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HistóriaReino Unido

Reino Unido celebra 70 anos do reinado de Elizabeth 2ª

Silke Wünsch
2 de junho de 2022

A monarca ocupa o trono britânico desde 1952 e passou por diversas crises – políticas e familiares – com dignidade e perseverança. Uma herança que, curiosamente, é fruto da renúncia do tio e da morte prematura do pai.

Rainha Elizabeth 2ª em 1953
Jubileu de platina da monarca britânica: 70 nobres anos no trono Foto: United Archives/TopFoto/picture alliance

A rainha Elizabeth 2ª detém vários recordes notáveis: aos 96 anos de idade, ela é a monarca reinante mais antiga e teve o casamento mais duradouro na história da realeza britânica. Até mesmo sua coroação entrou para os anais da história: nunca antes tantos espectadores – estimados 300 milhões mundo afora – acompanharam a cerimônia. E, por fim, ninguém jamais ocupou por tanto tempo o trono britânico. Em 2022, ela completa 70 anos no trono.

Mais dois anos, e a rainha Elizabeth 2ª alcança o rei francês Luís 14, apelidado de "Rei Sol", que ocupou o trono do reino da França e Navarra por 72 anos e 110 dias, entre os anos de 1643 e 1715.

A rainha se mantém inabalável há 70 anos, também perante os pés-de-vento políticos: sentimentos não são coisa que se mostre em público. Em vez disso, os súditos são sempre recebidos com um sorriso cálido, um aceno amigável – e, volta e meia, um gáudio popular. Para o Jubileu no Trono, há uma programação de quatro dias a partir desta quinta-feira (02/06), com um feriado extra para os britânicos. 

Desfile militar Trooping the Colour ocorre tradicionalmente no segundo sábado de junho, em homenagem ao aniversário do regente britânicoFoto: Getty Images/AFP/J. Tallis

Celebrações especialmente pomposas

As comemorações começam com o tradicional desfile militar Trooping the Colour, realizado há séculos por ocasião do aniversário de um regente britânico, não importando a época do ano em que nasceu – o aniversário da rainha já foi em 21 de abril. Neste ano, a data tradicionalmente celebrada no sábado será antecipada para esta quinta-feira e seguida por outro feriado para o Jubileu do Trono.

Na sexta-feira, por exemplo, haverá uma missa de Ação de Graças pelo longo reinado de Elizabeth 2ª na Catedral de São Paulo, em Londres. Além disso, faróis serão acesos em homenagem à rainha em todo o Reino Unido, nas Ilhas do Canal, na Ilha de Man, nos Territórios Ultramarinos Britânicos e em cada uma das 54 capitais da Commonwealth.

Supershow com superstrelas

Para 4 de junho, a emissora britânica BBC organizou um concerto ao vivo diretamente do Palácio de Buckingham intitulado Platinum at the Palace, com conhecidas estrelas do mundo musical: Queen & Adam Lambert, Diana Ross, Hans Zimmer, Rod Stewart e George Ezra dividirão os três palcos com artistas como Duran Duran, Andrea Bocelli, Nile Rodgers e muitos outros. Sam Ryder, que conquistou o segundo lugar para o Reino Unido no Eurovision de 2022, também vai se apresentar. 

Celebridades do mundo do cinema e do esporte estarão presentes, incluindo David Attenborough, Emma Raducanu, David Beckham, Stephen Fry, Dame Julie Andrews e o Royal Ballet, e uma participação especial de Elton John também foi anunciada. No mesmo dia ocorre o Epson Derby, considerado a corrida de cavalos mais antiga do mundo. 

Em 5 de junho, sob o lema Grande Almoço Jubilar, haverá uma extensa celebração nas ruas de cidades e vilarejos. Por todo o Reino Unido, estão previstas mais de 200 mil festas de bairro e quermesses, com longas mesas, muita comida e bebida.

Rainha de um dia para o outro

Na verdade, Elizabeth nem deveria ser a monarca britânica. Quando nasceu, não era a princesa da coroa britânica, a herdeira direta do trono. Mas quando seu tio Edward 8º abdicou do trono em 1936 e seu pai assumiu, tornando-se George 6º, tudo mudou. Como filha primogênita, ela acabou se tornando a sucessora imediata ao trono britânico. 

Elizabeth tinha 25 anos e estava em viagem oficial no Quênia quando seu pai morreu, em 6 de fevereiro de 1952. Ela se tornou rainha na mesma noite. A princesa, conhecida na intimidade como Lilibet, virou "Elizabeth 2ª, pela graça de Deus, rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e de seus outros Reinos e Territórios, chefe da Commonwealth, defensora da fé". Ela foi oficialmente coroada em 2 de junho de 1953, numa grande cerimônia na Abadia de Westminster.

Ao longo de seu reinado, vivenciou o colapso do Império Britânico, depois a Guerra Fria e, mais recentemente, o Brexit e a pandemia de covid-19. Ao todo, recebeu 14 primeiros-ministros no Palácio de Buckingham, entre eles Winston Churchill, Margaret Thatcher e o atual Boris Johnson.

Rainha Elizabeth 2ª e o marido, príncipe Philip, momentos após a coroação, em 2/06/1953Foto: Keystone/Zuma/Imago Images

Uma família complicada

Inicialmente, o reinado de Elizabeth 2ª foi dificultado por sua irmã Margaret, envolvida constantemente em escândalos, festas e casos sexuais – e o primeiro divórcio na família real britânica em mais de 400 anos.

Com o príncipe Philip, com quem casou em 1947, a soberana teve quatro filhos: Charles, Ana, Andrew e Edward. E estes lhe trouxeram problemas, assim que cresceram. Tudo começou conforme manda o figurino da realeza, com o casamento dos sonhos de seu filho mais velho e herdeiro do trono, Charles, com Lady Diana em 1981.

Mas o matrimônio logo se revelou um desastre. E não apenas o de Charles: todos os filhos, exceto o mais novo, Edward, divorciaram-se, sempre acompanhados de escândalos. Ao todo, a rainha Elizabeth 2ª tem oito netos, dois de cada um dos filhos.

Um deles, Harry, o filho mais novo do príncipe Charles, renunciou à realeza. Pouco depois de se casar, em 2018, com a atriz americana Meghan Markle, ele repetiu o gesto de seu tio Edward 8º de se desligar da família real. O casal se mudou para os Estados Unidos e teve dois filhos. Em uma entrevista à apresentadora americana Oprah Winfrey, acusaram a família real britânica de racismo.

O príncipe Andrew é há anos uma constante dor de cabeça para Elizabeth 2ª. Ele está envolvido num escândalo sexual pelo qual terá que responder num tribunal nos Estados Unidos. A monarca apoiou o filho por muito tempo, mas em meados de janeiro de 2022 finalmente revogou todas as suas patentes militares e o patrocínio real.

A morte de Diana, em 1997, não deixou a rainha incólume, mas o pior golpe foi a perda de seu marido, com quem esteve casada por 73 anos. Em 9 de abril de 2021, ela teve que se despedir do príncipe Philip.Pouco antes, os dois haviam comemorado o 95º aniversário dela e o 100º dele.

Dois meses após a morte de seu marido em 2021, a rainha acompanhou assim o desfile em homenagem a seu aniversárioFoto: Chris Jackson/AP/picture alliance

Harry e Meghan também participam

A rainha terá outro visitante muito especial nas celebrações deste ano. O príncipe Harry vem a Londres com a duquesa Meghan e os dois bisnetos, Archie e Lilibet Diana. Após um período de esfriamento nas relações, há novamente pequenas aproximações.

Elizabeth terá oportunidade de conhecer a pequena Lilibet e felicitá-la por seu primeiro aniversário, em 4 de junho. Lilibet é como a rainha é chamada no seio familiar, mas certamente também por muitos de seus súditos.

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