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Reino Unido tem agora o Partido do Brexit

12 de abril de 2019

Em meio a impasse sobre saída da UE, líder eurocético anuncia a criação de nova legenda. Britânicos estão diante de situação embaraçosa de ter que votar em eleições de um bloco do qual não farão mais parte.

Nigel Farage, ex-líder do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip) e um dos líderes dos eurocéticos, durante coletiva de imprensa
Nigel Farage: "Podemos ganhar estas eleições europeias e começar a colocar o temor de Deus nos membros de Westminster"Foto: picture-alliance/Zumapress/R. Pinney

Nigel Farage, ex-líder do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip) e um dos líderes dos eurocéticos, lançou nesta sexta-feira (12/04) o novo Partido do Brexit. A promessa é de uma "revolução democrática" para abalar a política britânica, a começar pelas eleições ao Parlamento Europeu em maio.

Em princípio, se tivesse cumprido os prazos originais do Brexit, o Reino Unido nem deveria participar da eleição. Mas agora, com os atrasos do processo, o pleito virou uma espécie de termômetro sobre o real apoio dos britânicos à saída da União Europeia (UE).

"Somos uma grande nação e um grande povo, mas estamos sendo retidos pela fraca liderança em Westminster. Somos leões liderados por burros. A hora de mudar isso é agora", disse Farage, na cidade inglesa de Coventry. "Estou com raiva", continuou. "Agora, o que vou tentar alcançar é uma revolução democrática na política britânica."

Farage afirmou que os eleitores britânicos foram "traídos" pelo fracasso da premiê britânica, Theresa May, em retirar Londres da UE, quase três anos depois de uma pequena maioria apoiar o Brexit num referendo realizado em meados de 2016. Agora, o ex-líder do Ukip espera transformar o fracasso da primeira-ministra conservadora em grandes ganhos para os apoiadores do Brexit.

"Nós podemos ganhar estas eleições europeias e [...] começar a colocar o temor de Deus em nossos membros do Parlamento em Westminster. E eles não merecem nada menos que isso", afirmou Farage.

O eurocético disse que se recusou a "simplesmente desistir e permitir que uma classe política de carreira traísse o resultado do referendo". "Nosso sistema de dois partidos simplesmente não consegue lidar com o Brexit", afirmou, em alusão ao impasse entre conservadores e o oposicionista Partido Trabalhista.

O Reino Unido se encontra na situação embaraçosa de ter que se preparar para uma votação europeia três anos depois de decidir deixar o bloco comunitário. Com dificuldades em obter a aprovação de seus acordos de saída da UE no Parlamento britânico, May conseguiu em Bruxelas uma segunda postergação, que pode ir até 31 de outubro. Mas isso requer que o Reino Unido apresente candidatos para o Parlamento Europeu – a eleição está marcada para 23 de maio.

Farage comunicou que defenderá o Partido do Brexit caso ocorram de fato eleições britânicas para o Parlamento Europeu. O partido anunciou ter uma lista "impressionante" de 70 candidatos, incluindo Annunziata Rees-Mogg, irmã do líder parlamentar conservador Jacob Rees-Mogg.

Farage é também comentarista político e atual membro do Parlamento Europeu. Em dezembro, ele saiu de um "irreconhecível" partido Ukip e citou desconforto com a crescente abertura do partido eurocético para visões extremistas e racistas, particularmente a islamofobia.

PV/dpa/afp

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