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Falhas em quase todas as usinas nucleares europeias

2 de outubro de 2012

Testes elaborados pela União Europeia em 145 reatores revelaram que todas as instalações nucleares do continente precisam se submeter a melhorias. Custo pode chegar a 25 bilhões de euros.

Foto: AP

Após o acidente nuclear em Fukushima, a Comissão Europeia encomendou um estudo para saber se o mesmo poderia acontecer nos 145 reatores nucleares, desativados ou em operação, do continente europeu e o que poderia ser feito contra essa ameaça. Nesta segunda-feira (1°/10), parte do relatório foi divulgada pela imprensa.

A porta-voz do comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, declarou nesta segunda-feira em Bruxelas que a versão final do relatório não deverá ser divulgada antes de 18/10, mas segundo o jornal alemão Die Welt e agências de notícias que tiveram acesso a uma primeira versão do documento, o estudo critica duramente os padrões de segurança das instalações nucleares no bloco europeu.

"Com base nos resultados do teste de resistência, praticamente todas as instalações nucleares precisam se submeter a melhorias", assinalou o estudo elaborado pela Comissão Europeia, acrescendo que "na sequência dos acidentes em Three Mile Island e Chernobyl, foram acordadas medidas urgentes para proteger as instalações nucleares. Os testes demonstraram que ainda hoje, décadas mais tarde, sua implantação continua pendente em alguns países-membros".

Reatores afetados

Ao mesmo tempo, o estudo assinalou que "todos os Estados participantes começaram a tomar providências para melhorar a segurança de suas instalações". O relatório estimou que, se aplicadas em toda a União Europeia (UE), o custo de tais medidas poderá chegar a até 25 bilhões de euros.

Günther Oettinger: 'testes árduos, sérios e transparentes'Foto: picture-alliance/dpa

As recomendações vão desde a instalação de instrumentação sísmica até a capacidade de restaurar as funções de segurança em menos de uma hora em caso de perda de energia. Somente os reatores de Olkiluoto, na Finlândia, e de Forsmatk, na Suécia, não conseguiram preencher o último requisito.

Os piores resultados foram verificados nos reatores franceses. Os pontos críticos foram, principalmente, a falta ou a pouca quantidade de instrumentos de medição de terremotos, o armazenamento seguro de equipamento de combate a acidentes e falhas na avaliação de ameaças de terremotos e enchentes

Também as nove usinas nucleares alemãs apresentaram lacunas de segurança, principalmente no sistema de prevenção de terremotos. Dos 27 países-membros da União Europeia, 14 mantêm usinas nucleares. No total, 134 reatores nucleares ainda estão operantes na UE.

Comissão Europeia

A Comissão Europeia não quis comentar os resultados dos testes de resistência. O estudo ainda não está finalizado e será apresentado somente na próxima semana, durante a cúpula da UE, nos dias 18 e 19/10, disse a porta-voz do comissário Günther Oettinger. O relatório fará sugestões aos países-membros para melhorar a segurança de suas usinas nucleares, acresceu a porta-voz.

O comissário europeu de Energia declarou, por sua vez, que "nosso teste foi árduo, sério e transparente: ele apontou de forma direta e objetiva os pontos em que estamos bem e em que ainda é há necessidade de melhorias". Os testes avaliaram "a segurança e a robustez" das usinas nucleares, disse o ministro.

Usina nuclear francesa de Fessenheim deverá ser desligada em 2016Foto: picture-alliance/dpa

Lacunas no relatório

Por outro lado, o porta-voz da organização antinuclear alemã Ausgestrahlt ("irradiado", em tradução livre do alemão), Jochen Stay, criticou que a base dos dados da pesquisa provieram das próprias operadoras das centrais nucleares e que "somente um terço das instalações foi, de fato, avaliado por especialistas externos".

Outra falha constatada por ele foi que os efeitos de uma catástrofe provocada por um acidente aéreo sobre uma usina nuclear não foram objeto da avaliação. "Isso foi deixado fora", disse o porta-voz, explicando que, na Alemanha, a comissão de segurança de reatores já constatou que nenhuma das usinas nucleares do país está protegida contra tal acidente.

Para o presidente da Liga do Meio Ambiente e Proteção à Natureza na Alemanha (Bund), Hubert Weiger, "já após uma análise superficial e pouco crítica, o teste de resistência tornou claramente visíveis as lacunas de segurança nas usinas nucleares da Europa". Weiger disse ainda que a soma de 25 bilhões de euros, necessária para o reequipamento das usinas, mostra que também é economicamente insensato deixar que elas continuem ligadas à rede de energia.

O ministro alemão do Meio Ambiente, Peter Altmaier, declarou que irá reagir gradualmente ao teste de resistência para usinas nucleares da União Europeia. "Devemos esperar pelo relatório", afirmou Altmaier nesta terça-feira em entrevista à emissora Deutschlandfunk. O volume do reequipamento irá depender do tempo de atividade dos reatores, informou o ministro.

CA/dpa/dapd/dw
Revisão: Francis França

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