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RFK Jr. desiste de disputa à Casa Branca e endossa Trump

24 de agosto de 2024

Propagador de teorias conspiratórias, candidato independente anuncia que vai retirar candidatura em dez estados para favorecer Trump. Família Kennedy critica endosso. "Final triste para uma história triste", dizem irmãos

 Robert F. Kennedy Jr.
Membro da dinastia política democrata Kennedy, RFK Jr., de 70 anos, vinha aparecendo com entre 2% e 5% das intenções de voto na disputaFoto: Thomas Machowicz/REUTERS

O candidato independente Robert Kennedy Jr. (RFK Jr.) anunciou nesta sexta-feira (23/08) a suspensão da sua campanha à Presidência dos Estados Unidos e declarou apoio ao republicano Donald Trump.

Em um pronunciamento, RFK Jr. afirmou que questões como "liberdade de expressão", a "guerra na Ucrânia" e o que ele chamou de "guerra contra nossas crianças" o levaram a apoiar o ex-presidente de ultradireita Trump contra a candidata democrata Kamala Harris.

"Ainda há muitas questões e abordagens sobre as quais continuamos a ter diferenças muito sérias. Mas estamos alinhados em outras questões importantes", disse RFK Jr. ao endossar Trump.

RFK Jr. pediu para que seu nome fosse retirado das cédulas de dez estados-chave na disputa, como forma de favorecer Trump. Nos outros estados, onde a disputa está menos embolada, ele deve permanecer como candidato.

Após o anúncio, Trump elogiou a decisão de RFK e disse "Nós acabamos de receber um agradável endosso de RFK Jr."

O anúncio da desistência e o endosso já eram esperados. Nesta semana, a vice de RFK Jr., Nicole Shanahan, já havia sinalizado que acaba havia chegado ao fim da linha e que tanto ela quanto RFK Jr. temiam que a continuidade da chapa na disputa aumentasse "o risco" de "uma presidência de Kamala Harris".

Mais recentemente, membros da campanha de Trump, segundo a imprensa americana, começaram a sondar RFK para que ele desistisse, depois que pesquisas indicarem que a candidatura independente estava atraindo eleitores que tenderiam a votar em Trump sem gerar um efeito negativo semelhante na campanha democrata. Esse fenômeno se acentuou depois da saída de Joe Biden da campanha.

Teorias conspiratórias, verme e carcaça de urso

Membro da dinastia política democrata Kennedy, RFK Jr., de 70 anos, vinha aparecendo com entre 2% e 5% das intenções de voto na disputa.

Ex-democrata, ele se lançara como independente na corrida após disputar sem sucesso em 2023 as primárias do seu antigo partido com o atual presidente Joe Biden. À época, pré-candidatura de RFK Jr. foi incentivada por figuras da alt-right como Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, numa aparente tentativa de semear caos entre democratas.

Filho do senador democrata Robert Kennedy e sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy - ambos assassinados na década de 1960 -. RFK Jr, ganhou proeminência em meios conspiracionistas a partir dos anos 2000 por espalhar desinformação sobre vacinas. Antes disso, ele chegou a ser um respeitado ativista ambiental.

Na campanha presidencial, ele chegou a pontuar 10% em pesquisas no início do ano, mas sua candidatura foi definhando conforme o noticiário passou a ser dominado por outros fatos políticos, como o atentado contra Trump, a desistência de Biden e a ascensão de Kamala Harris.

O comportamento excêntrico de RFK Jr. também produziu notícias negativas. Em maio, ele afirmou que médicos haviam descoberto em 2012 um verme que teria comido parte do seu cérebro. Em julho, ele confessou que havia abandonado em 2014 a carcaça de um filhote de urso no Central Park de Nova York - um caso que gerou repercussão uma década atrás e era até então considerado um mistério.

Antes disso, RFK Jr. já havia sido alvo de acusações de antissemitismo e racismo em 2023 por afirmar que a covid-19 era "etnicamente direcionada" para poupar os judeus e chineses. Ele ainda afirmou que produtos químicos usados no tratamento de água estavam transformando as crianças americanas em pessoas transgênero.

A candidatura de RFK Jr. também foi publicamente criticada por membros do seu clã. Membros proeminentes do Partido Democrata também acusaram RFK Jr. de ser um "laranja" de forças de direita - impressão que foi reforçada após o bilionário Timothy Mellon, um dos maiores doadores de Trump, direcionar milhões de dólares para ajudar a campanha de RFK Jr..

Nesta sexta-feira, após a suspensão da campanha, membros da família Kennedy voltaram a criticar RFK Jr. por seu endosso a Trump. Boa parte do clã já declarou apoio a Kamala Harris. "A decisão de nosso irmão Bobby de apoiar Trump hoje é uma traição aos valores que nosso pai e nossa família mais prezam. É um final triste para uma história triste", disseram os irmãos de RFK Jr. em um comunicado.

jps (ots)