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Reunificação do Chipre pode estar próxima

10 de janeiro de 2017

Em negociações em Genebra, representantes dos lados grego e turco se mostram otimistas quanto a um Estado com presidência rotativa. Aval de Grécia, Reino Unido e Turquia é necessário.

Negociações sobre reunificação cipriota em Genebra
Negociações sobre reunificação cipriota em Genebra vão de 9 a 12 de janeiroFoto: Reuters/S. Di Nolfi

Apesar de questões-chave ainda estarem em aberto, uma reunificação do Chipre pode estar mais próxima. Nesta quinta-feira (12/01), os líderes dos dois grupos étnicos cipriotas – Nikos Anastasiadis, que representa os gregos, e Mustafa Akinci, do lado turco – devem negociar uma solução definitiva em conjunto com as três potências garantes Grécia, Reino Unido e Turquia. Mas ainda não está claro se todas as partes vão comparecer às negociações conclusivas em Genebra.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, permanece em silêncio, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, vai ser provavelmente reapresentado pelo primeiro-ministro Binali Yildirim, e o premiê grego, Alexis Tsipras, só deve comparecer se as conversas entre Anastasidis e Akinci forem bem-sucedidas nos próximos dias. A participação do novo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também parece depender disso. 

Os líderes dos dois grupos étnicos do Chipre vêm se mostrando otimistas. Há décadas Anastasiadis e Akinci vêm se engajando pela unidade da ilha. Em 2004, eles apoiaram o plano de reunificação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que acabou sendo rejeitado pelos cipriotas gregos. Desde maio de 2015 eles vêm buscando uma nova solução. Apesar do progresso nas conversas nos últimos 18 meses, questões importantes permanecem em aberto e devem agora ser resolvidas em Genebra.

Para o lado greco-cipriota, os pontos centrais são o fim do status de potências garantes para Grécia, Reino Unido e Turquia e a retirada dos 35 mil soldados turcos da ilha. Ambos os pedidos são rejeitados pelos turco-cipriotas. Um acordo poderia resultar na redução do contingente turco para alguns milhares de homens durante um período transitório. Assim, Ancara continuaria desempenhando um papel para a segurança dos cipriotas turcos, mas sem influência sobre todo o Chipre.

Em relação à igualdade política, o lado greco-cipriota parece pronto a aceitar uma presidência rotativa entre os grupos étnicos. Em troca, os representantes turco-cipriotas vão provavelmente concordar em reduzir a fatia do seu território na ilha de 37% para 28,5%. Há um consenso amplo sobre as competências de um futuro Estado federal e dos dois territórios autônomos.

Mustafa Akinci (à esquerda) e Nikos Anastasiadis vêm se engajando há décadas pela unidade da ilhaFoto: Reuters/D. Balibouse

Conduta das potências garantes

No entanto, a reunificação só vai acontecer se as potências garantes concordarem com a solução proposta. A atitude das três varia. O Reino Unido, antiga potência colonial, não tem mais muito interesse em lidar com a questão cipriota, especialmente porque o país vem conseguindo manter sem problemas suas duas bases militares na ilha. A Grécia, que por muito tempo agiu sob o lema "o Chipre decide, e a Grécia não interfere", surpreendeu de maneira desagradável com uma série de demandas consideradas inaceitáveis por Ancara e pelos turco-cipriotas. Atenas ameaçou não participar das negociações se as potências garantes não renunciassem ao seu status e se a Turquia não retirasse seus soldados.

A Turquia está envolvida na questão cipriota de maneira muito mais intensa do que as outras duas potências garantes. O país mantém uma influência poderosa sobre os acontecimentos políticos do Chipre do Norte, garantindo sua existência com o envio de centenas de milhões de euros por ano. Apesar dos laços estreitos, Ancara parece agora disposta a aprovar uma reunificação, como à época do plano Annan, em 2004.

As razões podem apenas ser especuladas. O fato é que a Turquia pode ganhar prestígio internacional se contribuir para a solução de um problema que se arrasta há décadas. Além disso, as negociações envolvendo a candidatura turca à União Europeia, que estão sendo bloqueadas pelo Chipre, podem ser destravadas. A Turquia também pode vir a se beneficiar das reservas de gás no leste do Mediterrâneo. Se uma solução para o conflito cipriota for encontrada, o transporte do gás para a Europa pode passar a ocorrer através do território turco.

Com tanto em jogo, não parece impossível que o próprio presidente Erdogan acabe viajando para Genebra. Mas mesmo nesse caso não se espera que um acordo seja imediatamente alcançado. É mais provável que se concorde em deixar para as próximas semanas discussões conclusivas sobre as questões não resolvidas. Isso envolveria tanto os representantes dos dois grupos étnicos cipriotas quanto as potências garantes.

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