Arquivo Histórico
11 de junho de 2009O primeiro passo foi cobrir a área do acidente para impedir que a chuva continuasse deteriorando os papéis. Foram alugados dois galpões para facilitar a busca de documentos nos escombros. Arquivistas, restauradores e inúmeros voluntários organizaram o material em caixas e mais caixas. Mais de 2.000 pessoas participaram dos trabalhos de resgate do acervo do Arquivo Histórico de Colônia, que desabou em 3 de março de 2009.
"Contamos com mais de 300 ajudantes. Os documentos encontrados foram inicialmente depositados em contêineres de lixo e posteriormente transportados para outro lugar. Não tivemos tempo de classificá-los de imediato; apenas os retiramos a fim de colocá-los em segurança", lembra o vice-diretor do arquivo, Ulrich Fischer.
Desde o começo, o importante era trabalhar de forma rápida e eficiente. "Não podíamos começar a classificar e identificar os documentos logo após o resgate, pois isso levaria muito tempo. Se tentássemos, o restante do acervo continuaria estragando debaixo dos escombros. Isso não podíamos arriscar."
Trinta quilômetros de prateleiras
O acervo resgatado do arquivo municipal foi disposto em 30 quilômetros de prateleiras. Os seis primeiros quilômetros puderam ser resgatados ilesos e armazenados em uma escola do outro lado da rua. Cerca de 60 mil certidões e documentos da antiga cidade de Porz, hoje um bairro de Colônia, foram salvos.
Nas semanas seguintes, seguiu o resgate do espólio de Konrad Adenauer, o documento de concessão do prêmio Nobel ao escritor Heinrich Böll, milhares de fotografias, mapas, cartazes, manuscritos da Idade Média, além de documentos da cidade de Colônia.
Quanto maior a demora do resgate, maior o risco de as peças deteriorarem. Mais de seis semanas após o desabamento, agora os arquivistas estão ocupados com o conteúdo das caixas de documentos úmidos e embolorados.
Alta tecnologia em ação
O que dificulta o trabalho é a enorme quantidade de pedaços de papel, problema para o qual a diretora Bettina Schmidt-Czaia procura uma solução. "Está tudo embaralhado, todos os andares estão misturados, todos os séculos; pergaminhos ao lado de papel industrializado", descreve ela.
Diante desse problema, o Instituto Fraunhofer de Berlim desenvolveu um processo digital através do qual os pedaços são escaneados e transformados em páginas inteiras com a ajuda de um software especial.
Restauradores de Colônia se incumbiram dos fragmentos. "Primeiro os lavamos a seco, a fim de retirar o pó", explica Stefanie Behrendt. "Depois, eles são umedecidos e alisados para que possam ser escaneados." Para financiar o processo, solicitaram-se verbas federais no valor de 1,85 milhão de euros. No entanto, só dentro de um ano se saberá se o procedimento terá realmente surtido efeito.
Custos imprevisíveis
Quase três meses após a tragédia, o local do acidente mudou muito com a retirada de 11 toneladas de escombros. Em uma grande cratera, os voluntários restantes ainda buscam material possivelmente útil aos arquivistas.
Quanto ao local do acidente, agora será necessário reforçar a estrutura da cratera para evitar novos desabamentos. Prevê-se que o resgate do resto do acervo vá continuar a partir de agosto. Afinal, cerca de 20% do total continua extraviado.
Até agora, não se sabe quanto esse processo custou, nem quanto ainda custará, muito menos quando a cidade de Colônia voltará a ter um Arquivo Histórico.
Autora: Marion Linnenbrink
Revisão: Simone Lopes