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República Tcheca: Consciência aguda dos valores básicos

Vladimir Müller /am8 de dezembro de 2002

A República Tcheca é um dos dez países que serão admitidos oficialmente na União Européia durante a conferência de cúpula de Copenhague.

O histórico castelo Hradschin é o símbolo de PragaFoto: transit

Os tchecos já têm a experiência de ingresso num outro clube exclusivo de prestígio: juntamente com a Polônia e a Hungria, a República Tcheca foi admitida na OTAN em março de 1999. Foi a primeira ampliação da Aliança Atlântica, após o desmantelamento do bloco comunista na Europa oriental.

Desde então, aumentou sensivelmente o apoio da população à OTAN: antes do ingresso, menos da metade dos tchecos era favorável ao passo dado pelo governo de Praga. Hoje, mais de 70% da população considera acertada a decisão tomada na época.

O governo tcheco tem esperança de uma evolução semelhante, também no que toca à União Européia. Pois, no momento, apenas 45% dos tchecos são favoráveis ao ingresso na UE. Os indecisos perfazem 35% e os 20% restantes são terminantemente contrários à integração com a Europa ocidental.

Restrições

Por que os tchecos se mostram tão avessos à integração? Na opinião do sociólogo Jiri Pehe, o motivo determinante não é o prazo de carência de sete anos, durante os quais os cidadãos da República Tcheca não poderão ainda buscar emprego em alguns países da Europa ocidental.

Pehe: "No que se refere à liberdade de migração da força de trabalho, a maioria dos tchecos sabe que estas restrições estão relacionadas exclusivamente com a Alemanha e a Áustria. Mas a União Européia é muito maior que isto. E as restrições não os impedirão de trabalhar em outros países da UE."

Diferentemente do caso da Polônia, na República Tcheca não se espera tampouco uma grande resistência dos agricultores contra as restrições iniciais no pagamento de subvenções diretas da UE. Para os novos países membros, serão pagos inicialmente apenas 25% das subvenções agrárias. Mas o lobby da agricultura é fraco na República Tcheca: apenas 4% da população trabalha na agropecuária. Jiri Pehe: "Esta questão não gerará nenhum problema político."

Perda de identidade

O que torna os tchecos inseguros na sua integração à Europa ocidental é, na verdade, apenas um temor difuso de perda da própria identidade. Tornou-se proverbial a frase pronunciada certa vez pelo então primeiro-ministro tcheco Václav Klaus: "Vamos nos dissolver na União Européia, como açúcar no café."

Mas já as eleições parlamentares de junho deste ano demonstraram que tais opiniões radicais não encontram o apoio da maioria dos eleitores tchecos. Os políticos contrários a uma integração na União Européia acabaram relegados ao papel de oposicionistas.

Campanha publicitária

O governo de centro-esquerda do social-democrata Vladimir Spidla faz tudo o que pode para aumentar ainda mais o apoio da população à filiação na UE. No início do segundo trimestre do ano que vem, o governo de Praga dará início a uma enorme campanha publicitária, a fim de convencer os indecisos sobre as vantagens da integração.

Uma campanha indispensável, pois em junho de 2003 a população da República Tcheca dará a sua palavra final sobre o ingresso na União Européia, através de um plebiscito. E Vladimir Spidla tem como meta a aprovação pela maioria absoluta dos eleitores tchecos.

Contribuição à UE

Com 10,3 milhões de habitantes e um crescimento de 3,6% em 2001, a República Tcheca poderá dar uma contribuição importante para alavancar a economia européia ocidental, com a sua tendência de estagnação e até mesmo de recessão nos últimos anos.

Mas também em outro setor, a República Tcheca poderá contribuir para a evolução da UE, acredita Jiri Pehe: "Como em todas as antigas sociedades comunistas, adquirimos uma consciência aguda dos valores básicos, através da experiência de luta contra o totalitarismo. Nela estão apoiados a democracia e os direitos humanos. Não existe aqui a visão relativista, que predomina em alguns países ocidentais."

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