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Ritmo do desmatamento na Amazônia cai e é o menor em 9 anos

7 de novembro de 2024

Destruição da floresta foi 30% menor do que a registrada no período anterior. Devastação do Cerrado também está em queda após anos de alta.

Árvore caída no chão no meio de buraco desmatado na Floresta Amazônica
Queda do desmatamento na Amazônia é registrada pelo segundo ano consecutivo Foto: Alberto Araújo/Amazônia Real

Pelo segundo ano consecutivo, a velocidade do desmatamento na Amazônia registrou queda. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, a destruição da maior floresta tropical do mundo caiu 30,6% em relação ao período passado e totalizou 6.288 quilômetros quadrados. É a menor área dos últimos nove anos.

Os dados são do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram anunciados nesta quarta-feira (6/11) em Brasília.

"Conseguimos este resultado graças a ação integrada do governo federal com o governo dos estados. E isso vai muito além das ações de comando e controle", disse Marina Silva, ministra de Meio Ambiente, durante o anúncio, referindo-se a políticas como a de investimento em bioeconomia e ordenação territorial.

Segundo o governo federal, houve um aumento de 98% de multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) durante a fiscalização – ou ações de comando e controle – em relação à média de infrações emitidas nos anos do mandato de Jair Bolsonaro.

Com essa freada no corte da vegetação nativa, o país deixou de emitir cerca de 400 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2). "Isso equivale a emissão anual da Argentina", comparou Geraldo Alckmin, vice-presidente, que representou Luiz Inácio Lula da Silva, que cancelou sua participação no evento na última hora.

Pela primeira vez, o Prodes foi feito com imagens obtidas pelo satélite Sentinel, da agência espacial europeia. "A resolução é de dez metros e permite que os polígonos sejam vistos com maior resolução. Usamos também imagens de radar que vê por meio das nuvens. É a primeira vez que 100% da área monitorada foi totalmente observada", disse Claudio Almeida, chefe do programa no Inpe.

Nos dois primeiros anos deste governo Lula, a redução de desmatamento na Amazônia chegou a 45% em comparação com 2022.

Cerrado reverte tendência

Depois de cinco anos de aumentos consecutivos, a devastação no Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro por onde se espalha principalmente o cultivo de soja, registrou queda. Foram 8.174 km2 que desapareceram, uma redução de 25,7% em relação ao período anterior, apontou o Inpe.

Como no ano passado, o desmatamento se concentrou especialmente na região do Matopiba, acrônimo para os estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, para onde se expande a fronteira agrícola. No período analisado, esta área concentrou 76% do corte total do Cerrado.

A maior floresta tropical começou a morrer: e agora?

12:06

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O cenário preocupante no bioma levou o governo federal a assinar um pacto com os estados para controlar o desmatamento ilegal. Dentre as medidas em vigor está uma lista atualizada constantemente feita pelo ministério e entregue às secretarias estaduais com indicações das propriedades que desmataram mais de 50 hectares. Desta maneira, é esperado que equipes de fiscalização estadual ajam com rapidez.

Repercussão

Para o Observatório do Clima, os números são um "trunfo do país" e uma "vitória para Lula e Marina Silva" no dia em que Donald Trump foi eleito nos Estados Unidos, resultado que é visto como uma ameaça ao regime climático multilateral às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP), que ocorre neste ano em Baku, no Azerbaijão.

"O mundo precisa de um líder na agenda de clima, e o governo Lula tem todas as chances de assumir esse papel. Compromissos pelo fim do desmatamento e a eliminação do uso de combustíveis fósseis são o passaporte para essa liderança", afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. "Os números de desmatamento de 2024 são uma enorme credencial para o Brasil, mas é preciso ir além. Precisamos de ambição e ousadia."

Mariana Napolitano, diretora de estratégia do WWF-Brasil, defende que a queda precisa ser mantida até que a destruição na Amazônia seja zerada. "Não podemos esquecer que, apesar da boa notícia, a floresta está perto do ponto a partir do qual não conseguirá se sustentar. Isso significa que qualquer desmatamento adicional coloca em risco os serviços ecossistêmicos dos quais todo o país depende, já que a floresta desempenha um papel crucial para a segurança hídrica e energética do país, para a regulação do clima do continente e para o combate à emergência climática", declarou à DW.

Napolitano alerta para o risco de a destruição, em vez do corte raso das árvores detectado por satélites, ser promovida à base de agrotóxico, como já registrado em alguns locais. Esse método promove uma morte que não é capturada imediatamente pelos satélites, pontua a porta-voz do WWF-Brasil.

O Greenpeace saúda o retorno da fiscalização contra os crimes ambientais, mas lembra que o recorde de queimadas na região mostra que ainda há muito o que fazer para cumprir a meta de desmatamento zero.

Thais Bannwart, da Frente de Florestas da ONG, ressalta que é fundamental vigiar os setores e instituições financeiras que bancam a destruição ilegal. "Na discussão sobre quem paga a conta, é fundamental responsabilizar as empresas que contribuíram com o caos climático e que lucram com a destruição da natureza, via tributação, eliminação de subsídios e punição pelos danos que causaram", aponta.

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