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Retrospectiva

(sv)1 de março de 2007

A capital alemã lembra um dos seus filhos célebres: Ernst Lubitsch. Retrospectiva traz curtas desconhecidos do diretor, um documentário sobre ele e clássicos como 'Ser ou Não Ser'.

Ernst Lubitsch: mito da história do cinemaFoto: AP
O diretor Robert Fischer dedicou um documentário em longa-metragem ao Lubitsch de Berlim (Lubitsch aus Berlin). Do filme constam tanto um depoimento do cineasta Tom Tykwer (Lola, Corra, Lola / O Perfume) quanto do especialista Enno Patalas.

Enquanto o primeiro constata simplesmente sempre ter saído da sala de cinema "com esperanças após ver os filmes de Lubitsch", o segundo, um profundo conhecedor da história da sétima arte, acentua que os anos passados em Berlim no início da carreira de Ernst Lubitsch foram "os mais peculiares".

Maratona cinematográfica

Tom Tykwer: feliz depois de um Lubitsch

Ao lado do documentário, exibido na capital alemã neste ano em que se lembra os 60 anos de morte do diretor, uma retrospectiva reúne a partir desta quinta-feira (01/03) nada menos que 40 filmes assinados por Ernst Lubitsch: 18 produzidos ainda na Alemanha antes da emigração e 22 já rodados nos Estados Unidos.

Entre as raridades, há curtas em que o próprio diretor pode ser visto atuando na tela e que são, até hoje, praticamente desconhecidos do público. Para os aficionados, existe até mesmo a oferta de duas "maratonas de filmes mudos" de nada menos que 13 horas ininterruptas, sempre com acompanhamento de um músico ao piano. Nas sessões regulares, outros filmes deverão contar com a presença da Orquestra para Cinema de Babelsberg ou da Orquestra de Braunschweig.

Prenzlauer Berg

Por ocasião da abertura do festival em Berlim, será também inaugurada uma placa em homenagem ao cineasta na antiga casa de seus pais, situada na Schönhauser Allee, hoje uma movimentada avenida no bairro Prenzlauer Berg.

Ernst Lubitsch nasceu em 1892 na atual Torstrasse, em Berlim-Mitte, de família russo-lituana, filho de pai e mãe de origem judaica. Chegou ao cinema depois de uma formação como ator e uma passagem pelo Deutsches Theater.

"Se minha carreira de ator tivesse sido bem-sucedida, eu talvez não tivesse me transformado em cineasta", afirmou o próprio anos mais tarde. O pai, alfaiate, foi ainda mais cruel: "Com essa cara, você quer seguir a carreira de ator?"

Mostrar pouco e insinuar muito

Cena de 'Ser ou não ser' (1942)

Nos anos da Primeira Guerra Mundial, o então jovem diretor teve a sorte de não ser convocado a lutar, salvo pelo passaporte russo que possuía. Dirigiu nada menos que 11 filmes em apenas quatro anos, trabalhou nos estúdios da Ufa em Tempelhof e tematizou várias vezes em seus filmes as massas surgidas com a industrialização.

Seus primeiros trabalhos retratam com ironia a vida de comerciantes judeus na Berlim da época – o que a teórica Lotte Eisner chamaria de jewish slapstick.

Sua predileção por mostrar pouco e insinuar muito e o olhar atento para situações inusitadas e para as inevitáveis fraquezas humanas são alguns dos aspectos do que posteriormente começou a ser chamado de Lubitsch touch. "As lendárias elipses do roteiro só funcionam porque nosso riso cria a ponte entre uma cena e a próxima", afirmou certa vez François Truffaut.

De Berlim a Hollywood

Em 1922, Lubitsch já havia trocado Berlim por Hollywood, de onde seu trabalho ficou mundialmente reconhecido, principalmente as "comédias sofisticadas" como A loja da esquina, Ser ou não Ser e Ninotschka.

Em 1935, dois anos depois de Hitler ter tomado o poder na Alemanha, os nazistas tiraram a nacionalidade alemã do diretor, que pouco depois, em 1936, se tornaria cidadão norte-americano. O espírito e o dialeto berlinenses, afirmam os organizadores da retrospectiva na capital alemã, ele manteve até a morte, em 1947.

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