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Rio registra centésima morte de policial em 2017

26 de agosto de 2017

Um policial morre a cada dois dias no estado, que, em meio a grave crise financeira, vê índices de violência crescerem em ritmo constante. Corporação fala em omissão de "grande parte da sociedade".

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Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba

Um sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro morreu na manhã deste sábado (26/08) em uma tentativa de assalto em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Com esse novo episódio, o estado atingiu a marca de cem PMs assassinados desde o início de 2017. Em média, um policial morre a cada dois dias no Rio.

O sargento, de 39 anos, foi atingido com um tiro na cabeça. Em nota, o comando da PM do Rio disse que a morte representava um "golpe" fileiras da corporação. "Para a Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro é um golpe a mais em nossas fileiras, parte de uma estatística inaceitável com a qual temos convivido dramaticamente há mais de duas décadas."

Na mesma nota, o comandante-geral da corporação, Wolney Dias, disse estar "revoltado" com "a omissão de grande parte da sociedade que se nega a discutir com profundidade um tema de tamanha relevância".

"A sociedade precisa fazer a sua parte. Precisa refletir com seriedade sobre as causas da violência e se mobilizar para construir um novo cenário", disse. "A Polícia Militar não é a responsável pelo controle das fronteiras e pela investigação do tráfico internacional de armas, nem tampouco pela reforma de leis penais. Também não pode ser responsabilizada pela crise econômica e pela falta de investimento em projetos sociais."

Números

A Baixada Fluminense, onde morreu o sargento, é a região que concentra a maior parte das mortes de policiais no Rio. Foram 27 neste ano.

Números divulgados pela PM apontam que 60% das vítimas morreram quando estavam de folga. "O policial é vítima da violência com uma desvantagem adicional: ao ser identificado como agente de segurança pública num assalto ou qualquer situação de confronto será executado sumariamente", declarou o comando da PM. 

A matança de policiais no Rio também se destaca em comparação com as policiais de outros estados. São Paulo, que conta com um efetivo que representa quase o dobro do número de PMs do Rio, registrou 22 policiais mortos no primeiro semestre de 2017.

Há mais de duas décadas o Rio de Janeiro registra mais de uma centena de PMs mortos por ano. A marca mais alta é a de 1994, quando morreram 227 policiais. Nos últimos anos, a marca de mais cem era atingida nas últimas semanas do ano. A crise financeira que atingiu o estado tem feito com que os números cresçam em um ritmo constante e as marca seja ultrapassada cada vez mais cedo. Em 2015, 118 PMs morreram. Em 2016, foram 147, entre policiais de folga, inativos e em serviço.

Em janeiro, a própria corporação fluminense apresentou uma comparação ainda mais chamativa: a média de PMs mortos no estado é maior que o número de baixas registradas pelo Exército americano na Segunda Guerra Mundial.

Entre 1994 e 2017, 3.087 policiais morreram no Rio de Janeiro. A média alcançou 3,52% do efetivo da tropa no período. No Exército americano, o número alcançou 2,52%. "É 765 vezes mais fácil você ser ferido servindo na polícia do Rio do que estando em guerras como a Guerra do Golfo", disse o coronel Fabio Cajueiro, oficial responsável por tabular as estatísticas.

A violência geral também está em alta no Rio. No primeiro semestre deste ano, o estado registrou 3.457 mortes violentas. No mesmo período de 2016, foram 3.006.

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