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Regensburg preserva história que começou em 179

(mr)22 de julho de 2006

A maior cidade medieval da Alemanha, localizada às margens do Rio Danúbio, preserva quase dois mil anos de história e possui o título de patrimônio cultural mundial, concedido pela Unesco.

Regensburg, às margens do DanúbioFoto: dpa

A história de Regensburg remonta ao ano 179, quando o imperador Marco Aurélio construiu, às margens do Rio Danúbio, um acampamento para legionários com o nome de Castra Regina. Em 739, o missionário Bonifácio fundou o bispado de Regensburg, elevado à categoria de cidade em 1245. Hoje, a localidade que já foi uma das mais ricas e poderosas em toda a Alemanha, mantém viva uma história de quase dois mil anos. O centro histórico ainda preserva os edifícios construídos nos séculos 13 e 14.

Em julho deste ano, Regensburg tornou-se o 32º patrimônio cultural da humanidade, dois anos após haver lançado oficialmente candidatura ao título concedido pela Unesco. Um dossiê com três mil páginas, documentando a história da cidade e apresentando seus pontos turísticos mais relevantes, foi entregue à comissão examinadora, que decidiu acrescentar o centro histórico à lista de patrimônios.

Cidade medieval e sua resistência ao tempo

As ruas apertadas do centro históricoFoto: dpa

Regensburg está localizada às margens do mais longo rio da Europa Central, o Danúbio, e teve papel muito importante na rota do comércio medieval, tornando-se centro econômico e de negociações. Com o dinheiro arrecadado das atividades econômico-financeiras, a cidade financiou a construção de prédios bastante modernos para a época, além da Steinerne Brücke (Ponte de Pedra). Com 300 metros de extensão, esta foi durante muito tempo a maior construção do gênero do mundo.

De cima da ponte, o visitante pode observar a paisagem, com inúmeras torres de igreja e as fachadas dos edifícios nas tonalidades terracota e ocre. A arquitetura medieval com mansões familiares, palácios municipais e torres das famílias nobres, não tem similar em nenhum outro lugar ao norte dos Alpes. Regensburg é a única cidade de porte na Idade Média que foi preservada na Alemanha.

O centro possui 1400 casas, e convida a um passeio por suas ruas estreitas. Nas fachadas observam-se as nuances cor de terra e os edifícios centenários mostram toda sorte de influência arquitetônica: de relevos góticos à exacerbação estética do Barroco.

Reestruturação prévia e continuidade

Saneamento permitiu que 150 mil pessoas morem hoje no centro históricoFoto: dpa

Em meados de 1950, Regensburg tornou-se a primeira cidade alemã a promover reformas, saneamento e reconstrução de seu centro histórico. E o trabalho de restauração é contínuo. "Devido ao fato de Regensburg ser a maior cidade medieval alemã, com um centro que possui 1400 casas centenárias, é de se prever que, em breve, começaremos todo o processo novamente", afirma Klemens Unger, consultor de cultura da prefeitura.

O processo de reestruturação permite que 150 mil pessoas morem no centro histórico de Regensburg. A catedral, cuja construção demorou 250 anos para ser concluída, é um dos mais importantes exemplares de arquitetura gótica na Alemanha e preserva os vitrais instalados na Idade Média.

Perseguição da comunidade judaica

A comunidade judaica de Regensburg aparece referenciada pela primeira vez em um documento oficial do ano de 981. Nos séculos 11 e 12, a escola talmúdica de Regensburg era um centro de culto judaico.

A partir do século 11, a relação entre judeus e cristãos degradou-se. Em 1096, os judeus de Regensburgo foram obrigados ao batismo. No entanto, um ano depois, o imperador Henrique 4º autorizou o regresso dos convertidos ao Judaísmo.

Cemitério judaico de RegensburgFoto: AP

No século 15, como em muitas outras cidades européias, a propaganda anti-semita voltou a crescer. Os judeus eram acusados do roubo de hóstias e de praticarem rituais macabros em que crianças eram assassinadas, sendo considerados inimigos da crença cristã. Muitos foram discriminados e deportados.

Em fevereiro de 1519, foram expulsos cerca de 500 judeus da cidade, dispersando uma das comunidades judaicas mais antigas da Alemanha. A expulsão só foi possível porque Maximiliano 1º faleceu no dia de ano novo de 1519, sem deixar estipulado quem seria o seu sucessor.W

Monumentos importantes

No tempo que foi necessário a Carlos 4º para se tornar rei alemão e depois imperador, os habitantes cristãos de Regensburg tiveram a oportunidade de expulsar os seus concidadãos judeus.

Na praça Neupfarr, o artista israelense Dani Karavan construiu, sob os fundamentos da antiga sinagoga, um memorial. Com cubos e pilares, montados em vários níveis, podem ser vistos os elementos da construção judaica.W

O lugar ainda dispõe de uma passagem subterrânea que leva ao chamado Document, onde estão registrados os 2000 anos de história da cidade, nos porões preservados do antigo quarteirão medieval judaico, destruído em também em 1519.

Regensburg quer ser (re)conhecida como patrimônio

A cidade no NatalFoto: dpa

Regensburg não recebeu o título especificamente por uma construção ou monumento, mas por todo o seu centro histórico. E a cidade ainda quer ter mais a oferecer aos seus visitantes do que a ponte – erguida no século 12, ao lado da catedral de São Pedro, ligando Ulm e Viena por sobre o Rio Danúbio –, ou seus edifícios centenários.

Para celebrar o título concedido pela Unesco em julho, na capital da Lituânia, a cidade preparou folhetos informativos em 15 línguas, entre elas, japonês, coreano, chinês, russo e turco.
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