Robert Koch: grande descobridor de pequenas bactérias
Helle Jeppesen
26 de maio de 2010
Um dos fundadores da microbiologia, o alemão Robert Koch foi quem descobriu o agente do carbúnculo e o bacilo da tuberculose.
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O médico e cientista Robert Koch, um dos precursores da moderna bacteriologia, dedicou-se a pesquisas sobre as relações entre agentes bacterianos e a transmissão de doenças, e a relação entre higiene e epidemias.
Suas teses aumentaram a expectativa de vida e melhoraram a saúde da população não só na Alemanha, mas continuam, até hoje, sendo consideradas verdadeiros fundamentos da microbiologia moderna.
Durante a Guerra Franco-Prussiana, de 1870 a 1871, Koch trabalhou como cirurgião. Ao regressar ao país, assumiu a função de médico oficial da cidade na antiga província alemã de Posen (hoje Poznan, na Polônia). Ali começou a estudar a biologia das bactérias.
Carbúnculo e tuberculose
Naquela época, não havia ainda microscópios eletrônicos e, desta forma, as bactérias eram os menores agentes que podiam ser examinados através do microscópio. Koch descobriu o agente bacteriano causador do carbúnculo (ou antraz) e descreveu, pela primeira vez, como a transmissão da doença se dá através dos esporos – este foi seu primeiro grande trabalho científico, publicado em 1876.
Mais tarde, Koch foi chamado a Berlim para assumir a direção de um laboratório bacteriológico recém-criado, onde conseguiu detectar o agente causador da tuberculose. Com a Etiologia da Tuberculose, Koch conseguiu, pela primeira vez na história, identificar um micro-organismo patogênico. Por este trabalho sobre a bactéria da tuberculose, ele recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1905.
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Viagens e descobertas de Robert Koch
Heinrich Hermann Robert Koch nasceu em 11 de dezembro de 1843 em Clausthal e morreu em 27 de maio de 1910 em Baden-Baden. Robert Koch era, acima de tudo, um homem do seu tempo, que viveu em uma era de muitas viagens, descobertas e novas pesquisas. Ele próprio viajou muito, a fim de entender melhor os agentes causadores de doenças e suas vias de transmissão.
No Egito e na Índia, Koch pesquisou o causador do cólera; na antiga Rodésia (hoje Zimbábue), dedicou-se ao estudo da peste bovina e da febre aftosa; na Itália, no leste da África e na Indonésia, realizou pesquisas sobre a malária.
Robert Koch é reconhecido em todo o mundo como um dos pais da moderna Medicina Tropical e da Microbiologia. Ele desenvolveu métodos de cultivo de bactérias que ainda hoje são aplicados na Microbiologia.
Acima de tudo, Koch ainda é considerado o maior descobridor das pequenas bactérias. As Nações Unidas declararam o 24 de março como o Dia Internacional da Tuberculose: neste dia, Robert Koch havia feito seu discurso explicando as formas através das quais ele conseguiu descobrir o agente causador da doença pulmonar.
Hoje, o então Instituto Real Prussiano de Doenças Infecciosas, criado para o pesquisador, leva seu nome: Instituto Robert Koch, em Berlim.
As ruínas do Sanatório de Beelitz
Antigo sanatório, construído para tratar tuberculosos no fim do século 19, tornou-se a principal atração de pequena cidade vizinha a Berlim.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Ar puro
O Sanatório de Beelitz foi construído na passgem do século 19 para o 20, para tratamento de trabalhadores da capital alemã diagnosticados com tuberculose. O local para a construção da clínica foi escolhido pela proximidade a Berlim e pelo seu ar puro que, na época, era uma das principais terapias para a doença. Hoje, a vegetação tomou conta das ruínas.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Mulheres e homens separados
Mulheres e homens eram tratados em locais separados do complexo hospitalar. A ala feminina foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e acabou abandonada no fim do conflito, abrindo espaço para que um pequeno bosque crescesse em seu teto.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Hospital militar durante guerras
Durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o Sanatório de Beelitz foi transformado em hospital militar. Somente na Primeira Guerra, ele recebeu cerca de 17,5 mil soldados convalescentes. Adolf Hitler teria sido tratado no local entre outubro e dezembro de 1916.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Ocupação soviética
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o complexo foi ocupado pelo Exército Soviético. Até o fim da Guerra Fria, o Sanatório de Beelitz foi o maior hospital militar da União Soviética no exterior.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Fim da Guerra Fria
Após a reunificação alemã e o fim da Guerra Fria, o Exército Soviético deixou o complexo em 1994. Investidores buscaram novas utilizações para o local, declarado patrimônio histórico Por isso as construções originais não podem ser demolidas, apenas reformadas, preservando suas características. Porém nenhuma das ideias saiu do papel e o complexo está abandonado há mais de 20 anos.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Ala cirúrgica
A antiga ala cirúrgica foi utilizada até 1994. Atualmente, pouco resta no antigo prédio, um dos que mais sofreu com o vandalismo. Um dos armários utilizados para guardar medicamentos, porém, sobreviveu, com algumas marcas, ao tempo e à depredações.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Marcas da ocupação recente
A partir de 1994, o sanatório abandonado se tornou ponto de encontro para festas e grafiteiros. Sprays e garrafas de cerveja ainda lembram esse período. O abandono também abriu espaço para que os prédios fossem depredados e, em pouco mais de 20 anos, seus interiores foram completamente destruídos.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Cenário de cinema
As ruínas do Sanatório de Beelitz ganharam o mundo nas telas de cinema. Elas foram cenário dos filmes "O pianista", de Roman Polanski, e "Operação Valquíria", de Bryan Singer.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Cena de crimes
As ruínas de Beelitz também escondem mortes violentas. Em 1991 um assassino em série da região matou uma mulher e seu bebê no antigo hospital. Em 2008 um fotógrafo estrangulou uma modelo durante uma sessão de fotos. Em 2011 um morador de rua se suicidou num dos prédios do complexo.
Foto: DW/C. Schimunda Neher
Futuro incógnito
Atualmente uma cerca protege os prédios do complexo de invasores. Visitas guiadas ou fotográficas, porém, são oferecidas pelo grupo de investidores que adquiriu alguns dos prédios do antigo sanatório. Uma das ideias dos novos proprietários era construir um hotel na antiga ala cirúrgica, mas só o tempo dirá se ela vai se tornar realidade.