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Oposição pressiona

28 de novembro de 2009

Oposição continua exigindo que o governo alemão se posicione sobre sua política de informação após o controverso bombardeio em Kunduz, em setembro passado. Renúncia do ex-ministro da Defesa não põe fim à discussão.

Participação militar da Bundeswehr no Afeganistão é controversa entre os alemãesFoto: AP

A renúncia do ex-ministro Franz-Josef Jung não foi suficiente para apaziguar a oposição alemã. Políticos verdes exigem que se forme uma comissão de inquérito para investigar o ataque aéreo ocorrido em Kunduz sob responsabilidade militar alemã em setembro passado.

"Temos que descobrir onde residem os erros estruturais", declarou o líder da bancada verde no Parlamento, Jürgen Trittin, remetendo-se à política de informação do governo alemão após a ação militar que causou 142 mortes, muitas das quais entre a população civil.

"A manobra política que ocorreu em Berlim após o bombardeio é evidente; em vista das eleições parlamentares, tentaram negar a realidade", acrescentou Trittin, exigindo que se esclareça se a Chancelaria Federal deu instruções políticas para abafar a história ou não.

Na opinião do político verde, a suposta política de escamoteamento adotada após o bombardeio revela que o próprio governo alemão se envergonha de sua partipação na missão militar internacional no Afeganistão. "Isso descredita o trabalho dos auxiliares de ajuda ao desenvolvimento e dos soldados, reduzindo dentro da Alemanha a aceitação dessa operação", declarou ele, em entrevista ao diário Berliner Zeitung.

Bombadeio "inevitável"?

Jürgen TrittinFoto: AP

Trittin também exigiu que a premiê Angela Merkel e o novo ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, reavaliem o ataque a bomba contra dois caminhões-tanque ordenado por um alto oficial do Exército alemão. "Somente nessa base se pode desenvolver uma nova estratégia para o Afeganistão que resguarde a população civil", declarou o ex-ministro verde do Meio Ambiente.

A mera justificativa de que o bombardeio tenha sido "inevitável" não convence a oposição. "Pelo meu conhecimento dos fatos, não posso assinar embaixo desse 'inevitável'", assinalou Trittin em declaração à emissora alemã ARD.

Especialistas de defesa do Partido Social Democrata (SPD) também exigem que o ministro Guttenberg preste contas sobre o ocorrido e justifique por que qualificou a operação de "militarmente adequada".

"Incitação ao terrorismo"

Hans-Christian StröbeleFoto: Real Fiction Filmverleih

Para o político verde Hans-Christian Ströbele, os acontecimentos de setembro em Kunduz são mais um motivo para encerrar a participação alemã na missão da Otan no Afeganistão. "Simplesmente não é verdade que se abandonou a estratégia ofensiva, algo que sempre causa mortes entre a população civil", questionou Ströbele em declaração à emissora de rádio Deutschlandfunk, alertando que isso não combate, mas sim incita ao terrorismo.

O ministro Jung, que detinha a pasta da Defesa até as recentes eleições parlamentares e assumira o Ministério do Trabalho no novo governo, renunciou ao cargo na sexta-feira (27/11).

Assim, ele assumiu a responsabilidade política pela falha interna de informação no Ministério da Defesa durante seu mandato. Jung alegou não ter nenhum motivo para se autocensurar, considerando-se somente uma vítima da política interna de informação ministerial. O político democrata-cristão reiterou que informou corretamente a opinião pública e o Parlamento.

Na sexta-feira, a premiê Merkel transferiu o Ministério do Trabalho para a democrata-cristã Ursula von der Leyen, até então ministra da Família. Esta pasta, por sua vez, foi atribuída à jovem política democrata-cristã Kristina Köhler, de 32 anos.

SL/dpa/ap
Revisão: Alexandre Schossler

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