Sue tinha 17 anos quando fez a primeira tatuagem. Precisou do consentimento dos pais para tatuar um dragão no braço. Hoje, com 29 anos, quer se livrar definitivamente da figura de aproximadamente dez centímetros: "Eu diria que a tatuagem não combina mais comigo. Não me arrependo de tê-la feito, mas também não me arrependo de removê-la."

Só na Alemanha, por exemplo, estima-se que cerca de 12 milhões de pessoas tenham pelo menos uma tatuagem no corpo. Uma boa tatuagem precisa não só de um bom tatuador – uma tinta de boa qualidade também é fundamental. Até 2009, todos os tipos de tinta eram permitidos, inclusive substâncias altamente tóxicas, como as usadas no revestimento de carros. Agora só as consideradas seguras podem ser usadas – embora ainda haja dúvidas sobre seu real grau de nocividade.

Mas, mesmo com todos os cuidados e usando os serviços de tatuadores profissionais, sempre há riscos. "No fim das contas, colorir a pele pode ser considerado uma lesão. Os ferimentos com a agulha podem deixar cicatrizes", explica a dermatologista Marina Scheler.     

Grande arrependimento

A maioria das pessoas que não se sentem mais confortáveis com as tatuagens são mulheres entre os 25 e os 50 anos. Uma das razões mais citadas é que sua personalidade mudou e não combina mais com a tatuagem. "Acima de tudo, há muitos pacientes com tatuagens mal feitas. Em princípio, eles gostam de tatuagens, mas as suas perderam a cor ou foram mal traçadas", disse Scheler.

Segundo a médica, muitas pessoas têm a ideia equivocada de que em apenas "cinco consultas a tatuagem desaparece". Mas, na verdade, o tratamento pode ser uma missão cansativa.

"Em tatuagens profissionais são necessárias pelo menos de cinco a sete sessões", afirma Scheler. As sessões de laser têm que ter um intervalo de aproximadamente quatro semanas, então o processo de remoção pode levar alguns meses. O preço também é um problema, já que cada sessão custa, em média, 200 euros. Retirar uma tatuagem custa muito mais do que fazê-la. 

Tratamento doloroso

O tratamento a laser para a remoção de tatuagens é extremamente doloroso, o que leva diversos paciente a desistirem prematuramente. Muitos dizem que a remoção é mais dolorosa do que fazer a própria tatuagem e necessitam de analgésicos ou um anestésico local. A remoção também pode causar eczemas e deixar a área tratada sensível por meses.

Em uma tatuagem bem feita, os pigmentos de tinta ficam na camada média da pele, assim o desenho pode ser tanto mantido como também removido. Durante o processo de remoção, a tinta depositada e fixada na pele é liberada pelo laser. A tinta absorve a energia do laser, explodindo os pigmentos em pequenas partículas que são, depois, expelidas pelo sistema linfático. Ainda não está claro, no entanto, se nesse processo surgem resíduos cancerígenos.

Cores difíceis

Mas nem toda tatuagem pode ser removida facilmente com laser. O sucesso do processo depende da cor usada. "Precisamos de um comprimento de onda que possa ser absorvida pela cor. O laser não funciona com o amarelo. Geralmente os tons mais claros de azul e verde são muito difíceis", explica Scheler, que diz que o preto é geralmente removido com facilidade.

Todas as tatuagens ultravioletas são problemáticas. Na luz do dia, são praticamente invisíveis, mas durante a noite, sob a luz negra, brilham intensamente. Para esse tipo de tatuagem, cores especiais são usadas, e aí que está o problema. Nos piores casos, um transplante de pele chega a ser necessário. "Não há lasers que destruam essas cores," disse Scheler. "Essas tatuagens só podem ser removidas cirurgicamente."

Desenhos contam histórias

Sue conta que, muitas vezes, há histórias por trás das tatuagens, como no caso do seu namorado. Ele fez uma no tornozelo, que parece um arame farpado.

"Ele sofreu um grave acidente e ficou em coma. O arame farpado simboliza que a vida o manteve aqui", explica Sue.

A jovem pensa em fazer outra tatuagem, talvez uma cobra nas costas. "Pensei em um sol, onde os raios são substituídos por cobras", diz. Antes disso, porém, ela precisa se livrar do dragão.

Autora: Gudrun Heise (mas)
Revisão: Rafael Plaisant Roldão