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Reino Unido promete abrir portas para mais refugiados

4 de setembro de 2015

Pressão sobre autoridades europeias aumenta após divulgação das fotos do menino sírio encontrado morto numa praia turca. ONU pede que UE receba pelo menos 200 mil migrantes para minimizar crise.

Foto: Getty Images/AFP/A. Kisbenedek

A ampla repercussão das fotos do menino sírio Aylan Kurdi, encontrado morto em uma praia da Turquia, resultou num aumento da pressão sobre as autoridades europeias para que aceitem um número maior de refugiados.

O Reino Unido, cuja política de asilo vinha sendo amplamente criticada, se dispôs a receber "milhares de refugiados da Síria", como afirmou nesta sexta-feira (04/09) o primeiro-ministro David Cameron. O país já havia aceitado receber em torno de 5 mil sírios, dentro dos programas atuais de realocação, que continuam a acolher mais migrantes.

"Dada a proporção da crise e o sofrimento das pessoas, anuncio que faremos mais para fornecer abrigo a milhares de refugiados sírios", declarou o primeiro-ministro. "Continuaremos com a estratégia de recolhê-los diretamente dos campos de refugiados. Isso permite a eles uma rota mais direta e segura para o Reino Unido, evitando que se arrisquem nas perigosas viagens que já custaram tantas vidas."

Antes, o discurso do premiê era de que seu país já havia feito muito pelos refugiados. Entretanto, críticas às reações do governo em relação à crise, muitas delas de membros do Partido Conservador, de Cameron, exigiam que o Reino Unido se dispusesse a acolher um número maior de refugiados.

ONU pressiona Europa

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) instou nesta sexta-feira os países da União Europeia a aceitar 200 mil refugiados, como parte do programa de realocação válido para todos os países do bloco.

"As pessoas que estão em condições de condições válidas de receber proteção [...] devem se beneficiar do programa de realocação em massa, com participação obrigatória de todos os Estados-membros da UE", afirmou o comissário Antonio Guterres, em comunicado. "Uma estimativa bastante preliminar indicaria uma necessidade potencial de aumentar as oportunidades para mais de 200 mil pessoas."

O pedido de Guterres foi feito em antecipação à reunião dos ministros do Exterior da UE, marcada para esta sexta-feira em Luxemburgo, para discutir a crise migratória no continente.

Guterres comentou as fotos do menino sírio Aylan Kurdi, afirmando que as imagens "moveram os corações de pessoas em todo mundo". "A Europa não pode reagir a essa crise com uma abordagem fragmentada ou gradual", disse. "Nenhum país pode agir isoladamente, e nenhum país pode se recusar a fazer sua parte."

O apelo de Guterres ecoa os pedidos feitos por Alemanha e França pelo estabelecimento de cotas para dividir o fluxo de migrantes entre os países do bloco europeu.

"São tantos os refugiados que chegam a nossas fronteiras que não podemos deixar que a Itália ou a Grécia tenham de lidar sozinhas com essa tarefa", afirmou a chanceler federal Angela Merkel. "Também não é correto que apenas três países, como Alemanha, Suécia e Áustria, sejam deixados com a maior parte do trabalho."

RC/afp/rtr/ap

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