Reino Unido concede licença para fecundação de "três pais"
16 de março de 2017
Centro de Fertilidade de Newcastle pretende oferecer tratamento a 25 pacientes por ano. Técnica controversa visa permitir que progenitores com mutações genéticas raras possam gerar filhos saudáveis.
Anúncio
O órgão regulador de fertilização humana do Reino Unido concedeu nesta quinta-feira (16/03) ao Centro de Fertilidade de Newcastle, no norte da Inglaterra, a primeira licença para a utilização do método de fecundação de bebês nascidos a partir do DNA de três progenitores.
Em dezembro do ano passado, o controverso método recebeu a aprovação definitiva da Autoridade de Embriologia e Fertilização Humana (HFEA), mas para ser aplicado, clínicas precisam solicitar junto ao órgão uma licença. A chamada "fecundação de três pais" havia sido aprovada legalmente no país em 2015, mas em caráter provisório.
A equipe de médicos de Newcastle comemorou a concessão e afirmou que esta é uma ótima notícia. Com a licença, o centro poderá oferecer o procedimento. A instituição, ligada à Universidade de Newcastle, pretende oferecer o tratamento a 25 pacientes por ano.
A técnica de reprodução assistida utiliza o DNA de três progenitores diferentes – pai, mãe e um doador ou doadora – permitindo que casais com mutações genéticas raras possam gerar filhos saudáveis.
O tratamento pode ocorrer de várias maneiras. A técnica aprovada pelo órgão regulador britânico, chamada de transferência pronuclear, implica a fertilização do óvulo da mãe e de uma doadora com o esperma do pai. Os núcleos são retirados antes que os óvulos fertilizados comecem a se dividir, descartando-se em seguida o da doadora e substituindo-o pelo da mãe.
O feto terá uma quantidade mínima de DNA da doadora, mas os elementos que definem as características físicas e a personalidade serão os dos pais. A técnica somente poderá ser aplicada se houver riscos bastante elevados de o bebê desenvolver uma doença mitocondrial.
"Doenças mitocondriais podem ser devastadoras para famílias afetadas, e esse é um dia histórico para pacientes", afirmou o diretor da pesquisa da Universidade de Newcastle, Doug Turnbull.
O primeiro bebê concebido através dessa técnica nasceu no início de 2016 numa clínica do México, onde médicos americanos aplicaram o tratamento num casal jordaniano. Os críticos desse procedimento temem que a aprovação da técnica abra caminho para bebês geneticamente planejados, os chamados "designer babies".
CN/efe/ap/rtr
Dez mulheres que fizeram história
Ao longo da história, houve várias pioneiras, seja na ciência ou na luta pelo voto feminino e o direito à educação. Conheça algumas mulheres que se destacaram no seu tempo.
Foto: Hilary Jane Morgan/Design Pics/picture alliance
Primeira rainha-faraó
Após a morte de seu marido, o faraó Tutmés 2º, Hatschepsut assumiu o trono em 1479 a.C., como rainha-faraó tanto do Alto quanto do Baixo Egito. As duas décadas em que esteve no poder foram de paz e de prosperidade econômica. Seu sucessor, Tutmés 3º, no entanto, tentou apagar todos os vestígios da primeira rainha-faraó da história.
Foto: picture alliance/dpa/C.Hoffmann
Mártir francesa
Na Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França, Joana d'Arc, uma filha de camponeses de 13 anos, teve uma visão. Santos pediram a ela que salvasse a França e trouxesse Carlos 7º ao trono. Em 1430, ela foi presa durante uma missão militar. No julgamento, em que virou heroína da França, foi condenada a morrer na fogueira. Mais tarde, seria reabilitada e, em 1920, canonizada por Bento 15.
Foto: Fotolia/Xavier29
Catarina, a Grande
Com um golpe audacioso, Catarina 2ª derrubou o odiado marido do trono e se proclamou imperatriz da Rússia. Ela provou sua capacidade de governar ao dominar todo o território russo e liderar campanhas militares até a Polônia e a Crimeia. Graças a isso, Catarina é a única governante do mundo com o epíteto "a Grande".
Foto: picture alliance/akg-images/Nemeth
Monarca perspicaz
Quando Elisabeth 1ª ascendeu ao trono britânico, ela assumiua supremacia sobre um país em revolta. Ela acabou conseguindo apaziguar a guerra religiosa entre católicos e protestantes, e trouxe uma era de prosperidade ao império britânico. A cultura viveu seu auge com Shakespeare e os navios britânicos derrotaram a armada espanhola.
Foto: public domain
Feminista radical
Em 1903, Emmeline Pankhurst (1858-1928) fundou o movimento feminista no Reino Unido. Na luta para que as mulheres pudessem votar, fez greve de fome, incendiou casas e foi condenada. Em 1918, conseguiu que mulheres a partir dos 30 anos pudessem votar. Morreu em 1928, ano em que começou a vigorar na Inglaterra o sufrágio universal para as mulheres.
Foto: picture alliance/akg-images
Revolucionária alemã
Num tempo em que as mulheres ainda não podiam votar, Rosa Luxemburg estava à frente do revolucionário movimento social-democrático alemão. Cofundadora do movimento de esquerda Liga Espartaquista e do Partido Comunista da Alemanha, tentou acelerar o fim da Primeira Guerra Mundial com greves em massa. Após a repressão da revolta espartaquista, em 1919, ela foi assassinada por militares alemães.
Foto: picture-alliance/akg-images
Grande pesquisadora
Marie Curie (1867-1934) foi uma das pioneiras na pesquisa da radioatividade, o que inclusive lhe rendeu um Nobel de Física, em 1903, mas também os sintomas da então ainda desconhecida doença provocada pela radiação. A descoberta dos elementos Rádio e Polônio lhe valeu o Nobel de Química em 1911. Após a morte do marido, Pierre, ela assumiu sua cátedra, tornando-se a primeira professora na Sorbonne.
Foto: picture alliance/Everett Collection
Diário revelador
"Sua Anne". Assim Anne Frank termina o diário que escreveu entre 1942 e 1944. Na última foto, a garota de 13 anos ainda sorri despreocupada. Dois meses mais tarde, em julho de 1942, ela se mudaria para o esconderijo em Amsterdã. Ali ela viveu na clandestinidade até ser deportada para Auschwitz, onde morreu em março de 1945. Seu diário é um dos mais importantes testemunhos do Holocausto.
Foto: Internationales Auschwitz Komitee
Primeira Nobel africana
"A primeira verde da África" escreveu um jornal alemão referindo-se a Wangari Maathai. Desde os anos 1970, ela se engajava tanto pelos direitos humanos quanto pela preservação do meio ambiente. Com a ONG Movimento Cinturão Verde ela plantou árvores para frear a desertificação. Em casa, no Quênia, ela muitas vezes foi ridicularizada. Mas, em 2004, seu trabalho foi coroado com o Prêmio Nobel da Paz.
Foto: picture-alliance/dpa
Símbolo do direito à educação
Ela tinha 11 anos em 2009 quando falou à imprensa sobre os horrores do Talibã no Paquistão. Quando sua escola para meninas foi fechada, ela lutou pelo direito à educação. Em 2012, sobreviveu a um atentado à bala. Já recuperada, escreveu a autobiografia "Eu sou Malala". Em 2014, com 17 anos, ganhou o Nobel da Paz por defender os direitos de meninas e mulheres.