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SociedadeReino Unido

Reino Unido devolverá medalhas a militares gays expulsos

16 de fevereiro de 2021

Até 2000, milhares de gays e lésbicas foram dispensados das Forças Armadas britânicas por conta de sua sexualidade. Alguns chegaram a ser condenados e presos. Além das medalhas, ativistas querem mais reparações.

Bandeiras da Inglaterra, com o prédio do Parlamento britânico ao fundo, em Londres
Ministro britânico dos Veteranos fala em "injustiça histórica"Foto: picture-alliance/NurPhoto/D. Cliff

Milhares de soldados britânicos que foram dispensados das Forças Armadas por serem homossexuais poderão receber de volta as medalhas e condecorações que lhes foram tiradas, anunciou nesta terça-feira (16/02) o Ministério da Defesa do Reino Unido.

"O ministério está empenhado em abordar esse erro histórico e está introduzindo uma política que permite que os indivíduos se inscrevam para ter suas medalhas restauradas", informou a pasta.

Até o ano 2000, muitos homens gays e mulheres lésbicas foram banidos das Forças Armadas britânicas. Alguns foram condenados judicialmente por comportamento homossexual – o que hoje já não é mais considerado um crime no país – enquanto outros foram expulsos apenas com base em sua sexualidade, sem qualquer condenação. 

Estima-se que, a cada ano, entre 200 e 250 soldados tenham sido dispensados de seus serviços por serem homossexuais, com muitos deles perdendo suas condecorações.

Em alguns casos, as medalhas eram arrancadas do uniforme de um militar após sua condenação em corte marcial. Aqueles considerados culpados de serem homossexuais às vezes cumpriam pena de prisão, normalmente durante vários meses.

Veteranos que foram expulsos antes de 2000 disseram ter sido vítimas de investigações extrajudiciais, incluindo filmagens secretas, e de repetidos assédios durante anos por parte de policiais militares que tentavam provar que eles eram gays.

"Injustiça histórica"

Johnny Mercer, ministro britânico dos Veteranos, disse que o anúncio desta terça-feira "trata de uma injustiça histórica" e espera que a medida "ajude a reparar parte da dor que foi causada ao longo dos anos pela política de discriminação contra a comunidade LGBT+".

"Demorou para chegarmos até aqui, e eu reconheço isso, mas hoje é um dia bom, muitas pessoas achavam que nunca chegaríamos até aqui. E dar aos indivíduos a chance de ter suas medalhas devolvidas é um passo realmente importante para eles", disse Mercer.

Ativistas dos direitos LGBT saudaram a medida como "o primeiro passo de uma jornada", mas enfatizaram que muito ainda precisa ser feito para compensar os danos causados pela expulsão desses soldados, como a perda dos direitos de aposentadoria militar, que sofre cortes com a retirada de medalhas e condecorações.

"A vida das pessoas foi destruída pela expulsão. Precisamos dar às pessoas suas comissões e garantias de volta, perdões reais de condenações, ajuda no reassentamento – e sim, há um caso enorme de compensação e restauração das pensões militares", disse Craig Jones, da organização Fighting with Pride, que apoia veteranos LGBTs, em entrevista à imprensa britânica.

Em comunicado, o Ministério da Defesa britânico afirmou que o governo está trabalhando "para examinar e entender o amplo impacto das práticas anteriores a 2000 nas Forças Armadas". Isso garantiria que, "além da devolução das medalhas, o impacto desse erro histórico seja reconhecido e devidamente abordado", acrescentou a pasta, sem dar mais detalhes.

ek/lf (ots)

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