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Rival de Merkel despenca nas pesquisas após declarações polêmicas

11 de janeiro de 2013

Ele não bebe vinho que custe menos de 5 euros e acha o salário de um chanceler federal alemão muito baixo. A oito meses da eleição, declarações desse tipo fazem o social-democrata Peer Steinbrück desabar nas pesquisas.

Foto: dapd

Há cerca de cem dias Peer Steinbrück é o candidato do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) para enfrentar a chanceler federal Angela Merkel nas eleições parlamentares de setembro deste ano. De lá para cá, o político tem se destacado com manchetes negativas na imprensa, motivadas por declarações embaraçosas que fazem sua popularidade cair cada vez mais.

Uma pesquisa da rede de televisão ARD, realizada nos dias 7 e 8 de janeiro, apontou que Steinbrück receberia 30% dos votos, contra 55% para Merkel, caso os alemães pudessem eleger o chanceler federal diretamente. Na enquete anterior, feita há um mês, Steinbrück obtivera 39%, contra 49% da chanceler federal.

Na pesquisa da emissora ZDF, 65% dizem preferir Merkel no cargo de chanceler federal e só 25% escolheram Steinbrück. Merkel ganhou 11 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, o mesmo número de pontos perdidos pelo social-democrata.

Outra pesquisa, encomendada pela cadeia de televisão RTL, mostrou que o respaldo para o ex-ministro das Finanças caiu dos 26% registrados antes do Natal para 22%, enquanto o apoio a Merkel cresceu sete pontos percentuais, atingindo 58%.

"Por causa de Steinbrück, o SPD está numa situação em que deveria ficar contente se conseguir chegar aos 30%", disse Manfred Güllner, diretor do instituto de pesquisas de opinião Forsa, em entrevista à Deutsche Welle. Enquanto isso, a legenda rival CDU, de Merkel, tem como meta a marca dos 40%, o que é alcançável pelas atuais pesquisas.

Merkel e seu principal desafiante nas eleições de 2013: chanceler federal lidera na preferência dos alemãesFoto: Getty Images

Minando a própria candidatura

Numa entrevista, Steinbrück afirmou que nunca beberia um vinho tinto que custe até 5 euros, por exemplo. Com declarações desse tipo, um social-democrata com pretensões a chanceler federal afugenta todos aqueles que não podem comprar um vinho sequer nessa faixa de preço.

Claro que se pode propor, como fez Steinbrück, fechar os escritórios dos ministérios que ainda estão na antiga capital, Bonn, transferindo-os para Berlim. Mas um candidato a chanceler federal precisa saber que, assim, não conquistará eleitores no populoso estado da Renânia do Norte-Vestfália, onde fica Bonn.

Também não é novidade que um chanceler federal alemão ganha pouco em comparação a qualquer diretor de banco regional. Mas, se quem faz essa afirmação postula a posição de chefe de governo, deve estar consciente de que deixará a impressão de que só está interessado no dinheiro. Na mesma entrevista, Steinbrück também acusou Merkel de ter um "bônus" de imagem por ser mulher.

Assim, surge a suspeita de que Steinbrück está, inconscientemente, minando a própria campanha e, na verdade, não quer ser chanceler federal. Afinal, ele é um político experiente e visto como uma pessoa de inteligência acima da média, alguém que deveria saber o tamanho do estrago de declarações desse tipo. "A cada entrevista sua imagem fica mais prejudicada. A distância entre Merkel e Steinbrück é a maior que já houve", constatou Güllner.

O problema de Steinbrück se chama Steinbrück

O cientista político Volker Kronenberg, da Universidade de Bonn, diz que Steinbrück cultiva uma "aura de independência" em relação ao SPD, e nunca se posicionou como um soldado do partido. O especialista ressalta, em entrevista à DW, que o rival de Merkel insiste em ter uma postura independente, até mesmo diante partido pelo qual pretende ganhar a eleição.

"Além disso, ele cultiva também a imagem do homem de ação, que diz o que pensa", ressalta Kronenberg. "Assim, ele quer construir uma imagem oposta à da chanceler federal e à clássica imagem do político profissional."

Para Kronenberg, o dilema de Steinbrück é que ele não consegue combinar essa imagem com as exigências da política cotidiana. Se ele deixar de dizer o que pensa, arrisca-se a perder seu diferencial. Se mantiver sua espontaneidade, corre o risco de manchar ainda mais a própria reputação.

Steinbrück cultiva a imagem de pessoa autêntica, que diz o que pensaFoto: Reuters

Ainda dá para mudar

O dano causado por Steinbrück a si mesmo nos últimos três meses é grande. É o que mostra uma pesquisa do Instituto Forsa, na qual os entrevistados foram questionados sobre as características que associam ao candidato social-democrata. "Os atributos negativos predominam. Ganancioso, arrogante, insensível, antipático. A competência do candidato praticamente não é mencionada", destaca Güllner.

Embora Kronenberg concorde que a imagem do candidato esteja arranhada, ele está convencido de que isso não necessariamente decidirá a eleição. "Ainda é muito cedo. As coisas podem ser corrigidas", diz.

Até as eleições parlamentares de setembro há um longo caminho a ser percorrido, e muita coisa ainda pode acontecer, concordam os analistas. Mas, para Güllner, Steinbrück carrega um fardo pesado nas costas. "Se ganância é a característica que domina sua imagem, será difícil se livrar dela", considera.

Para Kronenberg, há chances de Steinbrück virar o jogo. O especialista acredita que ainda surgirão oportunidades de o candidato mostrar suas qualidades. "Já vimos o cenário inverter-se outras vezes. Oito meses é muito tempo", pondera.

Autor: Dirk Kaufmann (md)
Revisão: Luisa Frey / Alexandre Schossler

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