Requerentes de asilo estão entre suspeitos de Colônia
7 de janeiro de 2016
Jornais afirmam que houve verificação de identidades, detenções e que multidão agiu por "diversão sexual". Policial responsável teria omitido origem das pessoas abordadas por ser questão "politicamente delicada".
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Requerentes de asilo estão entre os suspeitos de terem assediado mulheres no réveillon em Colônia, publicou a imprensa alemã nesta quinta-feira (07/01), citando documentos policiais e o chefe regional do sindicato da polícia (GdP), Arnold Plickert.
A polícia abordou pessoas em frente à estação central de Colônia, sendo que algumas delas chegaram a ser detidas e levadas para interrogatórios, de acordo com reportagens publicadas pelo jornal local Kölner Stadt-Anzeiger e pelo diário nacional Die Welt.
Citando policiais que estavam de plantão na véspera de Ano Novo, os jornais afirmaram que a polícia de Colônia verificou as identidades de ao menos cem pessoas que circularam pela estação central em 31 de dezembro, depois de seu comportamento inadequado ter chamado a atenção. Ao todo, 71 pessoas foram identificadas, 11 foram levadas sob custódia e 32 queixas-crime foram registradas, segundo reportagem da edição dominical do Die Welt.
"Ao contrário do que foi dito publicamente, houve verificação de identidade de inúmeras pessoas", afirmou o Die Welt, citando um policial que teve sua identidade não revelada. "A maioria [das pessoas abordadas] era requerente de asilo recém-chegado. Eles apresentaram documentos que são entregues no momento em que um requerimento de asilo é feito."
Plickert declarou ao Die Welt que muitos dos homens abordados apresentaram comprovantes de registro do Departamento de Migração. "Certamente havia refugiados entre os criminosos." Segundo um dos policiais, a maioria das pessoas abordadas era síria.
O primeiro relatório oficial da polícia de Colônia citou uma multidão de homens majoritariamente de origem "norte-africana e árabe". E segundo o Kölner Stadt-Anzeiger, o policial que liderou a operação na estação central queria mencionar a identidade das pessoas controladas no relatório, mas seu comandante decidiu não incluir, afirmando que seria "politicamente delicado".
Não está claro se as pessoas controladas pela polícia estiveram envolvidas nas agressões sexuais.
Agressores estavam atrás de "diversão sexual"
O Die Welt também recebeu informações que contradizem outra declaração oficial da polícia de Colônia. Nela, as autoridades afirmaram que a principal intenção dos homens era roubar passageiros e que a agressão sexual era secundária. No entanto, "o que realmente aconteceu foi exatamente o oposto", disse um policial sob condição de anonimato.
"Para os infratores majoritariamente árabes, a agressão sexual era a prioridade, ou, do ponto de vista deles, a prioridade era sua 'diversão sexual'. Um grupo de homens cercava uma vítima do sexo feminino, fechava o círculo e então começava a apalpar a mulher", escreveu o diário citando um policial.
O vice-chefe do sindicato dos funcionários da polícia (GdP, sigla em alemão), Ernst Walter, sugeriu que o mau gerenciamento do caso pela polícia de Colônia poderá custar o cargo do chefe de corporação Wolfgang Albers. "Estou me perguntando como a polícia pode publicar uma mensagem em 1º de janeiro dizendo que as celebrações de Ano Novo tinham sido pacíficas?"
A polícia tomou conhecimento de "todos estes incidentes chocantes" na própria noite, garante Walter, acrescentando que membros da Polícia Federal estavam tentando ajudar as mulheres e estiveram preocupados que "pessoas podiam ter morrido".
O secretário do Interior da Renânia do Norte-Vestfália, Ralf Jäger, já encomendou um primeiro relatório formal completo sobre o incidente. Ele será apresentado na segunda-feira. Ao ser questionado pelo Kölner Stadt-Anzeiger sobre a questão de policiais terem sido impedidos de colocar todos os fatos em seus relatórios, Jäger disse que não iria confirmar e nem negar o relato do diário.
Casos semelhantes em toda a Europa
Cerca de mil homens, divididos em grupos menores, roubaram e agrediram sexualmente mulheres na estação central de Colônia no réveillon. Incidentes semelhantes aconteceram em Hamburgo, Stuttgart, Zurique e Helsinque.
A polícia finlandesa anunciou, também nesta quinta-feira, um nível anormalmente elevado de abuso sexual em Helsinque no réveillon e revelou que foi avisada sobre planos de grupos de requerentes de asilo para abusarem sexualmente de mulheres.
O diretor-adjunto da polícia da capital da Finlândia, Ilkka Koskimaki, declarou: "Não houve este tipo de abuso em passagens de ano anteriores, ou sequer em outras ocasiões. Este é um fenômeno completamente novo em Helsinque".
Os seguranças contratados para patrulhar a cidade no réveillon disseram à polícia que tinha havido "abuso sexual generalizado" numa praça central onde cerca de 20 mil pessoas se concentraram para celebrar o Ano Novo. Três casos de agressão sexual ocorreram alegadamente na estação central da capital, onde se reuniram cerca de mil refugiados iraquianos.
PV/afp/dpa/rtr
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.