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Fim da missão

19 de agosto de 2010

Mais de sete anos depois de invadir o Iraque, a última brigada de combate dos EUA saiu do país. Retirada das tropas deixa população temerosa com segurança na região, devido ao pouco preparo das forças locais.

Soldados dão adeus a colegas, na fronteira com o KuwaitFoto: AP

Mais de sete anos depois de invadir o Iraque para derrubar Saddam Hussein, a última brigada de combate dos EUA saiu do país na noite desta quinta-feira (19/8), deixando sensação de incerteza na maioria da população. Os soldados norte-americanos que ainda permanecem no país se ocuparão da assistência às tropas locais.

"Os norte-americanos deveriam ter esperado que o treinamento do Exército iraquiano e da polícia sejam concluídos e que elas se tornem forças confiáveis", diz Ali Chalaf, engenheiro de 30 anos, morador de Bagdá. É certo que muitos iraquianos estão bastante traumatizados pela forma, em parte, brutal de atuar dos norte-americanos, mas a retirada das tropas, a ser concluída até o fim do ano que vem, traz medo a pessoas como Chalaf. Eles temem que a violência venha a crescer no país.

Um indício disso é que, há três dias, ocorreu o pior atentado no país desde o início do ano. Um terrorista suicida detonou uma bomba na última segunda-feira (16/08), no centro da capital iraquiana, diante de um escritório de recrutamento do Exército, matando 59 pessoas.

Desde junho de 2009, quando as tropas norte-americanas começaram a se retirar das cidades, os atentados terroristas vêm crescendo em Bagdá, conta Abu Ali, trabalhador de 34 anos do ministério iraquiano do Interior. "Se eles se retirarem completamente, o que vai acontecer?", ele se pergunta. "Eles têm que ficar, porque o governo não tem controle sobre nada", diz Ali.

Policiais locais temem aumento de trabalho

Sargento manda recado à família ao cruzar fronteiraFoto: AP

"Nossas forças ainda não estão preparadas para proteger a população", opina a professora Muna Dshassim Ali, de Bassora, no sul do país. Uma prova disso, segundo ela, é que muitos atentados aconteceram por lá, "onde há muitos soldados iraquianos". Assim como o escritório de recrutamento também foi alvo de atentado.

Um policial iraquiano de 32 anos que não quis dizer seu nome se mostra resignado. "A retirada dos norte-americanos nos trará mais trabalho", lamenta. "Trabalhamos todos os dias 16 horas, sob esse calor, e estamos cansados", reclama.

O chefe de um grupo tribal, Amer Ahmed el Obaidi, da província de Dijala, preferiria uma retirada gradual sob os auspícios das Nações Unidas. Ele também duvida da capacidade dos policiais e soldados locais. "Nossas forças não dispõem nem de experiência nem de material suficiente", reclama Obaidi.

Analista alemão prevê piora da situação

A retirada de tropas do Iraque não levará a uma tranquilidade imediata no país, afirma o cientista político alemão Volker Perthes, diretor do Instituto Alemão de Política Internacional e Segurança, de Berlim. "Acredito que haverá muitas forças - políticas e de terroristas - que vão tentar mostrar seu poder", afirmou o analista em entrevista à emissora MDR.

Na opinião de Perthes, é provável que as forças de segurança iraquianas venham a atuar de forma mais crua para reprimir o terrorismo do que os soldados norte-americanos. "Nos próximos meses, a situação com certeza se tornará mais áspera", prevê. O analista vê a estabilidade política como uma condição decisiva para o desenvolvimento do Iraque.

Mulher conforta vítima de atentado em BagdáFoto: AP

Americanos se dedicarão à assistência, até retirada total

As Forças Armadas dos Estados Unidos mantêm-se firmes no objetivo de reduzir para 50 mil o número de soldados no Iraque até 31 de agosto, quando a missão de combate de sete anos e meio, lançada pelo então presidente George W. Bush, chegará a seu fim oficial.

A última brigada oficialmente classificada como unidade de combate passou suas responsabilidades às mãos iraquianas em 7 de agosto último, mas os soldados foram saindo do país no decorrer de um período de um ano. Outros 6 mil soldados deverão partir até 31 de agosto, alcançando, então, a cifra de 50 mil soldados que o atual presidente Barack Obama prometeu deixar no Iraque até a retirada total, em fins de 2011.

Na realidade, haverá poucas mudanças na missão dos EUA para o dia 1° de setembro, quando as seis brigadas que ficam no Iraque se converterem oficialmente em unidades de "assessoria e assistência", segundo disse o general Stephen Lanza, porta-voz do Exército norte-americano no Iraque. Muitas unidades militares começaram a se concentrar em treinamento e ajuda às tropas iraquianas e à polícia local há mais de um ano, quando os norte-americanos deixaram as cidades iraquianas.

MD/afp/rtrs/dpa
Revisão: Soraia Vilela

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