Reprovação a Bolsonaro bate recorde, indica Datafolha
13 de maio de 2021
Segundo pesquisa, 45% dos brasileiros consideram governo do presidente ruim ou péssimo. Também em queda desde dezembro, aprovação a Bolsonaro chega ao pior patamar desde início do mandato.
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A aprovação ao governo de Jair Bolsonaro continua a cair e atingiu o menor patamar registrado desde o início de seu mandato em 2019, mostrou uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta quarta-feira (12/05).
O levantamento indicou que apenas 24% dos brasileiros consideram a gestão de Bolsonaro ótima ou boa, uma queda de seis pontos percentuais em relação à sondagem anterior realizada em março.
A aprovação ao governo está em queda desde o início de dezembro do ano passado, quando alcançou o maior patamar (37%). A satisfação com a gestão de Bolsonaro passou a cair com o agravamento da epidemia de covid-19 no país, o colapso do sistema hospitalar em diversos estados e a lentidão da campanha de vacinação.
A gestão de Bolsonaro na pandemia é atualmente alvo de uma CPI no Senado, que investiga as ações e omissões do governo federal no combate à covid-19. Desde o registro dos primeiros casos no país, o presidente vem negando a gravidade da doença, que já deixou mais de 428 mil mortos, e ignorando medidas sanitárias reconhecidas cientifica e internacionalmente como necessárias para conter a propagação do coronavírus.
O levantamento mostrou ainda que 45% dos brasileiros avaliam o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, um aumento de um ponto percentual em relação à pesquisa realizada março. O índice reprovação também bateu recorde e é o maior registrado desde o início do governo.
Essa é a primeira vez ao longo do mandato que Bolsonaro alcança o maior índice rejeição e o menor de aprovação. Além disso, 30% avaliam Bolsonaro como regular – eram 24% em março e 29% no final de 2020.
A pesquisa ouviu 2.071 pessoas por telefone nos dias 11 e 12 de maio em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Bolsonaro é o segundo presidente com a pior avaliação desde a redemocratização de 1985, quando considerados os eleitos pelas urnas e que cumprem seu primeiro mandato. Ele só ganha de Fernando Collor (1990-1992), que era rejeitado por 68% do eleitorado e aprovado por apenas 9% na mesma altura do mandato, em setembro de 1992.
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Cenário eleitoral de 2022
O Datafolha também avaliou as intenções de votos para a corrida presidencial de 2022. Atualmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera nas pesquisas para o primeiro turno. Ele recuperou seus direitos políticos após a anulação de todas condenações contra o petista no âmbito da Operação Lava Jato em Curitiba.
Em abril, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a decisão do ministro Edson Fachin que concluiu que a 13ª Vara Federal de Curitiba, que esteve sob o comando do então juiz Sergio Moro durante a maior parte da Lava Jato, não era competente para analisar e julgar as quatro ações penais que corriam ali contra o petista: a do triplex do Guarujá, a do sítio em Atibaia, a compra de um terreno para o Instituto Lula e doações feitas para o instituto.
Entre possíveis candidatos para o primeiro turno das eleições presidenciais do próximo ano, Lula lidera a corrida, com 41% das intenções de votos, seguido de Jair Bolsonaro (sem partido), com 23%, e Sergio Moro (sem partido), 7%.
Já Ciro Gomes (PDT) tem 6% das intenções de votos, Luciano Huck (sem partido) 4%, João Doria (PSDB) 3%. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e João Amoêdo (Novo) aparecem empatados com 2% dos votos.
Num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista leva vantagem e obteria 55% dos votos, enquanto o atual presidente alcançaria 32%. Lula também venceria em disputas com Moro (53% a 33%) e Dória (57% a 21%).
Já Bolsonaro empataria tecnicamente com o tucano (39% a 40%) e perderia para Ciro (36% a 48%).
O levantamento também apontou o índice de rejeição destes candidatos. Bolsonaro é mais rejeitado entre os eleitores (54%), seguido por Lula (36%), Dória (30%), Huck (29%), Moro (26%), Ciro (24%) e Mandetta (17%).
cn (ots, Efe, Lusa)
Vírus verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia
"E daí?", "gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas": desde que o coronavírus chegou ao Brasil, presidente tratou publicamente com desdenho a crise. Enquanto a epidemia avança, suas falas causam ultraje.
Foto: Andre Borges/dpa/picture-alliance
"Superdimensionado"
Em 9 de março, em evento durante visita aos EUA, Bolsonaro disse que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo "superdimensionado". Até então, a epidemia havia matado mais de 3 mil pessoas no mundo. Após o retorno ao Brasil, mais de 20 membros de sua comitiva testaram positivo para covid-19.
Foto: Reuters/T. Brenner
"Europa vai ser mais atingida que nós"
A declaração foi dada em 15 de março. Precisamente, ele afirmou: "A população da Europa é mais velha do que a nossa. Então mais gente vai ser atingida pelo vírus do que nós." Segundo a OMS, grupos de risco, como idosos, têm a mesma chance de contrair a doença que jovens. A diferença está na gravidade dos sintomas. O Brasil é hoje o segundo país mais atingido pela pandemia.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/GDA/O Globo
"Gripezinha" e "histórico de atleta"
Ao menos duas vezes, Bolsonaro se referiu à covid-19 como "gripezinha". Na primeira, em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional, ele afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”. Dias depois, disse: "Para 90% da população, é gripezinha ou nada."
Foto: Youtube/TV BrasilGov
"Todos nós vamos morrer um dia"
Após visitar o comércio em Brasília, contrariando recomendações deu seu próprio Ministério da Saúde e da OMS, Bolsonaro disse, em 29 de março, que era necessário enfrentar o vírus "como homem". "O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia."
Foto: Reuters/A. Machado
"A hidroxicloroquina tá dando certo"
Repetidamente, Bolsonaro defendeu a cloroquina para o tratamento de covid-19. Em 26 de março, quando disse que o medicamento para malária "está dando certo", já não havia qualquer embasamento científico para defender a substância. Em junho, a OMS interrompeu testes com a hidroxicloroquina, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/F. Taxeira
"Vírus está indo embora"
Em 10 de abril, o Brasil ultrapassou a marca de mil mortos por coronavírus. No mundo, já eram 100 mil óbitos. Dois dias depois, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora essa questão do vírus". O Brasil se tornaria, meses depois, um epicentro global da pandemia, com dezenas de milhares de mortos.
Foto: Reuters/A. Machado
"Eu não sou coveiro"
Assim o presidente reagiu, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números da covid-19 no Brasil, que já registrava mais de 2 mil mortes e 40 mil casos. “Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?”, afirmou Bolsonaro em 20 de abril.
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Borges
"E daí?"
Foi uma das declarações do presidente que mais causaram ultraje. Com mais de 5 mil mortes, o Brasil havia acabado de passar a China em número de óbitos. Era 28 de abril, e o presidente estava sendo novamente indagado sobre os números do vírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre...”
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Vou fazer um churrasco"
Em 7 de maio, o Brasil já contava mais de 140 mil infectados e 9 mil mortes. Metrópoles como Rio e São Paulo estavam em quarentena. O presidente, então, anunciou que faria uma festinha. "Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha...". Dias depois, voltou atrás, dizendo que a notícia era "fake".
Foto: Reuters/A. Machado
"Tem medo do quê? Enfrenta!"
Em julho, o presidente anunciou que estava com covid-19. Disse que estava "curado" 19 dias depois. Fora do isolamento, passou a viajar. Ao longo da pandemia, ele já havia visitado o comércio e participado de atos pró-governo. Em Bagé (RS), em 31 de julho, sugeriu que a disseminação do vírus é inevitável. "Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta!”
Foto: Reuters/A. Machado
"País de maricas"
Em 10 de novembro, ao celebrar como vitória política a suspensão dos estudos, pelo Instituto Butantan, da vacina do laboratório chinês Sinovac após a morte de um voluntário da vacina, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas" por causa da pandemia. "Mais uma que Bolsonaro ganha", comentou.
Foto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance
"Chega de frescura, de mimimi"
Em 4 de março de 2021, após o país registrar um novo recorde na contagem diária de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia, e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.