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Robôs agrícolas inteligentes para preservar o meio ambiente

Nils Zimmermann
5 de junho de 2018

Pesquisas desenvolvem cada vez mais máquinas que atuam com precisão em solos específicos. Segundo especialista, solução poderia aumentar lucro, além de reduzir custos e uso controverso de herbicidas como o glifosato.

Cada vez mais pesquisadores desenvolvem robôs para ajudar na lavoura
Cada vez mais pesquisadores desenvolvem robôs para ajudar na lavouraFoto: SRF

Hoje em dia, muitos agricultores utilizam o herbicida glifosato para eliminar plantas indesejadas de suas lavouras. Se essas ervas daninhas fossem simplesmente capinadas, seria possível combatê-las sem qualquer uso de química. Mas essa opção é muito laboriosa e, portanto, cara. Por enquanto, pois os pesquisadores procuram soluções.

Segundo o professor Simon Blackmore, que lidera o grupo de pesquisas Robotic Agriculture na Universidade Harper Adams, na Inglaterra, estão sendo desenvolvidos cada vez mais sensores precisos e sensíveis, capazes de medir a "complexidade do ambiente em expansão" em cada metro quadrado de solos aráveis.

Os sensores conseguem identificar automaticamente o estado dos solos, seus índices hídricos, as pragas e doenças existentes e o tipo e estado das plantas. Blackmore acredita que nos próximos anos e décadas a agricultura será bem diferente da atual, uma vez que esse tipo de sensor estará cada vez mais integrado a drones e sistemas de robótica terrestres móveis.

"Estamos desenvolvendo toda uma série de máquinas inteligentes, que talvez vão substituir o trator e a ceifadeira", explica Blackmore. "E desenvolvemos sistemas para substituir herbicidas. Um projeto em que estou trabalhando se chama 'capinagem a laser'."

Danos ambientais da aplicação em massa de glifosato são conhecidosFoto: Getty Images/AFP/J.-F. Monier

Canhão a laser contra ervas daninhas

O robô Hyperweeder ("hiperremovedor de ervas daninhas") de Blackmore possui câmeras e um computador. Com um software de processamento de imagens e reconhecimento de formas para até 26 plantas, a máquina consegue detectar ervas daninhas.

Ele analisa a forma do vegetal para identificar onde está o meristema, tecido responsável pelo novo crescimento. Uma vez encontrado, o robô o alveja com um minicanhão a laser, a planta é aquecida a 95 graus centígrados, o que impede que continue a crescer.

Numa outra versão do robô, uma pistola de pulverização substitui o canhão a laser: um herbicida como o glifosato é pulverizado diretamente sobre a erva daninha, eliminando-a. Aqui, a vantagem é que, aplicando-se os herbicidas apenas nas ervas daninhas, sem atingir as plantas de cultivo ou o solo, podem-se poupar mais de 99% dos produtos químicos usados na agricultura.

Assim o impacto sobre meio ambiente seria menor, com bem menos resíduos de herbicidas nos alimentos colhidos. Os custos também cairiam, já que esses produtos são vendidos por litro.

Soluções para pequenos campos

No momento ainda não existe essa "agricultura de precisão", como a denomina Blackmore. No entanto ele está convencido que um dia ela vai ajudar a reduzir custos, aumentar o lucro e proteger o meio ambiente.

Segundo o especialista, uma população mundial crescente e áreas de cultivo restritas criam a necessidade de uma "intensificação sustentável". E os métodos da agricultura de precisão possibilitam o cultivo de mais alimentos com menos energia e menos herbicidas numa determinada área.

Blackmore afirma ainda que os agricultores precisam se despedir dos métodos de cultivo generalizadores, que usam grandes quantidades de produtos químicos e máquinas extremamente pesadas. Para essa reforma, contudo, são necessárias novas ferramentas.

Hoje faltam principalmente tecnologias apropriadas para otimizar lucro e qualidade em pequenas plantações. Os enormes tratores modernos têm vantagens quantitativas, mas exigem grandes áreas de cultivo. Na Ásia, por exemplo, o tamanho médio dos campos agrícolas é de apenas um hectare (mais ou menos a área de um campo de futebol).

Para Simon Blackmore, aplicação de herbicidas por robôs como este chinês reduziria veneno nas plantaçõesFoto: picture-alliance/Zumapress/S. Qing

Grandes máquinas, custos altos

Além disso, máquinas pesadas como os tratores atuais são prejudiciais para os solos, comprimindo e danificando o subsolo sobre o qual operam. Todos os anos, no período que antecede o plantio, solos comprimidos precisam ser arados e gradados, para torná-los novamente soltos e adequados ao crescimento das plantas. Esses processos consomem "até 90%" da energia investida na lavoura, além de "muitas horas de trabalho pago dos tratoristas", detalha Blackmore.

Máquinas mais leves não danificam tanto os solos. Os métodos que mais poupam as áreas de plantio são aqueles que minimizam ou até prescindem completamente de aragem. Se sistemas de cultivo de precisão por robôs tornarem esse processo obsoleto, os agricultores poderiam reduzir gastos – contanto que os custos do emprego de robôs não sejam altos demais.

Para o professor da Universidade Harper Adams, seria possível reduzir os custos totais da produção de alimentos usando-se mais a tecnologia da informação na agricultura: cada metro quadrado de campo cultivado de forma diferente, e se dependeria cada vez mais de robôs.

"Não podemos mais trabalhar com médias estatísticas. Em vez de uma agricultura unificada, que tenta homogeneizar os campos agrícolas e usa máquinas pesadas, visando vantagens quantitativas, precisamos de uma agricultura flexível, que leve em conta as condições locais dos solos, a meteorologia, o microclima, as ervas daninhas e outros fatores."

Blackmore reconhece que ainda vai levar alguns anos até máquinas desse tipo encontrarem ampla disseminação na agricultura, mas acredita firmemente que elas determinarão o futuro do setor.

Talvez robôs como o Hyperweeder não venham a tornar totalmente supérfluos o glifosato e outros herbicidas. Mas, se máquinas capinadoras passarem a fazer parte do cotidiano, se poderá pelo menos reduzir drasticamente a quantidade de veneno empregado no cultivo em solos livres de ervas daninhas.

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