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Eleições no Haiti

8 de dezembro de 2010

Manifestantes tomaram as ruas de Porto Príncipe para contestar resultado da apuração, que indica segundo turno entre candidato do governo e ex-primeira-dama.

Capital haitiana é palco de manifestações violentasFoto: AP

Protestos e manifestações turbulentas marcaram o anúncio do resultado do primeiro turno da eleição presidencial haitiana na noite desta terça-feira (07/12). Após a votação de 28 de novembro, a ex-primeira-dama Mirlande Manigat e o candidato do governo, Jude Celestin, irão para o segundo turno disputar a presidência do país.

Barricadas de pneus queimaram durante a noite, enquanto jovens eram perseguidos por caminhões da polícia pelas ruas de Porto Príncipe. Vários incêndios atingiram pequenas lojas e tiros foram ouvidos nas ruas. Para tentar dispersar os manifestantes em diversos pontos da capital, foram usadas bombas de gás lacrimogêneo.

Segundo o Conselho Eleitoral Provisório do Haiti, Manigat conquistou 31,37% dos votos, Celestin somou 22,48% e Martelly teve 21,84%. Como nenhum deles alcançou 50% do eleitorado, a população irá às urnas novamente, na segunda rodada prevista para 16 de janeiro.

Os resultados oficiais preliminares foram declarados nove dias após as eleições presidenciais e legislativas, realizadas em meio a protestos, acusações de fraude e manifestações violentas no pobre país caribenho.

Resultados provocaram indignação

Candidato Michel Martelly, eliminado da disputa segundo dados oficiaisFoto: AP

Segundo dados oficiais, o cantor popular Michel Martelly ficou com menos de um ponto percentual atrás de Celestin, protegido do presidente René Préval. Martelly, que já acusou Préval e Celestin de tentarem fraudar as eleições, tem até o dia 20 de dezembro para contestar o resultado da apuração.

No entanto, seus adeptos foram diretamente para as ruas de Porto Príncipe, conduzindo uma série de protestos em prol do candidato. "As pessoas vieram votar no Martelly, pois Manigat e Celestin não irão resolver nada. Martelly estava à frente e eles roubaram as eleições", afirmou um dos manifestantes. "Vamos destruir o país até Martelly ser nomeado presidente."

A embaixada norte-americana também se manifestou a respeito, sugerindo que os resultados divulgados não estão alinhados com "o desejo do povo haitiano". Em nota, os Estados Unidos afirmaram que ajudarão a averiguar irregularidades eleitorais,a fim de que o pleito realmente expresse a vontade dos eleitores.

País ainda enfrenta epidemia de cólera

O Haiti luta não apenas para estabelecer a ordem no âmbito político, mas também para conter um dos maiores surtos de cólera dos últimos cem anos. Segundo o Ministério da Saúde, a doença já provocou a morte de mais de 2.100 pessoas e infectou outras 93 mil.

Um polêmico estudo realizado na Haiti pelo epidemiologista francês Renaud Piarroux concluiu que a epidemia teve origem num campo das Nações Unidas com membros do Nepal.

"Não há mais nenhuma explicação possível para a propagação desta epidemia, considerando que não existia cólera no país e também tendo em conta a intensidade e a velocidade da transmissão e a concentração de bactérias no delta do rio Artibonite", afirmou uma fonte a AFP.

Segundo a ONU, no entanto, não há provas conclusivas de que a epidemia tenha se originado no campo de soldados nepaleses. As Nações Unidas examinaram a água no campo militar e no rio, mas os resultados foram negativos.

"Estamos consultando um grande número de especialistas e cientistas para colher o maior número possível de informações", assegurou um porta-voz da ONU.

MDA/rtr/afp/lusa
Revisão: Simone Lopes

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