus filmes banidos na terra natal, ela dizia: "Eu nasci alemã e sempre serei."
Foto: picture-alliance/dpa
George Weidenfeld (1919-2016)
Nascido em Viena, o editor judeu George Weidenfeld emigrou após a anexação da Áustria pelos nazistas. Em Londres, ele cofundou uma casa editora e se tornou barão. Além de se engajar pela causa israelense, estabeleceu um fundo para ajudar os cristãos que fogem do "Estado Islâmico". "Não posso salvar o mundo [...] mas tenho uma dívida a saldar", disse certa vez.
Foto: picture-alliance/dpa/N.Bachmann
Henry Kissinger (*1923)
Natural da Baviera, Henry Kissinger teve papel central na configuração da política externa dos EUA. Contudo, antes de se tornar autoridade em relações internacionais e professor em Harvard, o 56º secretário de Estado americano tivera que fugir da perseguição nazista em 1938. Já nonagenário, ele revelaria que a Alemanha "nunca deixou de ser parte" de sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schiefelbein
Miriam Makeba (1932-2008)
A cantora sul-africana Miriam Makeba era opositora ferrenha do regime do apartheid. Em 1960, durante turnê nos EUA, o governo de seu país lhe cancelou o passaporte. Três anos mais tarde ela foi proibida de entrar na África do Sul, a qual ela só reveria após décadas de exílio nos EUA e Guiné. "Mama Africa" morreu durante um show na Itália, em apoio à luta do autor Roberto Saviano contra a máfia.
Foto: Getty Images
Milos Forman (1932-2018)
Apesar de já ser um cineasta respeitado, Milos Forman voltou as costas à Tchecoslováquia em 1968, após a Primavera de Praga, indo estabelecer-se nos Estados Unidos. Em sua produção do outro lado da Cortina de Ferro dois Oscars de melhor filme se destacam: o drama psiquiátrico "Um estranho no ninho" (1975) e "Amadeus" (1984), sobre Mozart.
Foto: picture-alliance/abaca/V. Dargent
Madeleine Albright (1937-2022)
A primeira secretária de Estado americana, Madeleine Albright, nasceu na atual República Tcheca. Sua família fugiu para os EUA em 1948, quando os comunistas assumiram o poder. A partir de seu envolvimento intenso na política e depois de ser embaixadora americana na ONU, ela assumiu a chefia da diplomacia de 1997 a 2001, durante o segundo mandato de Bill Clinton.
Foto: Getty Images/AFP/S. Loeb
Isabel Allende (*1942)
O presidente Salvador Allende se suicidou após o golpe de Estado no Chile em 1973. A filha de um primo dele, Isabel, que o chamava de "tio", fugiu para a Venezuela após receber ameaças de morte. Mais tarde emigrou para os EUA e se estabeleceu como autora. Entre seus romances, que contam entre os clássicos do realismo mágico, destacam-se "A casa dos espíritos" e "Eva Luna".