Médicos poderão prescrever medicamentos derivados da planta a partir do outono. Governo britânico ressalta que uso recreativo da cannabis permanece proibido.
Anúncio
O Reino Unido deu luz verde para a prescrição da maconha medicinal, anunciou o governo britânico nesta quinta-feira (26/07). Segundo o ministro do Interior, Sajid Javid, médicos poderão prescrever medicamentos derivados da maconha a pacientes a partir do outono.
A decisão foi tomada depois das críticas e debate gerado sobre o caso de um menino de 12 anos com epilepsia severa que teve um tratamento com óleo de cannabis para convulsões de risco negado. A mãe da criança pediu ao governo que liberasse o uso da maconha medicinal, alegando que esse era o único tratamento que evitava as convulsões de seu filho.
"Casos recentes envolvendo crianças doentes deixaram claro para mim que nossa posição sobre a maconha medicinal não era satisfatória", afirmou Javid. "Seguindo o conselho de dois grupos de consultores independentes, tomei a decisão de reavaliar produtos derivados da maconha medicinal, o que significa que eles estarão disponíveis mediante receita", acrescentou.
Especialistas afirmam que a maconha medicinal pode aliviar epilepsia e outras condições, como dores crônicas, esclerose múltipla e náuseas causadas por quimioterapia.
Autoridades britânicas preparam agora uma definição sobre a composição de medicamentos derivados de maconha. O governo destacou que uso recreativo da planta permanece proibido.
Vários países, incluindo Alemanha, Itália e Dinamarca, já permitem a prescrição da maconha medicinal. No mês passado, o Canadá se tornou o segundo país do mundo a legalizar completamente a maconha, encerrando 90 anos de proibição.
Exército italiano cultiva maconha para fins medicinais
A Itália tem um projeto piloto para a produção de canábis para terapias e assim tornar-se independente de importações da Holanda, mais caras. Desde janeiro, o produto está sendo distribuído em farmácias e hospitais.
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
Canábis terapêutica
O Exército italiano produz a canábis terapêutica no Instituto Químico Farmacêutico Militar, em Florença. A erva, fornecida a hospitais e farmácias italianas, custa cerca da metade do preço da maconha importada.
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
Projeto militar
A produção é apenas uma das atividades do instituto químico e farmacêutico militar, que existe há 164 anos. A instituição se orgulha de ter registrado a maconha como produto farmacêutico em setembro de 2015 pela agência de medicamentos da Itália. O produto final é muito diferente da maior parte da canábis consumida no mundo.
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
Menos THC, mais CBD
O tetra-hidrocarbinol (THC), componente da planta da maconha responsável pelos efeitos alucinógenos, não é tão útil para a medicina quanto o ingrediente ativo canabidiol (CBD), usado como anti-inflamatório. Estima-se que entre 2 e 3 mil italianos se tratem com canábis medicinal para aliviar dores causados pela esclerose múltipla e espasticidade, ou combater náuseas após a quimioterapia.
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
"Jamais experimentei!"
"Não, eu nunca experimentei, e também nem tenho a intenção de fazê-lo", diz Antonio Medica, o coronel encarregado do laboratório de canábis no instituto militar italiano em Florença. Ele ri ao dizer que outro dia um colega seu brincou, dizendo que passou 40 anos tentando fazer as tropas parar de fumar nos quartéis: "E agora estamos produzindo nós mesmos!"
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
Garantia de qualidade
A produção em um ambiente estéril é muito importante. "Essa é a única maneira de você garantir um produto bom, livre de materiais tóxicos, em especial de metais pesados como o mercúrio, que as plantas absorvem facilmente quando crescem nos campos", explica Medica.
Foto: Getty images/AFP/F. Monteforte
Apenas na "forma natural"
A maconha produzida pelos militares em Florença é distribuída a farmácias e hospitais italianos. A lei prevê que, além da necessidade de prescrição médica, o conteúdo da embalagem deve ser sempre canábis em sua forma natural (ou seja, em forma de planta: flores ou brotos de maconha), para ser usada em chás ou inalada através de vaporizador.