1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Reino Unido promete doar R$ 500 milhões ao Fundo Amazônia

5 de maio de 2023

Anúncio foi feito após encontro entre Lula e o premiê britânico, Rishi Sunak. Líder europeu disse que doação ao fundo de preservação é um "reconhecimento ao trabalho e liderança" de Lula no tema da preservação ambiental.

Luiz Inácio Lula da Silva e Rishi Sunak
Lula e Rishi Sunak durante encontro na véspera da coroação de Charles 3ºFoto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido nesta sexta-feira (05/05) em Londres pelo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que anunciou que o Reino Unido vai contribuir para o Fundo Amazônia. Segundo o governo brasileiro, o valor mencionado por Sunak deve envolver 80 milhões de libras (R$ 500 milhões).

"Temos muitos interesses em comum, seja reforçar a relação comercial e econômica, mas também combater as alterações climáticas", disse Sunak. Segundo o governo brasileiro, o premiê britânico afirmou ainda que a entrada do Reino Unido no Fundo Amazônia é um "reconhecimento ao trabalho e liderança" de Lula no tema da preservação ambiental.

No mês passado, o presidente dos EUA, Joe Biden, também anunciou que pretende enviar US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) ao Fundo Amazônia, um valor que ainda depende de aprovação do Congresso americano.

Criado em 2009, o Fundo Amazônia conta com valores originalmente enviados pela Alemanha e Noruega, que recentemente retomaram o programa de preservação após uma série de mudanças unilaterais promovidas de gestão durante o governo Bolsonaro terem causado a paralisação do fundo. Nos últimos 15 anos, os dois países europeus canalizaram mais de R$ 3 bilhões para o Fundo Amazônia.

Nesta sexta-feira, na troca inicial de palavras na chegada à residência oficial do primeiro-ministro britânico, o presidente brasileiro disse que, além de ter viajado para assistir à coroação do rei Charles 3º, também queria "restabelecer a normalidade nas relações entre o Brasil e o Reino Unido".

"Esse nosso encontro é a retomada da relação do Brasil com o mundo. O Brasil ficou isolado durante quase praticamente seis anos e nós queremos retomar uma discussão comercial porque acho que há uma possibilidade enorme de crescer", afirmou Lula.

O presidente brasileiro também reiterou o compromisso de acabar com o desmatamento na Amazônia até 2030, mas pediu o cumprimento dos acordos climáticos pela comunidade internacional. "Os países mais pobres precisam de ajuda para manter a floresta em pé", disse.

No sábado, Lula estará na Abadia de Westminster, em meio a 2.200 convidados que acompanharão a cerimônia de coroação do rei.

Este foi o primeiro encontro entre Sunak e Lula. Eles já haviam falado por telefone em dezembro, antes da posse do atual presidente brasileiro.

Guerra na Ucrânia

Após o encontro, o governo britânico afirmou que os dois líderes concordaram que a invasão russa da Ucrânia é "inaceitável, bem como a morte de civis inocentes". Segundo um porta-voz do governo do Reino Unido, a situação na Ucrânia foi discutida na visita do chefe de Lula à residência oficial de Sunak, em Downing Street, e que os dois concordaram e que "a paz é do interesse de todos".

Entretanto, segundo o porta-voz, o primeiro-ministro britânico "afirmou que, enquanto as forças russas permanecessem na Ucrânia, seria impossível que o país encontrasse a paz e reiterou a necessidade de a comunidade internacional continuar a pressionar o presidente Putin para retirar as suas tropas".

Ao contrário de vários países ocidentais, o Brasil não impôs sanções à Rússia e também não forneceu munições a Kiev, tentando se posicionar como um mediador.

Em abril, durante uma visita à China, Lula criticou a postura dos Estados Unidos da América e da União Europeia em relação à invasão russa da Ucrânia, considerando que estavam a fomentar a guerra. Dias depois, em Portugal, disse, que "não quer agradar a ninguém" sobre o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, mas sim encontrar "uma terceira via" para a paz.  "Estamos numa situação em que a guerra entre a Rússia e Ucrânia está afetando a humanidade (...) e é por isso que temos de encontrar um grupo de pessoas que esteja disposto a falar em paz e não em guerra", afirmou Lula.

Relações

O Brasil é um dos países identificados como prioritários para a política externa britânica. O Reino Unido apoia a candidatura do Brasil a um lugar permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, juntamente com a Índia, Japão e Alemanha. 

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, tem uma visita prevista ao Brasil em 23 e 24 de maio para a 6.ª edição do Diálogo Estratégico de Alto Nível, um mecanismo de consultas políticas entre os chefes de diplomacia dos dois países. Esta será a primeira visita de um chefe da diplomacia britânica ao Brasil desde William Hague em 2014. A edição anterior do Dialogo Estratégico ocorreu em 2017, quando o então chefe do Itamaraty Aloísio Nunes esteve em Londres.

Em 2022, as trocas comerciais entre os dois países chegaram aos 6,5 bilhões de dólares (5,9 mil milhões de euros), nível 15% maior do que em 2021, com um saldo positivo para o Brasil em cerca de 884 milhões de dólares.

jps (Lusa, ots)