Reprovação de Bolsonaro sobe para 38%, diz Datafolha
2 de setembro de 2019
Pesquisa revela aumento de cinco pontos percentuais na parcela da população que considera o governo ruim ou péssimo, superando os 29% que aprovam a gestão. Entre as regiões, a pior avaliação foi registrada no Nordeste.
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Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha nesta segunda-feira (02/09) apontou que a reprovação ao governo do presidente Jair Bolsonaro aumentou cinco pontos percentuais desde o último levantamento realizado no início do mês de julho, com o percentual de pessoas que avaliam o governo como ruim ou péssimo chegando a 38%.
Segundo o instituto, a aprovação – os que avaliam o governo como bom ou ótimo – do presidente caiu de 33% para 29%, mas se manteve dentro do limite da margem de erro. O percentual dos que consideram o governo regular ficou estável, caindo de 31% para 30%.
Ao noticiar os resultados da pesquisa, o jornal Folha de S. Paulo destaca que os últimos dois meses foram marcados por uma crise internacional gerada pelas queimadas na Amazônia, Bolsonaro batendo de frente com o ministro da Justiça, Sergio Moro, e a indicação do filho Eduardo Bolsonaro para o posto de embaixador nos Estados Unidos.
A radicalização do discurso do presidente em relação a uma variedade de temas e seus comentários em relação à região Nordeste do país também podem estar ligados ao aumento das avaliações negativas.
A rejeição foi bastante alta no Nordeste (52%), entre a população negra (51%), os desempregados (48%) e as mulheres (43%). O maior percentual de avaliações negativas foi registrado entre os que se declaram ateus (76%).
Os números negativos também prevaleceram entre os mais pobres, com renda de até 2 salários mínimos (22%), a população com idade entre 16 a 24 anos (24%) e os que cursaram apenas o ensino fundamental (26%).
A aprovação ao governo foi particularmente grande entre os empresários (48%), evangélicos neopentecostais (46%), brancos (36%) e homens (33%). Entre as regiões do país, o maior apoio foi observado no Sul e no Centro-Oeste (37% cada).
A maioria dos eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno das eleições em 2018 (57%) avalia o governo como bom ou ótimo. Já entre os que votaram no petista Fernando Haddad, a reprovação é de 69%.
A pesquisa ainda mostrou que, nas últimas décadas, Bolsonaro é o presidente mais mal avaliado nos oito primeiros meses de um primeiro mandato. Fernando Henrique Cardoso tinha 15% no índice de ruim/péssimo no mesmo período de 1995; Luiz Inácio Lula da Silva, 10% em 2003; e Dilma Rousseff, 11% em 2011.
Após a divulgação da pesquisa que apontou aumento da reprovação ao seu governo, Bolsonaro ironizou os resultados. "Alguém acredita em Datafolha? Você acredita em Papai Noel? Outra pergunta aí...", disse ele a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada.
O Datafolha ouviu 2.878 pessoas com mais de 16 anos em 175 municípios, nos dias 29 e 30 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A Floresta Amazônica enfrenta suas piores queimadas em anos. As chamas deixam rastro de destruição na região e geram comoção internacional. Imagens revelam a proporção assustadora da tragédia.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/E. Peres
Amazônia em chamas
Uma fumaça espessa cobre grande parte da Região Amazônica. A dimensão do avanço da destruição da floresta é melhor percebida de cima. Paredes enormes de fogo consomem grandes áreas verdes e dão o tom da evolução da catástrofe ambiental.
Foto: Imago Images/Agencia EFE/J. Alves
Bombeiros em ação contínua
Apesar dos troncos de árvores queimados, o fogo continua sua destruição. Milhares de bombeiros colocam sua vida em risco para tentar conter as chamas. Aparentemente, seus esforços não são suficientes, e o avanço das queimadas chamou a atenção do mundo para a Amazônia.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/E. Peres
Fumaça chega a regiões distantes
Em 19 de agosto, a fumaça das queimadas chegou até São Paulo, contribuindo para o fenômeno que transformou o dia em noite na cidade. A nuvem de fumaça atraiu a atenção do Brasil e do mundo para a situação na Amazônia. Essa fumaça também foi percebida no Peru e recentemente no Uruguai.
A inércia do governo brasileiro diante do avanço das chamas levou a comunidade internacional a pressionar o presidente Jair Bolsonaro a tomar medidas para combater as queimadas. Solicitado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, o tema foi debatido na cúpula do G7. Depois disso, Bolsonaro fez um pronunciamento anunciando o uso das Forças Armadas nos esforços contra o fogo.
Foto: Youtube/TV BrasilGov
Aumento no número de queimadas
Numa corrida contra o tempo, vários estados da região declararam situação de emergência e pediram ao governo federal o envio de militares. As estatísticas não são nada animadoras. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a 18 de agosto as queimadas aumentaram 82% em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram registrados quase 72 mil focos de incêndio.
No dia seguinte ao anúncio de Bolsonaro, os primeiro militares entraram em ação contra o fogo em Rondônia. O governo disse que disponibilizou 44 mil militares para combater os incêndios que estão devastando a Amazônia.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Brazil Ministry of Defense
Catástrofe causada por humanos
Grandes incêndios não são uma exceção em países sul-americanos. Eles são frequentes durante o período de seca. No entanto, também são causados pela ação humana. Ambientalistas dizem que o recente aumento no número de queimadas é responsabilidade de agricultores, que através do fogo pretendem ganhar terras para o pasto.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/L. Correa
Infraestrutura em perigo
Os incêndios não são um risco apenas em florestas distantes. A foto tirada na região de Cuiabá, no Mato Grosso, mostra a proximidade das chamas a locais habitados. Na beira da rodovia 070, que liga o Brasil à vizinha Bolívia, as chamas resplandecem de forma ameaçadora aos veículos que passam por ali.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/a. Penner
Protestos contra o governo Bolsonaro
Brasileiros foram às ruas em várias cidades do país para protestar contra as políticas ambientais do governo Bolsonaro. Em várias ocasiões, o presidente defendeu o desenvolvimento econômico da Amazônia e chegou a propor a seu homólogo americano, Donald Trump, a exploração conjunta da região.
Foto: Imago Images/Agencia EFE/M. Sayao
Preocupação mundial
As atitudes do governo brasileiro em relação ao meio ambiente e ao avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia provocaram também dezenas de manifestações em frente às representações diplomáticas do Brasil em várias cidades europeias e sul-americanas. A maioria dos atos foi convocada pelo movimento Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção).
Foto: DW/C. Neher
Ajuda internacional
Devido à magnitude dos incêndios, o Brasil recebeu apoio da comunidade internacional. O G7 ofereceu 20 milhões de dólares ao país. A oferta, porém, foi recusada por Bolsonaro. O Reino Unido disponibilizou 10 milhões de libras para o combate às queimadas, e Israel prometeu o envio de um avião equipado para essa finalidade.