Reino Unido cogitou levar Hong Kong para a Irlanda do Norte
3 de julho de 2015
Iniciativa feita em tom de brincadeira acabou sendo levada a sério e discutida pelas autoridades irlandesas. O plano revela a ansiedade britânica sobre o futuro de Hong Kong, que foi devolvida à China em 1997.
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Documentos confidenciais do governo britânico divulgados nesta sexta-feira (03/07) revelam que as autoridades britânicas cogitaram transferir a população de Hong Kong, de 5,5 milhões, para a Irlanda do Norte, antes de devolver o território para a China, em 1997. A estratégia foi levada a sério pelas autoridades do governo, após ter sido apresentada em uma palestra de sociologia no início dos anos 1980.
A informação foi trazida a público pelos Arquivos Nacionais do Reino Unido, que revelaram um documento de 1983 intitulado Reimplante de Hong Kong na Irlanda do Norte. Nele constam registros de discussões entre as autoridades britânicas sobre o plano de reassentar os moradores de Hong Kong em uma nova "cidade-Estado" a ser construída em Magilligan, entre Coleraine e Londonderry.
O palestrante que havia feito a proposta, Christie Davies, alegou – aparentemente em tom de brincadeira – que a mudança iria revitalizar a economia local e salvar Hong Kong, que, segundo afirmou, não teria futuro "em sua localização atual", após ser devolvida para a China.
Em um email ao o jornal The New York Times, Davies afirmou que a ideia, que apareceu em um artigo publicado no jornal The Belfast News Letter, foi dada com humor.
"À época, o artigo foi bem recebido em Hong Kong, mas reconhecidamente como uma brincadeira", afirmou. "Os irlandeses não entendem sátira e não têm senso de humor, por isso acho que alguns deles levaram a sério."
"Vantagens reais"
Segundo o documento divulgado nesta sexta-feira, o servidor público da Irlanda do Norte George Fergusson iniciou discussões com o ministério do Exterior sobre o plano, e escreveu a um colega dizendo que poderia haver "vantagens reais ao levar a sério a proposta".
Apesar de não estar claro se a proposta chegou ao nível ministerial, o plano revela a ansiedade britânica sobre o futuro de Hong Kong, antes da devolução do território à China, conforme os termos do acordo firmado em 1898.
Em 1984, a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, assinou uma declaração conjunta com a China abrindo caminho para que a ex-colônia retornasse ao domínio chinês em 1997.
Hoje em dia, muitos em Hong Kong se preocupam com o que entendem ser uma perda gradual da autonomia da região. No ano passado, milhares de manifestantes bloquearam avenidas em distritos importantes da cidade durante 79 dias, exigindo eleições livres para as lideranças locais.
RC/ap/dpa
Protestos pró-democracia em Hong Kong
Manifestações vêm sufocando o território autônomo, levando a uma quase paralisação da vida pública. O que começou como uma greve de estudantes ganhou a adesão de milhares de ativistas.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Confrontos entre manifestantes pró e contra os protestos
Manifestantes contrários aos protestos pró-democracia (e) entraram em confronto nesta sexta-feira (03/10) com aqueles que há dias ocupam o centro de Hong Kong. Eles destruíram barracas, rasgaram faixas e atiraram garrafas contra os integrantes do movimento Occupy Central. A polícia precisou intervir.
Foto: Alex Ogle/AFP/Getty Images
Chefe do Executivo não renuncia
Minutos antes da meia-noite da quinta-feira (02/10), o chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying (d), e sua secretária de governo Carrie Lam deram uma entrevista ressaltando que não vão deixar o governo. Eles concordaram, porém, em conversar com os estudantes, que haviam dado um ultimato: exigiam a renúncia do líder até o fim da quinta-feira, caso contrário, ocupariam prédios do governo.
Foto: AFP/Getty Images/A. Wallace
Dia Nacional da China
Manifestantes ocuparam ruas centrais de Hong Kong na quarta-feira (01/10), Dia Nacional da China. Inicialmente, esta era a data marcada para o começo dos protestos por mais democracia e eleições livres.
Foto: Reuters/Tyrone Siu
De costas para a China
Durante uma cerimônia em comemoração ao Dia Nacional da China, os manifestantes viraram as costas para o evento e para bandeira chinesa, proferindo as palavras "queremos democracia de verdade". O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, rejeitou uma reunião com os manifestantes.
Foto: picture-alliance/dpa/Dennis M. Sabangan
Ruas bloqueadas
Apesar de apelos do governo, dezenas de milhares passaram a noite em vigília e amanheceram bloqueando as ruas de Hong Kong nesta terça-feira (30/09). Os manifestantes estocaram alimentos e ergueram barreiras improvisadas, esperando uma reação da polícia no Dia Nacional da China.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Bombas contra os manifestantes
Na noite de domingo para segunda-feira (29/09), policiais atacaram o movimento pela democracia com bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e cassetetes. Fontes da própria polícia falam em 38 feridos.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Caos no transporte público
Em vários pontos nevrálgicos da cidade – não apenas no distrito financeiro, mas também na península de Kowloon –, os manifestantes bloquearam cruzamentos e algumas das principais avenidas, deixando a região administrativa especial da China em situação caótica no final de semana. O departamento de trânsito afirmou que duzentas linhas de ônibus e boa parte das linhas de bondes sofreram interrupções.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Vida pública paralisada
Também escolas e comércio nas áreas afetadas pelos protestos estão parcialmente fechados. Aos pais, foi recomendado que deixassem as crianças em casa. Bancos e empresas de investimentos de grande porte tiveram que tomar precauções, estabelecendo um plano de contingência para se manter em operação.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Uma semana de protestos
Os protestos que vêm sufocando o território autônomo chinês foram iniciados na segunda-feira (22/09) com uma greve de estudantes. Desde então, ganharam maiores proporções. Durante o fim de semana seguinte, o movimento Occupy Central se juntou aos estudantes. Os manifestantes exigem eleições democráticas e a renúncia do líder do governo de Hong Kong, Leung Chun-ying.
Foto: Reuters
Estopim dos protestos
Os manifestantes não aceitam uma determinação da liderança comunista da China em Pequim, que estabelece que apenas candidatos pré-selecionados pelas lideranças em Pequim poderão concorrer às eleições para o governo de Hong Kong em 2017. Na prática, isso significa que nomeações de candidatos críticos ao governo estão excluídas.
Foto: XAUME OLLEROS/AFP/Getty Images
"Um país, dois sistemas"
Desde que foi devolvida à China em 1997, a ex-colônia do Império Britânico recebeu status especial. Ao contrário da China, em Hong Kong há liberdade de imprensa e de reunião. No entanto, Pequim quer manter o controle político sobre a região e observa os protestos atuais de perto, rejeitando "atividades ilegais" que "põem em risco a paz social".
Foto: Reuters/Bobby Yip
Reação de Pequim
O governo chinês classifica as manifestações de "reuniões ilegais", mas se diz confiante de que as autoridades locais poderão lidar legalmente com os protestos, segundo informações da agência de notícias Xinhua ao citar um porta-voz do Conselho de Estado.