Organização Meteorológica Mundial anuncia novos recordes medidos na região. Base argentina registrou em 2015 temperatura mais alta para o continente, de 17,5 graus Celsius.
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Um comitê de especialistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou nesta quarta-feira (1º/03) os novos recordes de altas temperaturas verificados na Antártida.
Para toda a região da Antártida (toda a terra e gelo abaixo da latitude de 60 graus), a temperatura mais elevada registrada foi 19,8 graus Celsius em 30 de janeiro de 1982, numa estação de pesquisa da ilha Signy.
Para o continente propriamente dito (definido como a massa continental principal e as ilhas adjacentes), a temperatura mais elevada foi de 17,5 graus Celsius, em 24 de março de 2015, registrada na base argentina de pesquisa Esperanza, situada no extremo norte da Península Antártica.
No Planalto Antártico (altitude igual ou superior aos 2,5 mil metros), a temperatura mais alta, de 7 graus abaixo de zero, foi registrada em 28 de dezembro de 1980 na estação meteorológica automática (lugar D-80), situada no interior da Terra Adélia.
Já a temperatura mais baixa medida no solo, de 89,2 graus abaixo de zero, foi observada em 21 de julho de 1983 na estação Vostok, da Rússia. Esta é também a temperatura mais baixa já registrada no mundo.
"É possível, e certamente provável, que possam ocorrer e de fato tenham ocorrido extremos mais acentuados na região da Antártida", afirmou a OMM. A medição desses fenômenos é importante para entender padrões climáticos e diferenciar entre variações climáticas naturais e as provocadas pelos seres humanos, acrescentou a organização.
A Antártida, cuja superfície é de 14 milhões de quilômetros quadrados, aproximadamente duas vezes o tamanho da Austrália, é um território frio e com muito vento. A temperatura média anual oscila entre 10 graus abaixo de zero no litoral e 60 graus abaixo de zero nas zonas mais altas do interior.
A Península Antártica, cujo extremo noroeste se encontra perto da América do Sul, é uma das regiões do planeta que está se aquecendo rapidamente, subindo quase 3 graus nos últimos 50 anos, afirmou a OMM. Nesse período, quase 90% das geleiras do litoral ocidental da península retrocederam e, nos últimos 12 anos, muitas delas experimentaram um retrocesso acelerado.
AS/efe/afp/dpa/ots
Giro por um mundo transformado pelo clima
As mudanças do clima global estão alterando a face do mundo, do derretimento do gelo polar e elevação do nível do mar à migração da vegetação. Quem quiser mostrar aos filhos como é uma geleira de verdade, que se apresse.
Foto: Reuters/Mariana Bazo
Mundinho pequeno
Mesmo se conseguirmos manter o aquecimento global abaixo de 2°C, 2015 poderá ser o ano mais quente já registrado desde a era pré-industrial. O risco de o nível do mar subir mais de um metro e submergir Amsterdã persiste. Se continuarmos a emitir dióxido de carbono na velocidade atual, até 2100 a Terra terá se aquecido em 4°C – e Nova York estará sob o mar.
Foto: CC BY 2.0 Duncan Hull
Recifes de coral por um fio
Mergulhar na Austrália para admirar os belos recifes de coral pode ser um prazer com dias contados, pois o aquecimento global vai destruindo esses ecossistemas submarinos. As águas cada vez mais quentes causam a descoloração dos corais, e um aumento de 2°C pode dissolvê-los. O acréscimo de CO2 torna a água dos oceanos mais ácida, impedindo o crescimento normal das estruturas calcárias.
Foto: picture-alliance/ dpa
Alpes sem esqui
O aquecimento nos Alpes é "três vezes a média global", segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O nível de neve diminui a cada ano e a vegetação conquista montanhas mais altas. Estações de esqui nas zonas inferiores estão ameaçadas de falência. Alguns resorts até cobrem a neve com material reflexivo durante os meses mais quentes, na tentativa de deter o derretimento.
Foto: picture-alliance/chromorange
Veneza – beleza submersa?
A italiana Veneza é apenas uma entre as cidades ameaçadas de desaparecer com a subida do nível do mar. Ou de se tornar inabitável, devido a inundações e tempestades cada vez mais fortes. O mesmo medo atinge Miami, Nova York, Santo Domingo, Bangkok, Barranquilla, Hong Kong, Cidade de Ho Chi Minh, Palembang, Tóquio, Mumbai, Alexandria, Amsterdã: todas elas correm risco.
Foto: picture-alliance/dpa
Passagem Noroeste
O derretimento das geleiras está permitindo que navios cortem caminho entre a Europa e a Ásia pela historicamente intransitável Passagem Noroeste. Em 2007, a Agência Espacial Europeia anunciou que o trecho estava "inteiramente navegável". Embora ainda não esteja suficientemente livre para navios de carga, os cruzeiros agora já oferecem uma rota antes reservada aos aventureiros e exploradores.
Foto: DW/I.Quaile
Elefantes em perigo
O aumento populacional e as mudanças climáticas afetam os animais. Eles lutam para se ajustar às secas cada vez mais frequentes e intensas, ondas de calor, tempestades e o aumento do nível do mar. A organização de proteção ambiental WWF incluiu o elefante africano na lista das espécies e lugares atingidas pelas mudanças climáticas, juntamente com as tartarugas, tigres, golfinhos e baleias.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca californiana
As mudanças climáticas são claramente visíveis no estado americano da Califórnia, que é afetado por fortes períodos de seca. Os últimos três anos foram os mais quentes de todos os tempos. Quem quiser passear pelas plantações de amêndoas na Califórnia, as de café no Brasil ou os campos de arroz no Vietnã, é agora ou nunca.
Foto: Reuters/L. Nicholson
Escalando as últimas geleiras
A lista do Patrimônio Mundial da Humanidade inclui numerosas belezas naturais, mas com um aquecimento global de 3°C, 136 dessas 700 maravilhas serão afetadas. Entre elas o Glacier National Park, nos EUA, onde os efeitos das mudanças climáticas estão sendo estudados. Das 150 geleiras existentes aqui no século 19, sobravam 24 em 2010. A previsão é que em 2030 o parque estará privado de todas elas.
Foto: gemeinfrei
Mudança climática a domicílio
Se depois de todas essas imagens, você ainda não teve vontade de conhecer nenhum desses lugares, pode ficar onde está. As mudanças climáticas poderão vir bater à sua porta, sem que você sequer precise se levantar do sofá. A Climate Central acredita que mais de 150 milhões de pessoas moram em áreas que serão submersas ou estarão sujeitas a inundações constantes até 2100. Ou mesmo bem antes disso.