Reino Unido se desculpa por lei que excluia pessoas LGBTQ
6 de julho de 2021
Até 1991, Ministério das Relações Exteriores proibia pessoas LGBTQ de trabalhar para o serviço diplomático. Chancelaria admite que regra equivocada acabou com carreiras e fez o país perder "talentos brilhantes".
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O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido divulgou nesta segunda-feira (05/07) um pedido de desculpas por causa de uma lei que esteve em vigor até 1991 e que proibia pessoas LGBTQ de trabalhar para o serviço diplomático.
Em uma mensagem dirigida aos funcionários da pasta, o subsecretário permanente de Assuntos Exteriores e chefe do serviço diplomático britânico, Philip Barton, explicou que a lei se baseava na crença equivocada da época de que as pessoas LGBTQ eram "mais suscetíveis" a chantagem, o que suporia "um risco para a segurança".
Barton reconheceu que carreiras de funcionários "acabaram, foram interrompidas ou encerradas antes mesmo que pudessem começar", o que fez com que o Reino Unido perdesse "alguns de seus talentos mais brilhantes".
"Quero me desculpar publicamente pela proibição e pelo impacto que houve em nossos funcionários LGBTQ e familiares, tanto aqui no Reino Unido, quanto no exterior", afirmou no comunicado.
Barton garantiu que o Ministério de Relações Exteriores fez um "grande progresso" nos últimos 30 anos, desde que derrubou a lei discriminatória, se convertendo em um empregador "orgulhoso e inclusivo" de pessoas LGBTQ.
O chefe da diplomacia do Reino Unido, Dominic Raab, disse estar "grato" aos diplomatas LGBTQ britânicos "que representam nosso país de maneira tão brilhante e promovem nossos valores em todo o mundo".
O pedido institucional de desculpas chega às vésperas de o Reino Unido ser anfitrião, junto com a Argentina, da cúpula da Coalizão pela Igualdade de Direitos.
A conferência, que acontecerá terça e quarta-feira, reunirá 42 países, com representantes de organizações internacionais, como Nações Unidas e Banco Mundial, para buscar uma estratégia de cooperação internacional em matéria de direitos da comunidade LGBTQ.
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Outros pedidos de desculpas
O pedido desta segunda-feira é mais um esforço do Reino Unido para corrigir injustiças cometidas contra pessoas LGBTQ. O chefe do serviço de inteligência estrangeira se desculpou em fevereiro por uma política histórica semelhante à do Ministério das Relações Exteriores, chamando-a de "errada, injusta e discriminatória".
Depois, o Ministério da Defesa anunciou que permitiria que ex-militares demitidos por causa de sua sexualidade recuperassem as medalhas perdidas.
Em março, o Banco da Inglaterra emitiu as primeiras notas de 50 libras com a estampa de Alan Turing, o matemático e cientista da computação conhecido por decifrar o código nazista Enigma, na Segunda Guerra Mundial. Em 1952, Turing foi condenado à castração química, depois de ter sido preso por indecência grave, ao manter relações sexuais com um homem – uma ofensa criminal na época. Turing morreu em 1954, embora não esteja claro se ele tirou a própria vida.
Em 2009, o então primeiro-ministro britânico Gordon Brown pediu desculpas postumamente a Turing em nome do governo. Em 2013, após pressão de ativistas em todo o Reino Unido, a rainha Elizabeth 2ª concedeu perdão real ao matemático.
No Reino Unido, a Lei Alan Turing, de 2017, perdoou todos os homens que haviam sido condenados por indecência grave. Os atos homossexuais entre homens foram descriminalizados na Inglaterra e no País de Gales em 1967.
le (efe, afp)
Dez espécies de animais que mostram como a homossexualidade é natural
Casais gays são frequentes no reino animal. Segundo estudos, ocorrem relações homossexuais entre indivíduos de cerca de 1.500 espécies – de girafas a cisnes e macacos.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Mestres do flerte
Entre as girafas, há mais relações entre o mesmo sexo do que entre sexos opostos. Estudos apontam que relações sexuais homoafetivas correspondem a mais de 90% de toda a atividade sexual da espécie. E as girafas não vão direto ao ponto. Machos da espécie sabem flertar, esfregando o pescoço no corpo do outro. Essas preliminares podem durar até uma hora.
Foto: imago/Nature Picture Library
Bissexualidade em baixo d'água
Fêmeas e machos da espécie golfinho-nariz-de-garrafa exibem comportamentos homossexuais, incluindo interações orais em que um golfinho estimula o outro com o nariz. Interações homossexuais entre os golfinhos da espécie ocorrem com mais ou menos a mesma frequência que as heterossexuais. Os machos são geralmente bissexuais, mas passam por períodos exclusivamente homossexuais.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Lealdade entre machos
A homossexualidade também é comum entre os leões. De dois a quatro machos costumam formar o que é conhecido como coalizão, trabalhando juntos para cortejar leoas. Para garantir lealdade, machos fortalecem seus laços fazendo sexo entre si. Muitos pesquisadores se referem a esse comportamento como um clássico "bromance".
Foto: ARTIS/R. van Weeren
Fêmeas difíceis
Entre bisões, interações homossexuais são mais comuns do que a copulação heterossexual. Isso ocorre, porque as fêmeas só acasalam com os machos uma vez por ano. Durante a temporada de acasalamento, os machos que sentem desejo interagem sexualmente com o mesmo sexo várias vezes ao dia. Mais da metade das relações sexuais entre bisões jovens acontece entre o mesmo sexo.
Foto: imago/Nature Picture Library
Só por uma noite
Entre macacos, tanto fêmeas quanto machos interagem sexualmente com o mesmo sexo. Enquanto machos costumam se envolver entre si só por uma noite, fêmeas estabelecem laços intensos entre si e geralmente são monogâmicas. Em algumas populações, o comportamento homossexual entre as fêmeas não é somente comum, mas é a regra. Quando não estão acasalando, elas ficam juntas para se defender de inimigos.
Foto: picture alliance/robertharding
Duas mães
O albatroz-de-laysan, comum no Havaí, é conhecido por seu grande número de parcerias homoafetivas. Cerca de 30% dos casais da espécie na ilha de Oahu são compostos por duas fêmeas. As aves são monogâmicas e geralmente ficam juntas por toda a vida, já que são necessários dois genitores para criar um filhote. Os filhotes normalmente são filhos de machos que já estão em outro relacionamento sério.
Foto: imago/Mint Images
Loucos por sexo
Também chamados de chimpanzés-pigmeus, os bonobos são considerados os parentes vivos mais próximos do homem e são conhecidos por buscar prazer sexual, inclusive com o mesmo sexo. Eles mantêm relações homossexuais por prazer ou para estabelecer laços afetivos e evitar conflitos. Cerca de dois terços dos relacionamentos homoafetivos ocorrem entre fêmeas, mas também são comuns entre machos.
Foto: picture-alliance/F. Lanting
Adoção por casais gays
Como muitos pássaros, cisnes também são monogâmicos e ficam somente com um parceiro por anos. Muitos escolhem parceiros do mesmo sexo. Cerca de 20% dos casais de cisnes são homossexuais e normalmente formam uma família juntos. Em alguns casos, eles adotam ovos abandonados. Em outros, um macho do casal gay acasala com uma fêmea e a repele após ela botar uma ninhada de ovos.
Morsas machos só atingem a maturidade sexual aos quatro anos de idade. Até lá, eles são quase exclusivamente homossexuais. Após atingir a maturidade, a maioria dos machos é bissexual e acasala com fêmeas apenas durante a temporada de reprodução. Mas não se trata apenas de prazer sexual entre os machos: eles também se abraçam e dormem juntinhos.
Foto: imago/Nature in Stock
Questão hormonal
Entre as ovelhas, estudos sugerem que até 8% dos machos preferem outros machos, mesmo quando fêmeas férteis estão por perto. No entanto, isso acontece apenas entre ovelhas domésticas. Foi descoberto nos estudos que as estruturas cerebrais das ovelhas homossexuais são diferentes daquelas das ovelhas heterossexuais e liberam menos hormônios sexuais.