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Resistência britânica a Juncker ameaça impasse em cúpula da UE

26 de junho de 2014

Premiê Cameron rejeita luxemburguês como novo chefe da Comissão Europeia e se isola no bloco. Demais líderes não se abalam. Rússia e acordos de associação estão também na pauta da reunião em Bruxelas.

David Cameron (esq.) e Jean-Claude JunckerFoto: picture-alliance/dpa

Na véspera da reunião de cúpula da União Europeia, o Reino Unido se encontra cada vez mais isolado em sua resistência a Jean-Claude Juncker. A indicação do candidato da ampla maioria para a sucessão a José Manuel Barroso como presidente da Comissão Europeia está prevista para o encontro desta sexta-feira (27/06), em Bruxelas.

O ex-primeiro-ministro de Luxemburgo pleiteou o cargo, um dos mais altos da UE, na sequência da vitória do grupo conservador Partido Popular Europeu (PPE) nas eleições para o Parlamento Europeu, no final de maio. No entanto, o premiê britânico, David Cameron, se opôs desde o início ao processo de indicação de Juncker.

Fervoroso defensor da UE, o luxemburguês é também encarado como um obstáculo potencial aos planos de Cameron de renegociar a relação de seu país com o bloco. Logo em seguida às eleições europeias, o chefe de governo britânico afirmara que, caso Juncker seja escolhido presidente da Comissão, ele não garantia a permanência do Reino Unido na UE, que atualmente conta 28 países-membros.

Neste meio tempo, o premiê inglês foi abandonado por seus principais aliados na luta contra o político conservador de 59 anos – inclusive pela Suécia e Holanda. Consta que seu único apoiador seria o premiê da Hungria, Viktor Orbán. Ainda assim, Cameron ameaça se opor à provável nomeação de Juncker, forçando uma votação sem precedentes na cúpula desta sexta-feira.

Social-democratas da UE apoiam conservador Juncker. Ao centro, François HollandeFoto: Reuters

Leste Europeu no topo da pauta

A perspectiva não parece assustar os demais chefes de Estado e governo europeus. Segundo o presidente da França, François Hollande, "há um amplo consenso em torno de Juncker". Já a chanceler federal alemã, Angela Merkel, comentou, numa reunião preliminar à cúpula com outros líderes conservadores na cidade belga de Kortrijk: "Não acho que será um drama se, neste caso, o voto não for unânime."

De fato, as normas da UE exigem apenas uma maioria qualificada nesse tipo de votação. Por outro lado, Merkel sinalizou que prefere ter os britânicos na UE. "Acho que podemos encontrar um bom consenso com o Reino Unido e também fazer certas concessões", por exemplo, no direcionamento futuro da política da UE e outras "questões de substância". A escolha do presidente da Comissão Europeia também cabe ao Parlamento Europeu, cujo voto a respeito está programado para 16 de julho.

Na pauta da reunião de cúpula constam também a política econômica do bloco e suas relações com a Rússia. Não menos importante é a assinatura da parte política e de livre-comércio dos acordos de associação com as ex-repúblicas soviéticas Geórgia e Moldávia; assim como a firmação do capítulo econômico – parte final e mais importante – de um acordo semelhante com a Ucrânia.

Essas iniciativas ganham relevância especial no contexto das atuais tensões entre a Rússia e seus vizinhos no Leste Europeu. No momento, esses países são, de certo modo, objeto de um cabo de guerra entre Moscou e a União Europeia. Pois, justamente a recusa do então presidente ucraniano Viktor Yanukovytch em assinar o acordo de associação com a UE, em novembro último, foi o estopim das revoltas populares que levaram a sua deposição, desencadeando a atual crise na Ucrânia.

AV/afp/dpa

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