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Renúncia do Papa é recebida com compreensão e respeito na Alemanha

11 de fevereiro de 2013

De líderes políticos a personalidades religiosas, louvores são unânimes. Brilho de Ratzinger como teólogo e intelectual é colocado em primeiro plano. Mas também há críticas isoladas a seu conservadorismo ferrenho.

Foto: Getty Images

A notícia da renúncia do papa Bento 16, nesta segunda-feira (11/02), foi recebida em seu país natal com consternação, compreensão, mas também com críticas isoladas. Políticos e prelados da Alemanha louvaram o atual líder da Igreja Católica como importante teólogo, que demonstra coragem e soberania de espírito resignando ao posto.

O presidente Joachim Gauck lembrou que "um alemão assumir a sucessão de João Paulo 2º foi de significado histórico para o nosso país". Em Joseph Ratzinger unem-se "alta formação teológica e filosófica com linguagem simples e afabilidade", apontou o chefe de Estado.

A chefe de governo Angela Merkel manifestou "o mais profundo respeito" pelo Sumo Pontífice, elogiando seu diálogo, tanto com as demais Igrejas cristãs, quanto com judeus e muçulmanos. Bento 16 "é e permanecerá um dos mais importantes pensadores religiosos de nosso tempo", comentou a premiê democrata-cristã.

O presidente da Conferência dos Bispos Alemães, Robert Zollitsch, mencionou seus "grandes gestos humanos e religiosos". O papa estaria dando "um luminoso exemplo de verdadeira consciência de responsabilidade". Seu desejo de conciliar fé e razão atravessaria toda sua atuação "como um fio de Ariadne", declarou o arcebispo.

Para Nikolaus Schneider, presidente do conselho da Igreja Luterana da Alemanha (EKD), a renúncia é "comovente". Faz parte "da medida do humano" que cargos só sejam exercidos por prazo limitado, e é um bom sinal Bento 16 estar expressando esse fato, através de sua resignação.

Bento 16 em Aparecida, Brasil, 2007Foto: Getty Images

Crítica ao conservadorismo

Joseph Ratzinger, nascido na Baviera em 1927, é o principal representante do 1 bilhão de católicos de todo o mundo desde 2005. Consta que ele passará seus anos de descanso em Roma. Segundo suas próprias palavras, ele abandona o pontificado em 28 de fevereiro próximo "para exercer o serviço de Pedro de forma adequada", já que, devido à idade, suas forças não mais lhe permitem permanecer no cargo. No entanto, segundo seu irmão, o padre e músico Georg Ratzinger, trata-se fundamentalmente de uma decisão de consciência, reforçada pelas considerações de saúde.

Após a divulgação da decisão do Papa, ele também recebeu louvores e reconhecimento por parte de entidades judaicas e islâmicas da Alemanha. Segundo o Conselho Central dos Judeus, seguindo os passos de seu antecessor, João Paulo 2º, Bento 16 deu "novos impulsos" à relação judaico-cristã e "a preencheu de cordialidade". Para a associação islâmica DITIB, ele deixou claro que os muçulmanos são uma parte inalienável da Alemanha.

Já o teólogo católico suíço Hans Küng, de 84 anos, manifestou respeito, mas também a esperança de que Ratzinger não tenha qualquer influência sobre a escolha do futuro pontífice, que terá como missão tirar a Igreja "de sua múltipla crise". No entanto, "será difícil encontrar uma pessoa no Conselho de Cardeais, que é altamente conservador devido à fatal política de pessoal dos últimos dois papas". Radicado em Tübingen, Alemanha, Küng foi punido em 1979 pelo Vaticano por questionar a infalibilidade do Papa.

O diretor do Instituto de Pesquisa Ecumênica de Estrasburgo, Theodor Dieter, observou: "Apesar de todas as críticas, nenhum papa conhecia a teologia e religião luterana tão bem quanto Bento 16, e ele sempre foi um bom interlocutor em questões ecumênicas". Assim, sua renúncia poderá vir a ter consequências negativas para o relacionamento entre as igrejas católica e luterana.

AV/kna/epd/afp
Revisão: Francis França

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