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Rio+20 precisa ir além dos discursos, pede secretário-geral

Augusto Valente9 de março de 2012

Em visita ao Brasil, Sha Zukang disse que os países devem traçar metas ambiciosas e trabalhar para conseguir resultados concretos. Crise mundial e eleições gerais em alguns países também são motivo de preocupação.

Foto: Emival Sizino/Ministério do Meio Ambiente

A palavra de ordem é agir. Autoridades brasileiras e representantes das Nações Unidas pedem que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – a Rio+20 –, marcada para junho, vá além das palavras e discursos dos países-membros. Sha Zukang, secretário-geral da conferência, reiterou diversas vezes, em sua visita ao Brasil, que o mundo não precisa de palavras, mas de acordos concretos baseados em objetivos claros.

Apesar da necessidade de traçar metas ambiciosas para a conferência, Sha Zukang alertou para dificuldades que podem influenciar os últimos meses de preparativos. "Muitos dos Estados-membros, entre eles os Estados Unidos e a China, estão, este ano, passando por eleições internas. Normalmente, em ano eleitoral, os políticos se ocupam de assuntos internos", alertou Zukang, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (09/03), ao lado da ministra brasileira de Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Apesar disso, ele recomendou que o tema desenvolvimento sustentável seja encarado como ponto de união – e não de embate – entre os políticos em disputa eleitoral.

Sobre a influência das eleições em alguns países na definição de agenda, a ministra brasileira garante a participação de chefes de Estado, independentemente das eleições. "O ano de eleição sinaliza que há dificuldade de engajar chefes de Estado em debates preparatórios, por eles estarem concentrados em questões internas.". E lembrou que cerca de 80 países já confirmaram a presença na conferência, número que aumenta a cada dia. Por outro lado, segundo a ministra, a presença dos chefes de Estado assegura que a conferência não seja de retórica e, sim, de resultados, uma vez que há compromisso para que os governantes eleitos deem continuidade às ações.

Crise internacional

"Ainda estamos sob a sombra da crise financeira", alertou Zuckang. E esse poderá ser um fator que traga efeitos negativos para a Rio+20, caso as parcerias internacionais não sejam fortalecidas. Para ele, "muitos dos países desenvolvidos têm suas prioridades agora, estão passando por dificuldades e batalhas internas. Para uma transição para uma economia verde que funcione, precisamos fortalecer as parcerias, e isso implica mais ajuda dos países desenvolvidos. Então, esse é um problema que pode criar alguma dificuldade para que eles assumam compromissos futuros".

Zukang lembrou que as discussões na conferência devem levar em conta os três pilares do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental. Na visão do secretário-geral, apesar das dificuldades, o clima deve ser de otimismo. "As dificuldades são temporárias, precisamos olhar para o futuro", disse.

Infraestrutura e agenda

O secretário-geral da Rio+20 chegou ao Brasil na última segunda-feira, acompanhado de uma comissão técnica e de funcionários de departamentos da ONU responsáveis pela organização da conferência. Os dois objetivos principais da visita foram discutir aspectos logísticos e avançar na definição da agenda ampla.

Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, Sha Zukang disse que o país terá um desafio a mais, uma vez que, para este encontro, deverão vir representantes de cerca de 120 países, número maior do que o registrado na última conferência, em 1992.

Numa coletiva concedida no Rio de Janeiro, Zukang disse estar confiante de que a Rio+20 será um sucesso, e que o Brasil tem demonstrado capacidade em atender às exigências de infraestrutura – logística, segurança, acomodações etc..

Desmatamento na AmazôniaFoto: AP

Rio +20

A Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio +20, acontece entre 13 e 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, a mesma que, há duas décadas, foi palco da Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento). O evento de junho terá dois principais temas: economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

A expectativa é que a conferência reúna entre 50 mil e 60 mil participantes, incluindo representantes de cerca de 100 países e da sociedade civil. A conferência inclui eventos paralelos, como reuniões preparatórias para redação final dos documentos, reuniões da sociedade civil e cúpula de alto-nível.

Paralelamente à Rio+20, acontecerá a Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, evento anunciado ao finaldo Fórum Social Temático, em janeiro deste ano. A exemplo do Fórum,o objetivo da Cúpula é fazer com que a conferência vá além das discussões e proponha ações para um mundo mais justo, incluindo as demandas dos movimentos sociais.

Ainda estão previstas outras sessões de negociação: de 19 a 27 de março e de 23 de abril a 4 de maio em Nova York; além da última reunião preparatória, marcada para acontecer já dentro do calendário da conferência, no Rio de Janeiro, entre os 13 e 15 de junho.

Autoria: Ericka de Sá
Revisão: Augusto Valente

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