Resgate continua, e mortos passam de 3.600 no Nepal
27 de abril de 2015
Total de vítimas deve aumentar à medida que avançam os trabalhos de resgate. Milhares de nepaleses passam a noite em barracas por temerem novos tremores ou porque suas residências foram destruídas.
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O número de mortos do terremoto no Nepal passou de 3.600 na manhã desta segunda-feira (27/04), segundo o mais recentes balanços das autoridades do país asiático e de países vizinhos afetados. Há ainda mais de 6.500 feridos só no Nepal.
Conforme dados da polícia, o número oficial de mortos no Nepal é de 3.617. Há ainda mais 18 pessoas que morreram numa avalanche no monte Everest. Cerca de 90 pessoas morreram em países vizinhos, incluindo a China e a Índia, devido ao sismo de magnitude 7,9 na escala Richter que devastou a região nepalesa conhecida como Vale Central, na encosta da Cordilheira do Himalaia, no sábado.
A tendência é que o número de vítimas aumente ainda mais, à medida que as equipes de resgate cheguem a localidades isoladas nas montanhas. Uma autoridade do governo distrital de Gorkha disse que há vilarejos onde 70% das casas foram destruídas. Segundo ele, somente neste distrito há 223 pessoas mortas, mas o número deve subir porque há milhares de feridos.
O terremoto devastou a região entre a capital Katmandu e a cidade de Pokhara, além de dar início a uma avalanche no monte Everest, que soterrou parte de um acampamento de alpinistas estrangeiros que se preparavam para escalar a montanha mais alta do mundo. A avalanche foi registrada em vídeo por um dos alpinistas.
Além do resgate de vítimas, a prioridade do governo do Nepal é reabrir estradas no Vale Central e recuperar o sistema de eletricidade. Segundo o chefe da Secretaria do Executivo do Nepal, Leela Mani Poudyal, o governo mobilizou todos os recursos para ajudar a população. Poudyal afirmou que 15 helicópteros se deslocam a diferentes pontos do Vale Central, que sofreu os maiores efeitos do sismo.
A companhia de eletricidade do Nepal confirmou à agência de notícias Efe que já conseguiu restabelecer 75% do fornecimento de energia e espera chegar aos 85% no final da tarde desta segunda-feira. As comunicações telefônicas continuam gravemente afetadas depois que uma réplica do abalo de sábado, de magnitude 6,7, atingiu o país no domingo.
Milhares de pessoas dormiram em barracas pela segunda noite consecutiva, algumas delas por terem suas residências destruídas, outras por temerem voltar para casa por causa das réplicas do terremoto.
Ajuda internacional
A Comissão Europeia aprovou ajuda inicial de 3 milhões de euros ao Nepal. O dinheiro deverá ser parte adicional do apoio que os Estados-membros da União Europeia estão prestando ao país, afirmou a Comissão neste domingo em Bruxelas.
Ainda neste domingo, 52 especialistas alemães da organização Isar Germany, especializada na busca de vítimas de terremotos, partiram para o Nepal para ajudar no resgate de pessoas soterradas. A China também enviou 62 especialistas com cães farejadores para o país e anunciou que deverá enviar médicos e soldados esta semana.
Nesta segunda-feira, a Cruz Vermelha da Alemanha vai enviar um avião com 60 toneladas de barracas, cobertores, artigos de higiene e outros materiais de ajuda para o Nepal. O voo financiado pelo Ministério do Exterior da Alemanha também deverá transportar equipamento para o tratamento de água potável para a região atingida pela catástrofe.
Austrália e Nova Zelândia também disponibilizaram 4,5 milhões de dólares. A Índia mandou dois aviões militares para a retirada de seus próprios cidadãos, enviando também 13 aviões com material de ajuda. A Coreia do Sul anunciou o envio de uma equipe de busca e resgate e uma doação inicial de 1 milhão de dólares. Japão, Paquistão e Israel também estão prestando apoio.
O terremoto do sábado foi o pior a atingir o Nepal em mais de 80 anos. O abalo foi tão forte que pôde ser sentido na Índia, em Bangladesh, no Tibete e no Paquistão. O pior terremoto já registrado na história do Nepal, com magnitude 8 na escala Richter, aconteceu em 1934.
AS/CA/lusa/ap/dpa/afp
Patrimônio Mundial destruído no Nepal
Terremoto devastador matou e feriu milhares de pessoas. Tremor também foi duro golpe contra a rica herança cultural do país asiático.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Vale de Katmandu
O terremoto no Nepal danificou bastante o coração cultural e espiritual do país. No vale de Katmandu, no sopé do Himalaia, há sete monumentos considerados Patrimônio Mundial da Unesco ao longo de poucos quilômetros. Na foto, tirada antes do terremoto, vê-se um deles: os mosteiros de Swayambhunath.
Foto: Imago
As estupas budistas de Swayambhunath
As estupas e os mosteiros budistas de Swayambhunath (foto) formam um centro espiritual no Nepal. A estupa de Bodhnath, as praças Durbar das três cidades reais e os templos hindus de Pashupatinath e Changu Narayan, fora de Katmandu, também estão na lista de Patrimônios Mundiais.
Antigamente, famílias reais viviam nos palácios da praça Durbar de Bhaktapur (foto), da praça Durbar em Katmandu e da praça Durbar de Patan. Foi somente no final de 2007 que o Nepal aboliu a monarquia e proclamou a república no ano seguinte.
Foto: picture alliance / ZUMAPRESS/P. Gordon
Praça Durbar de Bhaktapur, após o terremoto
Nas cidades reais de Bhaktapur (foto), Patan e no centro de Katmandu, vários templos e estátuas dos séculos 12 até o 18 foram danificados ou completamente destruídos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/N. Shrestha
Praça Durbar de Katmandu, antes do terremoto
Na Praça Durbar de Katmandu, capital do Nepal, havia vários pagodes característicos do país, com dois ou três andares.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Praça Durbar de Katmandu, após o terremoto
O terremoto destruiu os pagodes. O especialista P. D. Balaji, da Universidade de Madras, na Índia, questiona se os prédios poderão ser totalmente reconstruídos. "É uma perda irreparável para o Nepal e para o resto do mundo."
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Torre Dharahara, antes do terremoto
Entre as atrações de Katmandu estava esta torre de nove andares e 62 metros de altura. Ela também desabou durante o terremoto, no último sábado (25/04) à tarde.
Foto: imago
Torre Dharahara ,após o terremoto
Da torre, que tinha uma escada em espiral de 200 degraus, só restou a base. Equipes de socorro tentaram resgatar cerca de 50 pessoas que ficaram sob os escombros, noticiou uma emissora de televisão. O forte terremoto de 1934 já havia destruído a torre de doze andares, construída em 1826 e que, mais tarde, foi reconstruída.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Templos de Changu Narayan
Os quatro templos e três palácios, reconhecidos pela Unesco em 2006 como Patrimônio Mundial, são testemunhos da história política e religiosa do Nepal.
Foto: imago
Templo de Pashupatinath
O templo hindu é um dos mais importantes do gênero no Nepal. Hinduísmo e budismo se disseminaram ao longo dos séculos no Nepal e levaram à construção de templos magníficos, a partir do século 5.
Foto: picture alliance/ANN/The Star
Local de nascimento de Buda
No total, há no Nepal, além do vale de Katmandu, três outros locais com Patrimônios Mundiais: Lumbini (foto), o parque nacional de Chitwan e o parque nacional de Sagarmatha . A Unesco busca informações sobre a situação de Lumbini. A cidade, cerca de 280 quilômetros a oeste de Katmandu, é considerada o local onde Buda nasceu.
Foto: AFP/Getty Images/K. Knight
Um dos países mais pobres da região
O epicentro do terremoto no último sábado fica cerca de 80 quilômetros a oeste da capital Katmandu. O terremoto, com 7,8 de magnitude, ocorreu a uma baixa profundidade, tendo consequências mais graves. O Nepal é um dos países mais pobres do sul da Ásia. O país tem 28 milhões de habitantes, e a economia é quase totalmente dependente do turismo.