Reino Unido anuncia proibição de "conversão" de gays
3 de julho de 2018
Governo britânico lança plano de ação para combater discriminação contra pessoas LGBT. Dois terços delas têm medo de dar as mãos ao parceiro em público, aponta pesquisa nacional que impulsionou iniciativa.
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O governo britânico anunciou nesta terça-feira (03/07) um plano de ação para lidar com a discriminação contra a comunidade LGBT no país, que inclui uma legislação para proibir os chamados tratamentos de reorientação sexual, também conhecidos como "conversão" de gays.
A iniciativa foi elaborada após uma pesquisa governamental em que foram entrevistados mais de 108 mil lésbicas, gays, transexuais e bissexuais. O plano de ação, desenvolvido pelo gabinete da primeira-ministra britânica, Theresa May, conta com um orçamento de 5 milhões de euros.
Na pesquisa, 2% dos membros da comunidade LGBT entrevistados admitiram ter recorrido a terapias da chamada "conversão sexual", enquanto 5% afirmaram ter recebido ofertas nesse sentido.
Mais da metade dos que receberam esse tipo de tratamento afirma que as terapias foram conduzidas por entidades religiosas, 19% por profissionais de saúde e 16% pelos pais ou membros de suas famílias.
Segundo o levantamento, mais de dois terços dos entrevistados disseram que evitam dar as mãos a seu parceiro em público com medo de uma reação negativa. Outros 23% disseram que seus colegas de trabalho reagiram negativamente ao saber de sua homossexualidade.
Cerca de 40% das pessoas disseram ter vivenciado incidentes como ataques verbais ou violência física nos 12 meses anteriores à pesquisa. Entretanto, mais de 90% desses casos não são registrados, com os entrevistados afirmando que esses tipos de agressões "ocorrem o tempo todo".
Dos entrevistados, 61% se definiram como gays ou lésbicas, um quarto, como bissexuais, e 4% se disseram pansexuais. Entre os mais jovens, um grande número se identificou como bissexuais, assexuais, pansexuais, entre outras definições, e 13% se disseram transgêneros. Outros 7% afirmaram ser "não binários", ou seja, pessoas de gênero não exclusivamente feminino ou masculino.
May afirmou que seu país "pode se sentir orgulhoso de ser líder mundial" na defesa dos direitos dos LGBT, ressaltando que o resultado da pesquisa lhe permitiu ver em quais áreas é possível melhorar a vida dos membros da comunidade.
"Fiquei impressionada com a quantidade de pessoas que responderam que não podiam ser abertas quanto a sua orientação sexual", lamentou May, acrescentando que "ninguém jamais deveria ter de esconder quem é ou quem ama". Ela disse que o plano do governo representa "passos concretos" para uma mudança "real e durável" na sociedade britânica.
O plano de ação inclui a nomeação de um conselheiro LGBT de saúde, a expansão de um programa de combate ao bullying nas escolas e uma melhora do sistema de registros de crimes de ódio contra pessoas LGBT.
RC/efe/afp
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Países do mundo que legalizaram o casamento gay
A Austrália é o país mais recente do mundo a permitir legalmente o casamento de pessoas do mesmo sexo. Conheça alguns países onde a união homoafetiva é garantida por lei.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/O. Messinger
2001, Holanda
A Holanda foi o primeiro país do mundo a permitir o casamento de pessoas do mesmo sexo depois que o Parlamento votou a favor da legalização, em 2000. O prefeito de Amsterdã, Job Cohen, casou os primeiros quatro casais do mesmo sexo à meia-noite do dia 1º de abril de 2001 quando a lei entrou em vigor. A nova norma também introduziu a permissão para que casais homoafetivos adotassem crianças.
Foto: picture-alliance/dpa/ANP/M. Antonisse
2003, Bélgica
A Bélgica seguiu a liderança do país vizinho e, dois anos depois da Holanda, legalizou o casamento de pessoas do mesmo sexo. A lei deu a casais homoafetivos muitos direitos iguais aos dos casais heterossexuais. Mas, ao contrário dos holandeses, os belgas não deixaram que casais gays adotassem. Esse direito foi garantido apenas três anos depois pela aprovação de uma lei no Parlamento.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/J. Warnand
2010, Argentina
A Argentina foi o primeiro país da América Latina a legalizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, quando 33 senadores votaram a favor da lei, e 27 contra, em julho de 2010. Assim, a Argentina se tornou o décimo país do mundo a permitir legalmente a união homoafetiva. Em 2010, Portugal e Islândia também aprovaram leis garantindo o direito ao casamento gay.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/L. La Valle
2012, Dinamarca
O Parlamento dinamarquês votou a favor da legalização do casamento gay em junho de 2012. O pequeno país escandinavo já havia aparecido nas manchetes da imprensa internacional quando se tornou o primeiro país do mundo a reconhecer uniões civis para casais gays, em 1989. Casais formados por pessoas do mesmo sexo também já podiam adotar crianças desde 2009.
Foto: picture-alliance/CITYPRESS 24/H. Lundquist
2013, Uruguai
O Uruguai aprovou uma lei eliminando a exclusividade de direitos de casamento, adoção e outras prerrogativas legais para casais heterossexuais em abril de 2013, um mês antes de o Brasil regulamentar (mas não legalizar) o casamento gay. Foi o segundo país sul-americano a dar esse passo, depois da Argentina. Na Colômbia e no Brasil, o casamento gay é permitido, mas não foi legalizado pelo Congresso.
Foto: picture-alliance/AP
2013, Nova Zelândia
A Nova Zelândia se tornou o 15º país do mundo e o primeiro da região Ásia-Pacífico a permitir casamentos homoafetivos em 2013. Os primeiros casamentos aconteceram em agosto daquele ano. Lynley Bendall (e.) e Ally Wanik (d.) estavam entre esses casais, com a união civil a bordo de um voo entre Queenstown e Auckland. No mesmo ano, a França também legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/Air New Zealand
2015, Irlanda
A Irlanda chamou atenção internacional em maio de 2015, quando se tornou o primeiro país do mundo a legalizar o casamento gay com um referendo. Milhares de pessoas comemoraram nas ruas de Dublin quando os resultados foram divulgados, mostrando quase dois terços dos eleitores optando a favor da medida.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/A. Crawley
2015, Estados Unidos
A Casa Branca foi iluminada com as cores da bandeira do arco-íris em 26 de junho de 2015. A votação no Supremo Tribunal dos EUA decidiu por 5 a 4 que a Constituição americana garante igualdade de casamento, um veredito que abriu caminho para casamentos homoafetivos em todo o país. A decisão chegou 12 anos depois que o tribunal decidiu pela inconstitucionalidade de leis criminalizando o sexo gay.
A Alemanha foi o 15º país europeu a legalizar o casamento gay no dia 30 de junho de 2017. A lei foi aprovada por 393 votos a favor e 226 contra no Bundestag (Parlamento alemão). Houve quatro abstenções. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, votou contra, mas abriu caminho para a aprovação quando, alguns dias antes da decisão, disse que seu partido poderia votar livremente a medida.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/O. Messinger
2017-2018, Austrália
Após uma pesquisa mostrando que a maioria dos australianos era a favor do casamento de pessoas do mesmo sexo, o Parlamento do país legalizou a união homoafetiva em dezembro de 2017. Os casais australianos precisam avisar as autoridades um mês antes do casamento. Assim, muitas pessoas se casaram logo depois da meia-noite de 9 de janeiro (2018), como Craig Burns e Luke Sullivan (na foto).
Foto: Getty Images/AFP/P. Hamilton
E no Brasil?
Na foto, as brasileira Roberta Felitte e Karina Soares posam após casarem em dezembro de 2013, no Rio. Em maio daquele ano, o Brasil regulamentou o casamento gay por meio de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Mas, apesar de cartórios não poderem se recusar a casar pessoas do mesmo sexo, a norma não tem força de lei e pode ser contestada por juízes.