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Religião & Política

12 de janeiro de 2010

Margot Kässmann, presidente do Conselho da Igreja Luterana na Alemanha, desencadeia polêmica no país ao defender retirada dos soldados alemães estacionados no Afeganistão.

Margot Kässmann e Karl-Theodor zu GuttenbergFoto: picture-alliance/ dpa

Desde o início de 2010, a opinião pública na Alemanha vem discutindo se a mais alta representante da Igreja Luterana no país pode realmente se posicionar com frases como essa: "Nada está correndo bem no Afeganistão". Essas palavras foram pronunciadas por Margot Kässmann, presidente do Conselho da Igreja Luterana no país, em seu discurso de Natal e Ano Novo, no qual ela defendeu a retirada dos soldados alemães do Afeganistão.

"Todas essas estratégias mascaram o fato de que soldados usam armas e que, numa guerra, morrem civis", afirmou Kässmann na ocasião. Esta não foi a primeira vez que a representante da Igreja Luterana criticou a presença das Forças Armadas alemãs no Afeganistão, embora esse tenha sido seu primeiro pronunciamento desde sua eleição como a mais alta representante desta Igreja no país.

Populismo?

Do lado do governo, surgiram críticas de que as palavras de Kässmann não seriam adequadas e que ela haveria se aproveitado do tema a fim de ter repercussão na política interna do país, criticou o deputado democrata-cristão Philipp Missfelder.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, declarou que Kässmann teria ignorado em sua prédica que a Alemanha só atua no Afeganistão dentro de normas estabelecidas pelas Nações Unidas. O encarregado de questões militares do Partido Social Democrata, Reinhold Robbe, também criticou a postura de Kässmann.

O ministro alemão da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, por sua vez, não se pronunicou publicamente de início a respeito do assunto, tendo a seguir convidado Kässmann para uma reunião em seu gabinete. "A compreensão mútua é importante. E também é preciso ter uma imagem diferenciada da questão", afirmou o ministro.

Kässmann reafirmou sua postura em prol de uma retirada dos soldados do Afeganistão em conversa com Guttenberg, num encontro no fim do qual ambos se propuseram a manter um diálogo em relação ao assunto.

"Os dois lados concordam que o apoio da sociedade é essencial para os soldados, aos quais um debate público seria útil. Saudamos o fato de que esse debate, por tanto tempo ignorado, esteja finalmente ocorrendo", publicaram governo e a Igreja Luterana num comunicado oficial.

Tradição pacifista

Especialmente desde o período nazista, a Igreja Luterana na Alemanha vem defendendo com veemência o pacifismo. Envolver-se na política é para os luteranos uma tarefa cristã, uma postura sempre defendida por Kässmann nos últimos anos.

"Saber que você tem liberdade, que deveria refletir por si mesmo e que tudo é uma questão de formar sua própria opinião: essas são todas posturas absolutamente protestantes", resumiu ela ao ser questionada sobre o cerne da Igreja Luterana.

Fiel a essas convicções, Kässmann declarou abertamente nos últimos dias sua posição contra a presença de soldados alemães no Afeganistão, apesar de todas as críticas que sofreu.

Autor: Mathias Bölinger
Revisão: Simone Lopes

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