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Rival de Putin deixa prisão após indulto

20 de dezembro de 2013

Mikhail Khodorkovsky é visto como o maior rival do presidente Vladimir Putin. Condenado por crimes financeiros, ex-magnata do petróleo passou mais de dez anos preso. Após libertação, ele viajou para a Alemanha.

Foto: Reuters

Após mais de dez anos de prisão, o ex-magnata do petróleo e opositor russo Mikhail Khodorkovsky foi libertado graças a um indulto do presidente russo, Vladimir Putin. O crítico do Kremlin deixou nesta sexta-feira (20/12) a colônia penal onde estava detido na região da Carélia, no noroeste da Rússia.

Segundo as autoridades russas, Khodorkovsky teria viajado imediatamente para a Alemanha, onde a mãe dele está sendo tratada de um câncer.

O empresário, considerado o preso político mais importante da Rússia por defensores dos direitos humanos, havia sido preso em outubro de 2003 e condenado dois anos mais tarde a quase 14 anos de detenção por crimes financeiros, como fraude e evasão fiscal.

O chefe de governo russo anunciou nesta quinta-feira a decisão de indultar o preso mais famoso do país, que deveria deixar a prisão no segundo semestre de 2014. Putin afirmou que Khodorkovsky − que chegou a ser considerado por muitos o maior inimigo político do chefe do Kremlin − cedeu às exigências legais e solicitou o indulto ao presidente. O motivo seria a piora no estado de saúde de sua mãe.

Até agora, o antigo homem mais rico da Rússia havia se negado a solicitar o indulto por questão de princípios, já que não se reconhecia culpado pelos delitos pelos quais foi condenado. Pouco depois do anúncio, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que, ao pedir o perdão, o fundador da companhia petrolífera Yukos admitiu ser culpado das acusações.

Alguns analistas veem uma concessão de Putin ao Ocidente nas libertações de Khodorkovsky, de ativistas do Greenpeace e de integrantes da banda punk Pussy Riot. O motivo seriam os Jogos de Inverno de Sochi, boicotados por vários líderes internacionais.

Bilionário na era Yeltsin

O ex-presidente da petrolífera Yukos era o homem mais rico da Rússia quando foi preso, com uma fortuna estimada em 8 bilhões de dólares. O magnata do petróleo foi considerado culpado em dois processos, um deles referente à sonegação de impostos. Sua empresa foi desmantelada.

Khodorkovsky em 2003, quando era presidente da petrolífera YukosFoto: Maxim Marmur/AFP/Getty Images

Matthias Schepp, chefe do escritório do semanário alemão Der Spiegel em Moscou, conhece Khodorkovsky desde a metade dos anos 80, quando ele ainda era um dos oligarcas do país. "Era sem dúvida o mais quieto de todos eles, e o mais tranquilo", relembra o jornalista em entrevista à DW. "Ele não demonstrava ambições políticas em suas conversas comigo."

O magnata, porém, não ficou distante da política. Em 1996, ele e outros oligarcas russos apoiaram a reeleição do presidente Boris Yeltsin. "Como recompensa, o governo cedeu a eles a melhor fatia da indústria russa a um preço ridiculamente baixo", observa Schepp.

Em poucos anos, Khodorkovsky criou a Yukos, a maior empresa petrolífera da Rússia. Havia rumores de que ele poderia desafiar politicamente Putin. Mesmo que negasse a intenção de concorrer à presidência, Khodorkovsky financiava uma ala da oposição.

Em encontro de Putin com oligarcas do país, o magnata do petróleo denunciou publicamente a corrupção do governo. A reunião acabou em gritaria, e alguns meses mais tarde o chefe da Yukos acabou preso.

Um quinto da vida atrás das grades

Khodorkovsky ficou detido primeiramente em Moscou e, mais tarde, foi transferido para uma colônia penal na Sibéria. Na prisão, o ex-bilionário trabalhava costurando luvas. Nos últimos anos esteve preso em uma pequena cidade chamada Segescha, na região da Carélia, a 1.200 quilômetros de Moscou. Uma de suas últimas tarefas na colônia penal era dobrar pastas de arquivo.

Em 2013, completou 50 anos, o que significa que passou um quinto da vida encarcerado. Numa entrevista, ele afirmou, em tom irônico, que, se soubesse que seria assim, teria atirado em si mesmo.

Khodorkovsky vinha se recusando até hoje a chegar a um acordo com o Kremlin, que oferecia a possibilidade de libertação em troca da admissão de sua culpa. Principalmente o segundo julgamento de Khodorkovsky foi bastante criticado. A Corte Europeia de Direitos Humanos, em Estrasburgo, julgou que os processos contra ele não apresentavam provas suficientes para incriminá-lo e considerou sua condenação política.

O caso Khodorkovsky sempre dividiu a Rússia. Para alguns, ele é de fato um corrupto; para outros, um mártir. Muitos ainda querem que o ex-magnata entre para a política. "Meu pai é visto mais com um líder moral", defende Pavel Khodorkovsky. No entanto, seu pai já deixou claro em seus livros que não aspira um papel de líder da oposição.

MD/dw/efe/afp/dpa

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