O teste de sangue que pode detectar câncer precocemente
Wesley Dockery
13 de setembro de 2021
Teste determina se parte do DNA no sangue vem de células cancerosas. Capaz de detectar precocemente mais de 50 tipos de câncer, método promete aumento significativo das taxas de sobrevivência.
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O Serviço Nacional de Saúde (NHS), do Reino Unido, inicia nesta segunda-feira (13/09) testes com um exame de sangue que permite detectar mais de 50 tipos de câncer antes mesmo de os sintomas se manifestarem.
O que se sabe sobre o teste de Galleri
No teste de Galleri se examina o sangue para determinar se parte do DNA nele provém de células cancerosas. Os participantes do ensaio clínico terão suas amostras de sangue colhidas em clínicas ambulantes e outras instalações em todo o país. O NHS pretende incluir nos testes 140 mil voluntários de oito regiões da Inglaterra.
"Este exame de sangue rápido e simples pode marcar o início de uma revolução na detecção e tratamento do câncer aqui e em todo o mundo", anunciou a presidente-executiva do NHS, Amanda Pritchard, em comunicado.
O novo teste foi desenvolvido pela empresa de biotecnologia Grail Inc, que em novembro de 2020 firmou uma parceria com o NHS para o estudo. Com esse diagnóstico oncológico em estágio inicial, os pacientes podem se submeter a tratamento antes de a doença avançar.
De acordo com o NHS, um paciente cujo câncer é diagnosticado no estágio inicial normalmente tem entre cinco e dez vezes mais chance de sobreviver do que se a doença só é detectada no "estágio quatro", depois de ter se espalhado por outras partes do organismo.
"O diagnóstico precoce pode salvar vidas, e este novo teste revolucionário pode detectar câncer antes que os sintomas apareçam, fornecendo a melhor chance possível de vencer a doença", comentou o secretário de Saúde do Reino Unido, Sajid Javid.
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Teste de Galleri pode ser divisor de águas
Peter Sasieni, professor do King's College de Londres especializado em prevenção do câncer, e um dos principais pesquisadores do estudo, acredita que o teste de Galleri "pode ser um divisor de águas para a detecção precoce do câncer".
De acordo com a Cancer Research UK, com sede em Londres, mais de 166 mil indivíduos morrem de câncer no país, a cada ano. Os tumores malignos do pulmão, intestino, mama e próstata foram responsáveis, juntos, por quase a metade (45%) das mortes por câncer no Reino Unido em 2018.
Além dos exames de sangue, pesquisadores testam outras maneiras de detectar os estágios iniciais do câncer. Nos últimos anos, por exemplo, tem-se estudado as possibilidades de aplicação de um bafômetro. Os avanços na inteligência artificial também podem ajudar pesquisadores e profissionais de saúde a localizarem cânceres em pacientes com maior rapidez e precisão.
Evitando o câncer
Para pesquisadores, o câncer não precisa ser um destino incontornável. Eles sabem o que causa os tumores e dizem que cada um pode lutar para diminuir os maiores riscos da doença.
Foto: Getty Images
O destino nas próprias mãos
O diagnóstico de câncer sempre atinge o paciente de forma dura e inesperada. Porém, quase metade dos casos de câncer poderiam ser evitados. Cerca de um quinto dos tumores tem ligação com o fumo. A fumaça do tabaco pode gerar câncer de pulmão e muitos outros tipos de tumor. Fumar é a maior causa de câncer por responsabilidade própria, mas não é a única.
Foto: picture-alliance/dpa
Obesidade mortal
No segundo lugar da lista de maiores causadores do câncer está a obesidade por causa dos níveis altos de insulina no sangue. Eles aumentam o risco de quase todos os tipos de câncer, especialmente aqueles que atingem os rins, a vesícula e o esôfago. Mulheres obesas também produzem mais hormônios sexuais nos tecidos adiposos e podem ter maior predisposição para câncer de mama e no colo do útero.
Foto: picture-alliance/dpa
Largando o sofá
Pessoas que se movimentam pouco são mais suscetíveis a ter câncer. Estudos de longo prazo mostram que praticar esporte pode evitar o câncer. A atividade corporal diminui os níveis de insulina e impede a obesidade – e basta passear um pouco ou andar de bicicleta.
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Um brinde à saúde
O consumo de álcool pode causar câncer, suscitando tumores especialmente na região bucal, na faringe e no esôfago. A combinação de álcool e cigarro é mortal e pode multiplicar o risco de contrair câncer por cem. Por outro lado, tomar um copo de vinho por dia é considerado saudável, já que a medida estimula o sistema circulatório. Porém, é recomendado evitar ultrapassar essa quantidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Alimentos
Carne vermelha pode causar câncer no intestino. Ainda não se sabe o motivo exato, mas pesquisas mostram que existe uma relação clara entre a carne e a doença. A carne de vaca é especialmente perigosa, assim como a carne de porco – embora em menor medida. Consumindo carne vermelha, o risco aumenta 1,5 vez. A carne de peixe, por outro lado, pode prevenir o câncer.
Foto: Fotolia
Os perigos do churrasco
Ao grelhar a carne, podem surgir substâncias cancerígenas, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Em testes com animais, essas ligações químicas causam tumores. Estudos com seres humanos ainda não provaram o fenômeno de forma explícita. É possível que o problema esteja no consumo de carne em si e não na maneira de prepará-la.
Foto: picture alliance/ZB
Evitando o fast-food
Uma alimentação que contenha muitas frutas, legumes e fibras pode prevenir o câncer. Porém, estudos mostraram que uma alimentação saudável tem menos influência sobre o risco de contrair câncer que os especialistas suspeitavam. Ela diminui o risco apenas levemente, em cerca de 10%.
Foto: picture-alliance/dpa
Muito sol causa muitos danos
Os raios ultravioletas da luz do sol penetram no código genético e podem modificá-lo – o que pode causar alguns tipos de câncer de pele, como o carcinoma basocelular e melanomas. O protetor solar evita queimaduras, mas a pele bronzeada e mais escura já é um indício de que o corpo recebeu radiação demais.
Foto: dapd
Na medicina moderna
Os raios X prejudicam o patrimônio genético. Os danos de uma radiografia são mínimos, mas uma tomografia computadorizada deve ser realizada apenas quando há motivos importantes que a justifiquem. Já uma ressonância magnética é inofensiva. Também é preciso lembrar que o ser humano é alvo de radiações cancerígenas durante uma viagem de avião.
Foto: picture alliance/Klaus Rose
Infecções que causam câncer
O vírus do papiloma humano, conhecido como HPV ou VPH, pode desencadear câncer de colo de útero. Vírus de hepatite B e C chegam a gerar alterações nas células do fígado. A bactéria Helicobacter pylori (na foto) infecta a mucosa do estômago e pode causar câncer. Existe a possibilidade de vacinar-se contra muitas dessas infecções. A Helicobacter pylori pode ser combatida com antibióticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Melhores que a fama que têm
A pílula anticoncepcional pode aumentar levemente o risco de câncer de mama. Ao mesmo tempo, porém, ela diminui o risco de câncer nos ovários. Em suma, a pílula é mais benéfica do que danosa – ao menos no que diz respeito ao câncer.
Foto: Fotolia/Kristina Rütten
Sem garantias
Porém, mesmo tomando medidas para diminuir o risco de desenvolver câncer, não há garantia contra a doença. Metade dos casos de câncer no mundo têm origem genética ou são fruto da idade avançada. Especialmente os tumores no cérebro se desenvolvem sem influência externa.