Benny Gantz não consegue fechar coalizão, aprofundando impasse político em Israel. País caminha para sua terceira eleição em menos de um ano.
Anúncio
O principal líder da oposição de Israel, Benny Gantz, comunicou nesta quarta-feira (20/11) ao presidente do país, Reuven Rivlin, que não foi capaz de formar uma coalizão de governo. O anúncio aumenta a probabilidade de uma nova eleição para o Parlamento- a terceira em menos de um ano no país.
Gantz, líder do partido centrista Azul e Branco, teve 28 dias para formar um governo, mas desistiu após tentar, sem sucesso, um acordo para alcançar um governo de minoria no Knesset (Parlamento) ou de união nacional com o partido do atual premiê interino, Benjamin Netanyahu. Ele anunciou que seus esforços fracassaram antes mesmo do fim do prazo concedido pelo presidente.
Com a persistência do impasse político para escolher um novo primeiro-ministro, Gantz abre o caminho para todos os 120 membros do Knesset tentarem formar um governo. A partir desta quinta-feira, qualquer legislador, incluindo Gantz e Netanyahu, terá 21 dias para encontrar pelo menos 61 apoiadores no Parlamento e tentar fechar uma coalizão.
Depois, o legislador que ganhar esse apoio terá o prazo de 14 dias para fechar uma coalizão. Se nenhum membro do Knesset obtiver o apoio necessário, ou se alguém o alcançar, mas também não conseguir formar um governo dentro do prazo, novas eleições deverão ser convocadas, muito provavelmente para serem realizadas em março.
"Em muitos aspectos, este estado de impasse político não tem precedentes em Israel", afirmou Ofer Kenig, do Instituto de Democracia de Israel. "O país nunca teve duas rodadas de eleições tão próximas uma da outra; nunca houve um governo de transição em vigor para um período tão longo; e nunca houve tantos vetos mútuos entre parceiros de coalizão."
Gantz precisava do apoio de mais da metade dos 120 membros do Knesset. O Azul e Branco obteve 33 assentos nas últimas eleições, em setembro, e, assim, dependia de uma coalizão suprapartidária. No mesmo pleito, o Likud, legenda de Netanyahu, elegeu 32 parlamentares. São necessárias pelo menos 61 cadeiras para conseguir forma uma coalizão estável em Israel.
O premiê se encontrou com Gantz nesta terça-feira para tentar negociar um governo de união nacional, em que ambos os partidos se revezariam no comando do país. Mas Gantz e a legenda Azul e Branco se recusam a formar um governo com Netanyahu, que enfrenta uma série de acusações de corrupção, entre elas suspeitas de suborno, fraude e abuso de confiança.
É esperado que o procurador-geral de Israel anuncie sua decisão de recomendar ou não que o primeiro-ministro seja indiciado até o início da próxima semana.
"Um terceiro turno de eleições não seria ruim, mas não se pode abandonar princípios e valores fundamentais", frisou Gantz após a reunião com o presidente do país. "Nós continuaremos a fazer todos os esforços e a não deixar pedra sobre pedra a fim de chegar a um entendimento, também com o tempo restante, a fim de evitar eleições dispendiosas e desnecessárias."
O impasse após as eleições de setembro fez com que a tarefa de formar um governo fosse desafiadora, já que Gantz e Netanyahu não tinham a maioria necessária para governar. Gantz tinha sublinhado que gostaria de uma grande coalizão, mas não com o Likud liderado por Netanyahu.
Complicando ainda mais as conversações, Netanyahu assinou um acordo com os partidos de direita e ultraortodoxos que o apoiam, comprometendo-se a não entrar numa coalizão sem seus parceiros. O partido de Gantz, pelo contrário, tinha falado em formar um governo de unidade liberal, que entraria em conflito com os interesses dos partidos ultraortodoxos.
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.