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Remoção violenta de acampamentos pró-Morsi deixa mortos no Egito

14 de agosto de 2013

Número ainda desconhecido de pessoas morre durante a desocupação de dois acampamentos de apoiadores do presidente deposto Morsi no Cairo. Forças de segurança usam tanques e gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images

Forças de segurança egípcias começaram, na manhã desta quarta-feira (14/08), a remover dois acampamentos de apoiadores do presidente deposto Mohammed Morsi, localizados nas praças Rabaa al-Adawiya (leste) e Al Nahda (centro).

As operações deixaram um número ainda não confirmado de mortos e feridos. Segundo o Ministério da Saúde, nove manifestantes morreram e 80 ficaram feridos. Um correspondente da agência de notícias AFP relatou ter contado 17 corpos numa tenda na praça Rabaa al-Adawiya. Entre os mortos do confronto estão ao menos dois policiais, divulgou o Ministério do Interior.

Para a Irmandade Muçulmana, o grupo do qual Morsi é oriundo e que forma a grande maioria de seus apoiadores, ao menos 250 pessoas morreram e 5.000 ficaram feridas durante as ações de remoção, segundo relato de um porta-voz pelo serviço de microblog Twitter.

Tanques egípcios bloqueiam via que leva à praça Rabaa al-AdawiyaFoto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images

Muçulmanos falam em massacre

A intervenção começou por volta das 7h desta quarta-feira em acampamentos de manifestantes pró-Morsi instalados nas praças al-Nahda e Rabaa al-Adawiya. As forças de segurança usaram tanques militares para remover os acampamentos.

Segundo testemunhas, a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes, que jogaram pedras e garrafas em direção aos policiais. Testemunhas disseram que a polícia jogou gás lacrimogêneo dentro das barracas dos manifestantes acampados.

Um repórter da agência de notícias DPA disse ter visto manifestantes atirarem contra as forças de segurança no bairro de Nasr City.

Três horas após o início da operação, o Ministério do Interior afirmou que a polícia teria assumido o controle da praça Al Nahda, localizada no bairro de Giza, e onde estava o menor dos dois acampamentos.

Na manhã desta quarta-feira, diversos manifestantes ainda se encontravam nos arredores da mesquita Rabaa al-Adawiya, em Nasr City. O Ministério do Interior ordenou a paralisação do transporte ferroviário em todo o Egito.

A Irmandade Muçulmana, que apoia Morsi, falou em massacre. As informações da Irmandade não puderam ser confirmadas por observadores independentes.

Na semana passada, o governo interino egípcio deu luz verde para a desocupação dos acampamentos pelas forças de segurança. Os manifestantes haviam levantado os acampamentos para forçar a volta do presidente, deposto pelos militares em 3 de julho último.

Apoiadores de Morsi e membros da Irmandade Muçulmana vítimas da violência policialFoto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images

Turbulência política e econômica

Desde os levantes da Primavera Árabe, em 2011, que deram fim a três décadas de regime autocrático liderado por Hosni Mubarak, com apoio ocidental, o Egito vem sendo convulsionado pela turbulência política e econômica. E a mais populosa nação muçulmana está agora mais polarizada do que nunca.

O Ocidente está preocupado com o rumo seguido pelo Egito, que tem o domínio do Canal de Suez e recebe 1,5 bilhão de dólares por ano em ajuda militar dos Estados Unidos.

Mais de 300 pessoas já morreram vítimas da violência política desde o afastamento de Morsi pelos militares no início de julho.

Morsi tornou-se, em junho do ano passado, o primeiro presidente eleito livremente no Egito, mas falhou em resolver os graves problemas econômicos que afetam o país e causou preocupações em muitos egípcios por seus aparentes esforços de instalar um regime islâmico no Egito.

CA/dpa/rtr/afp

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