Perspectivas pessimistas para carros elétricos na Alemanha
21 de junho de 2012O governo da Alemanha tem um plano ambicioso em vista: até 2020, ter licenciado 1 milhão de veículos elétricos. Atualmente, em meio aos 42 milhões de carros de passeio que circulam pelas ruas alemãs, apenas 5 mil são movidos a eletricidade.
Berlim fixou essa meta em 2009, no Programa Governamental Mobilidade Elétrica, com o intuito de fazer da Alemanha "líder de mercado e de fornecimento" desse tipo de veículo.
A fim de coordenar os trabalhos em direção a essa meta, manter os avanços e pôr em prática propostas de melhoria, o governo criou a Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (NPE, sigla em alemão). O conselho é composto por representantes da indústria, da ciência, da política e da sociedade.
Nesta quarta-feira (20/06), o grupo apresentou em Berlim seu terceiro relatório, no qual classificou como ilusória a meta desenhada há três anos. Segundo avaliou o presidente da NPE, Henning Kagermann, mantidas as condições atuais, a Alemanha só vai conseguir chegar a 600 mil carros elétricos em 2020, falhando claramente em alcançar a meta do governo.
Há um mês, o conselho havia publicado um relatório sobre a atuação dos setores político e econômico no tocante ao tema. O levantamento mostrou que a Alemanha se mantém caminho certo. No entanto, no novo estudo a comissão acrescenta números específicos, e conclui: o curso está correto, mas não levará ao objetivo.
De líder a país em desenvolvimento
Alguns especialistas consideram exagerada até mesmo a estimativa da NPE de 600 mil carros elétricos nos próximos oito anos. O diretor do Center Automotive Research da Universidade de Essen-Duisburg, Ferdinand Dudenhöffer, considera o número inatingível neste prazo.
"Da maneira como as coisas estão hoje, pode-se ficar contente de chegar a 10% dessa meta." Ele prevê um máximo de 100 mil carros elétricos na Alemanha até 2020. "A mobilidade elétrica na Alemanha está à morte", declarou Dudenhöffer à agência de notícias DPA. E completou: em vez de líder de mercado da nova tecnologia, a Alemanha será um país em desenvolvimento no setor.
Já o presidente da Associação da Indústria Automobilística, Matthias Wissmann, ex-ministro alemão dos Transportes, confia na lei de mercado na implementação do Programa Governamental Mobilidade Elétrica. Para ele, o usuário é quem vai decidir se os carros elétricos conseguirão se impor. Atualmente, eles ainda são bem mais caros do que os movidos a motor de combustão.
Por outro lado, a NPE quer que as autoridades tomem mais medidas de apoio, referindo-se a exemplos nos Estados Unidos e no Japão. Segundo a plataforma, estes países agradecem sua liderança de mercado aos subsídios concedidos pelos governos, de 5 mil a 9,5 mil euros por carro.
Alívio fiscal em vez de subsídio
Por enquanto, o governo alemão vem rejeitando os pedidos para, a exemplo dos norte-americanos e japoneses, distribuir subsídios a fim de incentivar a compra. Berlim pretende estimular as vendas de carros elétricos por meio de incentivos fiscais. Assim, o comprador ficaria isento de pagar impostos automotivos durante dez anos.
O governo analisa outras medidas, mas não pode simplesmente decretá-las, necessitando do apoio e cooperação de estados e municípios. Entre elas está a construção, nas grandes cidades, de faixas de rolamento especiais e estacionamentos reservados a carros elétricos.
O relatório da NPE foi entregue aos ministros alemães do Transporte, Peter Ramsauer, e da Economia, Philipp Rösler, responsáveis pelo Programa Governamental Mobilidade Elétrica. O próximo levantamento deve ser apresentado dentro de dois anos. Está marcada para 2013, em Berlim, uma conferência internacional sobre mobilidade elétrica, organizada pelo governo alemão e a NPE.
Autor: Dirk Kaufmann (msb)
Revisão: Augusto Valente