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Alemanha-Israel

Nina Werkhäuser (br)8 de maio de 2008

Depois do Holocausto, uma relação normal entre a Alemanha e Israel é impensável. Com o decorrer dos anos, os dois países construíram um relacionamento amigável e solidário, mesmo que no início tenha sido difícil.

2005: presidente Horst Köhler no memorial de Yad VashemFoto: dpa

O presidente alemão Horst Köhler disse num pronunciamento diante do Knesset, o Parlamento israelense, que nas relações entre Alemanha e Israel não poderia haver normalidade. Isso foi em 2005, quando ambos os países já mantinham relações diplomáticas há 40 anos. Esse sentimento de não-normalidade foi ainda mais forte na primeira década depois do Holocausto. A jovem democracia alemã recebera no berço a responsabilidade moral pela morte de milhões de judeus.

A monstruosa dimensão do Holocausto fez com que a idéia de reconciliação parecesse inicialmente um escárnio. Para o então chanceler federal alemão Konrad Adenauer, a primeira opção para se reconciliar com Israel foi o apoio financeiro – a indenização. O governo alemão transferiu a partir de 1952 a quantia de 3,42 bilhões de marcos para Israel, "para facilitar a purgação espiritual de um sofrimento infindável", segundo formulou Adenauer.

Podemos estender as mãos?

1960: Ben-Gurion e Adenauer em Nova YorkFoto: dpa

Em Israel, as indenizações geraram polêmica, pois dinheiro não serviria para reconciliar. Dar a mão a um alemão era totalmente inconcebível para muitos israelenses. Mas não foi assim com o primeiro-ministro David Ben-Gurion, que em 1960 se encontrou com Adenauer, em Nova York, e o recebeu muito bem. Sua convicção: a Alemanha mudou e não era mais a Alemanha nazista.

"Claro que nós não podemos nos esquecer do que aconteceu, mas também não podemos basear as nossas ações no passado", dizia Ben-Gurion. Em razão de sua atitude reconciliadora perante a Alemanha, Ben-Gurion colheu fortes críticas nos meios políticos de seu país, enquanto Adenauer, por tentar a aproximação com Israel, foi pressionado pelos Estados árabes.

"Um pouco cedo"

1965: Rolf Pauls (e) entrega ao presidente israelense Zalman Shasar suas credenciais na condição de primeiro embaixador da Alemanha em IsraelFoto: dpa

Em 1965 – 20 anos depois do final da guerra – a República Federal da Alemanha e Israel estabeleceram relações diplomáticas. "Um pouco cedo", achava o primeiro embaixador alemão, Rolf Pauls, que foi recebido com protestos em Israel.

Os dois países se aproximaram cuidadosamente. Entre a duas sociedades, acabou por se criar uma rede de contatos, que serviu de suporte ao relacionamento também durante eventuais crises. Para Israel, é importante que a Alemanha se mostre solidária em momentos difíceis, por exemplo, nas guerras com os vizinhos países árabes.

Mesmo passados 60 anos da criação do Estado de Israel, a Alemanha continua solidária ao país. "A Alemanha tem uma responsabilidade especial em relação ao Estado de Israel, de defender sua existência e o seu direito de existir." É dessa maneira que o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, descreve um dos pilares da política exterior alemã.

Ficar calado faz parte

2008: Shimon Peres cumprimenta a chanceler federal alemã Angela MerkelFoto: AP

Mas este posicionamento também leva a um retraimento do governo alemão no julgamento do conflito entre Israel e os palestinos. Diante da rotina que, neste entremeio, se estabeleceu na relação entre os dois países, há ainda um certo mutismo da Alemanha. Também esta mensagem está implícita na frase sobre a normalidade que não poderia existir entre a Alemanha e Israel, dita pelo presidente Horst Köhler.

Mesmo em 2008, nem todos os parlamentares israelenses estiveram abertos a um pronunciamento da chanceler federal Angela Merkel em idioma alemão no Knesset. Mas a maioria dos deputados reagiu com uma calorosa salva de palmas quando a chefe de governo alemã congratulou Israel pelo 60º aniversário e assegurou que a Alemanha jamais abandonará os israelenses.

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