Restrição a não vacinados desagrada no leste da Alemanha
Luisa von Richthofen
11 de novembro de 2021
Incidência de covid-19 em Bautzen, na Saxônia, é mais que o dobro da média do país. Mesmo assim, parte da população não vê com bons olhos novas regras. Céticos da vacina protestam contra o que chamam de "tirania".
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A incidência de casos de covid-19 por 100 mil habitantes nos últimos 7 dias na cidade de Bautzen, no estado da Saxônia, é de 648. A cifra é mais que o dobro da média nacional alemã. As unidades de terapia intensiva (UTIs) da cidade, localizada no leste da Alemanha, estão tão cheias que cirurgias já estão sendo adiadas.
O governo da Saxônia está agora implementando novas medidas. Entre outras coisas, desde o início desta semana, restaurantes e museus só podem permitir a entrada de vacinados ou pessoas recuperadas de covid-19. É o chamado regulamento 2G (em alemão, as palavras "vacinados" [Geimpfte] e "recuperados" [Genesene] começam com a letra G). Um teste negativo não basta mais.
Há divergências nas ruas de Bautzen. A maioria acha as medidas corretas, considerando as estatísticas atuais. Alguns também dizem, no entanto, que a regra 2G é uma forma indireta de se implementar uma obrigatoriedade da vacina. "Para mim, isso é uma chantagem vinda de cima, simples assim", diz uma jovem. Ela mantém sua decisão de não se vacinar. "É o meu corpo, e eu decido."
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Prejuízos na gastronomia
Ramona Hoerold está preocupada por outros motivos. Ela é dona do café Enjoy há 11 anos. Ela diz que o lockdown do ano passado prejudicou bastante os negócios. E agora começa tudo de novo. O primeiro cancelamento veio pela manhã. Um batismo, com 32 pessoas. Devido à regra 2G, alguns dos hóspedes, que não foram vacinados, não podem mais entrar no restaurante. Ela espera uma perda de 50% do faturamento.
"Os políticos estão arruinando os pequenos negócios de gastronomia", diz. "Construímos uma boa empresa ao longo dos anos, que vinha funcionando bem, e eles a destroem dentro de um ano e meio." A voz de Hoerold treme um pouco. Ela também não sabe onde tudo vai parar.
O prefeito de Bautzen, Alexander Ahrens, tem a impressão de que as medidas têm como objetivo principal aumentar a pressão sobre os não vacinados. A taxa de vacinação é particularmente baixa na Saxônia. Em torno de 57% estão completamente imunizados, cifra que está cerca de 10 pontos percentuais abaixo da média nacional.
E são precisamente os não vacinados que acabam na unidade de terapia intensiva com particular frequência. De acordo com uma pesquisa da emissora estatal MDR, dois terços dos pacientes em unidades de terapia intensiva nos estados alemães da Saxônia, Turíngia e Saxônia-Anhalt não foram vacinados.
O prefeito acredita que apenas mais vacinação pode acabar com a pandemia. Mas ele duvida que as novas restrições incentivem mais pessoas a se vacinarem. "Essa pressão é bastante contraproducente, especialmente em relação a pessoas inseguras", diz. Em vez disso, ele acredita ser preciso pensar em como restaurar a confiança nas instituições estatais.
Barulho dos céticos da vacina
As noite na praça central de Bautzen mostra que Ahrens ainda tem muito trabalho de convencimento pela frente. Toda segunda-feira, críticos da vacinação do movimento Querdenken ("pensamento lateral") se reúnem no local. São cerca de 500 pessoas, um grupo bastante pequeno em comparação com a população total da cidade.
Mas eles são particularmente barulhentos. Os manifestantes, incluindo muitos pais com crianças, andam pela cidade portando velas, gritando slogans contra a vacina e se veem como os últimos resistentes contra uma política que um deputado do partido de ultradireita AfD Karsten Hilse chamou em um discurso naquela noite de "tirania". "Essa é uma medida fascista, é a exclusão de camadas inteiras da população", afirmou.
Ainda que os organizadores afirmem querer contribuir para um diálogo pacífico com quem pensa diferente, nenhum dos participantes quis falar com a reportagem da DW, que consideram ser da "imprensa mentirosa".
A população de Bautzen só quer que a pandemia acabe. Todos concordam com isso. Mas quando se trata de se encontrar um modo de como isso pode ser alcançado, a cidade está dividida. O inverno do coronavírus está apenas começando na Alemanha.
Feiras de Natal na Alemanha, antes e durante a pandemia
A Alemanha é famosa por suas feirinhas de Natal, mas a maioria foi cancelada em 2020 devido à covid-19. Para marcar a volta delas, fizemos uma seleção de alguns dos mercados mais movimentados antes e durante a pandemia.
Foto: Michael Probst/AP Photo/picture alliance
Striezelmarkt de Dresden
O Striezelmarkt é um dos mercados de Natal mais antigos do mundo. Sua primeira edição foi em 1434. Seu nome vem do famoso bolo natalino da cidade, o Dresdner Stollen, que na cidade chamam de "Striezel". Com cerca de 2,5 milhões de visitantes, o mercado ocupa a quinta posição na Alemanha.
Foto: Robert Michael/dpa/picture alliance
Dresden sem Striezelmarkt
No ano passado, a feira de Dresden, assim como outros mercados de Natal na Alemanha, foi cancelada devido à pandemia do novo coronavírus. A árvore de Natal, o presépio e outras decorações de Natal parecem um pouco perdidos no centro quase deserto da cidade. Este ano, o Striezelmarkt começa em 22 de novembro.
Foto: Birgit Seifert/Zoonar/picture alliance
Feira de Natal de Frankfurt
A feira natalina de Frankfurt acontece no Römerberg, a praça do centro histórico da cidade desde a Idade Média. Ao fundo, ao lado do pinheiro iluminado, está a Römer, como é chamada a prefeitura de Frankfurt. Desde 1393, há mercados de Natal em Frankfurt, mas no ano passado a pandemia forçou seu cancelamento.
Foto: Michael Probst/AP Photo/picture alliance
Em 2020, a praça deserta
Este foi o cenário da praça em 13 de dezembro de 2020. Apenas o pinheiro no centro lembra que é época de Natal. Normalmente, a feira de Natal de Frankfurt atrai 2,6 milhões de pessoas por ano. Segundo um estudo de 2018, é a quarta maior feira natalina da Alemanha.
Foto: Florian Gaul/greatif/picture alliance
Mercado Christkindlmarkt, de Munique
Munique, com três milhões de visitantes, segundo o estudo, fica em terceiro lugar entre os mercados de Natal mais visitados da Alemanha. Assim como as feiras de Natal de Dresden e Frankfurt, a de Munique começa em 22 de novembro. Aliás, o nome oficial é Christkindlmarkt - não confundir com o Christkindlesmarkt de Nurembergue.
Foto: Lino Mirgeler/dpa/picture alliance
Mais espaço para a polícia
O Christkindlesmarkt de Nurembergue é mais conhecido no mundo inteiro do que o de Munique, mas também é menor por causa do pouco espaço no seu centro histórico. Ele atrai pouco mais de dois milhões de visitantes. Em 2020, porém, Munique e Nurembergue atraíram o mesmo número de visitantes - zero. Na foto, um carro de polícia em Munique na quase deserta praça Marienplatz.
Foto: Martin Ley/picture alliance
Mercado de Natal de Stuttgart
A feira de Natal de Stuttgart começa em 24 de novembro e vai até 30 de dezembro. Assim, Stuttgart é uma das poucas cidades com mercado natalino aberto depois do Natal. Cerca de 3,5 milhões de pessoas costumam visitá-lo, colocando-o em segundo lugar no ranking dos mercados alemães de Natal.
Foto: Christoph Schmidt/dpa/picture alliance
Bancas fechadas em 2020
No ano passado, as barracas chegaram a ser instaladas no mercado de Natal, mas elas ficaram fechadas. Em 2021, para frequentar o mercado natalino de Stuttgart, é preciso estar vacinado, ou recuperado de covid-19, ou ter teste negativo para ganhar uma pulseira de visitante. As regras de proteção contra covid nos mercados de Natal na Alemanha variam de acordo com a cidade ou o estado.
Foto: Sebastian Gollnow/dpa/picture alliance
Mercado de Natal junto à catedral de Colônia
O mercado de Natal na praça da catedral de Colônia é o de maior público na Alemanha, com cerca de quatro milhões de visitantes. Ele é muito popular no exterior. Os visitantes de fora do país representam quase 20% do total de visitantes. A média na Alemanha é de pouco menos de 5% de visitantes estrangeiros. Particularmente bonita é a rede de luzes com 70 mil LEDs que emanam da árvore de Natal.
Foto: Christoph Hardt/Geisler-Fotopress/picture alliance
Catedral sem mercado natalino
A praça em frente à mundialmente famosa catedral de Colônia parecia realmente sombria no ano passado, quando a tradicional feira natalina foi suspensa por causa da pandemia. Em 2021, pela primeira vez em dez anos, a catedral gótica pode ser vista sem andaimes. Esta é mais uma boa razão para visitar o famoso mercado de Natal.