1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Reino Unido se despede de vez da UE

1 de janeiro de 2021

Virada do ano marca desligamento britânico definitivo do bloco, mais de quatro anos depois de eleitores do país terem votado pelo Brexit.

"Big Ben", às 23h do dia 31 de dezembro, hora em que o Reino Unido oficialmente rompeu os laços com a UE
"Big Ben", às 23h do dia 31 de dezembro, hora em que o Reino Unido oficialmente rompeu os laços com a UE Foto: Toby Melville/REUTERS

O início de 2021 marca a ruptura definitiva do Reino Unido com a União Europeia (UE), mais de quatro anos depois de os britânicos terem votado, em 23 de junho de 2016, a favor do processo de desligamento do bloco, batizado de Brexit.

O Reino Unido já havia deixado o chamado "clube dos 27", em referência aos países-membros da União Europeia, em 31 de janeiro de 2020, mas foi beneficiando com um período transitório para amortecer o choque.

No último dia do ano vencia o prazo para a saída britânica do mercado comum e da união aduaneira, finalizando o processo de transição depois de meio século de integração europeia.

A partir de agora, o Reino Unido, como afirma o governo, se torna um país com controle das águas, que tem liberdade para negociar acordos comerciais com nações de fora do bloco, que está sujeito unicamente às próprias leis e sob jurisdição de seus tribunais.

"É um momento inacreditável. Temos a nossa liberdade nas nossas mãos e cabe a nós aproveitá-la ao máximo", declarou o premiê Boris Johnson, no seu discurso de Ano Novo.

No plebiscito de 2016, 51,9% dos eleitores votaram a favor do Brexit, e 48,1% contra. O pleito teve uma participação de 72,2% daqueles que estavam aptos, índice muito mais alto do que o registrado nas eleições gerais, por exemplo.

Integração turbulenta

Desde 23 de junho, Reino Unido e União Europeia iniciaram um "amargo e sinuoso caminho", como descreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, para estabelecer os termos da futura relação comercial e de cooperação entre as partes.

Essa rota foi concluída no último dia 24, com um amplo acordo de livre-comércio, que foi ratificado no Reino Unido.

O projeto de lei de emergência transpõe para a legislação britânica os compromissos assumidos com a UE sobre a relação entre as duas partes.

O acordo alcançado após nove meses de negociações garante que o Reino Unido pode comercializar e cooperar com os 27 países da UE, "nos mais próximos termos de amizade e boa vontade".

A virada do ano marcou uma ruptura sem precedentes no projeto europeu, iniciado após a Segunda Guerra Mundial. O Reino Unido deixou para trás, assim, uma relação ambivalente e conflituosa com a União Europeia.

O debate sobre as vantagens e desvantagens de estar na UE sempre esteve presente entre políticos britânicos de diferentes correntes, mas foi o Partido Conservador, de Boris Johnson, que teve mais problemas internos nas últimas décadas devido ao forte euroceticismo.

Paradoxalmente, foram os "tories" que incluíram o Reino Unido na então Comunidade Econômica Europeia (CEE), em 1973, durante o mandato do primeiro-ministro Edward Heath, que conseguiu a entrada no bloco após duas tentativas frustradas em 1963 e 1967, quando a França, do presidente Charles de Gaulle, apresentou veto.

A saída do bloco, no entanto, nunca foi tratada como surpresa, já que os britânicos sempre foram reticentes à uma maior integração europeia, sobretudo na política monetária. O país, por exemplo, conseguiu manter a libra esterlina, enquanto o restante da UE adotou o euro.

Para Boris Johnson, um dos líderes da campanha a favor do Brexit, no referendo de 2016, a saída do país da União Europeia não implica em um abandono total dos vínculos com o bloco continental.

"Culturalmente, emocionalmente, histórica, estratégica e geograficamente, este país permanecerá unido à Europa", disse o premiê, logo após a conclusão do acordo, no último dia 24.

rpr/efe/afp/ots

Pular a seção Mais sobre este assunto