Roma proíbe vendedores ambulantes em pontos turísticos
3 de janeiro de 2020
Medida visa garantir segurança em áreas com grande fluxo de pessoas e proteger patrimônio histórico. Segundo prefeita da capital italiana, presença de ambulantes não era compatível com regiões.
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A prefeitura de Roma decidiu retirar dos principais pontos turísticos da cidade os vendedores ambulantes. A medida visa garantir a segurança em áreas com grande fluxo de pessoas.
O decreto entrou em vigor no dia 1º de janeiro e afeta 17 barracas de ambulantes, que estavam situados em locais como a Fontana di Trevi, Praça de Espanha, o Panteão, entre outros, além das três vias que partem da Praça do Povo, em direção ao sul da capital da Itália.
A prefeita da capital italiana, Virginia Raggi, disse que a presença dos ambulantes, que vendem souvenires e bugigangas, não era compatível com o ambiente. No ano passado, ela chegou a dizer que essas barracas estavam manchando a imagem da cidade.
Raggi, que prometeu banir os ambulantes, ressaltou que a medida visa proteger o patrimônio histórico da cidade, além de garantir a segurança. A retirada ocorre em meio a um plano de reorganização comercial da área pública.
Dos 17 comerciantes afetados, oito serão realocados e poderão seguir com o trabalho em outras ruas de Roma com menos movimentação. A cidade já havia proibido o comércio ilegal de rua em meados do ano passado. No entanto, muitos ambulantes continuam atuando livremente próximos a pontos turísticos.
Essas não são as primeiras tentativas da prefeitura de melhorar a imagem da cidade. Anteriormente, já havia sido proibido que turistas sentassem em pontos como a Praça de Espanha ou a Fontana de Trevi e que utilizassem vestimenta "indecente". Nos principais pontos turísticos, além disso, foi proibido comer.
Algumas destas medidas não fáceis de aplicar e por isso acabam não surtindo o efeito desejado. Uma proibição que deu certo, no entanto, foi o da presença de atores vestidos como gladiadores que se ofereciam para tirar fotografias com turistas nos principais pontos turísticos da cidade em troca de dinheiro.
Turistas trazem vida e dinheiro a uma cidade. Mas em número exagerado podem causar muitos problemas – como gafanhotos, diriam alguns. Para conter a massa de turistas, cidades europeias tomam medidas, algumas incomuns.
Foto: AFP/M. Medina
Descanso caro
Ao menos uma vez na vida é preciso visitar Roma e sentar-se na escadaria da Praça da Espanha! Mas só quem tiver umas centenas de euros disponíveis: a municipalidade decidiu impor multas a quem se sentar na icônica escadaria do centro histórico. Em meados de agosto de 2019, a polícia passou a fiscalizar a proibição: para quem não se levantar quando advertido, a sentada pode custar até 400 euros.
Foto: Reuters/R. Casilli
Obras-primas não são assento
A justificativa é que, por um lado, os turistas deixam vestígios claros na escadaria, como chiclete, manchas de café e de vinho. Por outro, impedem que as atrações sejam vistas. Com cerca de 7 milhões de turistas por ano, Roma é uma das cidades mais visitadas da Europa – e não é a única a sofrer as consequências e, portanto, tomar medidas.
Foto: picture-alliance/H.-C.Dittrich
Adeus ao passeios sossegados
Verdadeiras massas de turistas se espremem por Barcelona, como aqui no calçadão "Las Ramblas". A fim de abrandar a agitação turística, a segunda maior cidade da Espanha proibiu a construção de novos hotéis e adotou regras mais rigorosas para o aluguel de apartamentos de férias. Os 1,6 milhão de habitantes sofrem tanto com as multidões como com os aluguéis extremamente altos.
Foto: Getty Images/D. Ramos
O que não se encaixa na paisagem?
A pergunta não é difícil de responder, pois não há como ignorar o navio de cruzeiro que traz turistas à cidade italiana de Veneza, que é bastante pequena. Construída sobre estacas no mar, ela tem apenas cerca de 260 mil habitantes, mas um número de pernoites semelhante ao de Berlim, com seus 3,5 milhões de habitantes.
Foto: AFP/M. Medina
Muitos, velozes e pão-duros
Em termos de turistas diários, Veneza deixa Berlim para trás: estima-se que até 30 milhões visitem a cidade a cada ano. Mas os viajantes que passam só um dia frequentemente são hóspedes ingratos: ficam pouco tempo, portanto gastam pouco, enquanto inundam ruas e praças. Os navios de cruzeiro cospem vários milhares de turistas em pouco tempo.
Foto: AFP/M. Medina
Entrada paga
Veneza gostaria de banir os cruzeiros gigantescos do centro histórico da cidade e encaminhá-los a um outro terminal portuário. Mas como esse ainda teria de ser construído, pode demorar algum tempo. Por sua vez, a "taxa de ingresso" cobrada dos turistas foi implementada mais rapidamente. Nos próximos anos, ela deve chegar a dez euros por cabeça, em horários de pico.
Foto: AFP/M. Medina
Sucesso funesto
A série americana "Game of Thrones" é uma das mais bem sucedidas do mundo. Foi filmada principalmente em Dubrovnik, no sul da Croácia. Ela tem muitos fãs, em todo o planeta. Somando essas informações, pode-se facilmente adivinhar o que a série de TV trouxe para a cidade de 40 mil habitantes: turismo de massa!
Foto: Imago Images/Pixsell
"Game of Tourists"
Muitos fãs da série querem visitar os lugares que só conheciam da televisão. O resultado: mais de meia dúzia de navios de cruzeiro e 10 mil turistas por dia. Demais para o centro histórico de Dubrovnik, com suas ruas estreitas e 2 mil habitantes. A Unesco chegou mesmo a ameaçar retirar o título de Patrimônio Mundial da cidade na costa adriática.
Foto: Imago Images/Pixsell
Afastando os ricos
Dubrovnik decidiu que apenas dois navios de cruzeiro por dia podem atracar, e só desembarcar um máximo de 5 mil turistas. A cidade não ficou rica por causa da massa de turistas, pois consta que a maioria passa apenas algumas horas e gasta, em média, menos de dez euros – de afastar os turistas ricos.
Foto: picture-alliance/Pixsell/Z. Lukunic
Visitantes inoportunos
A maioria dos centros turísticos superlotados fica no sul da Europa. Mas claro que também há locais na Europa Ocidental com os mesmos problemas. Amsterdã, por exemplo. Especialmente o chamado "Bairro da Luz Vermelha" enfrenta problemas com o turismo de massa, mas também pubs, bares e cafés atraem turistas. Resultado: montes de bêbados, gritando e vomitando.
Foto: Imago Images/Pro Shots
Combate rigoroso
Contando-se os turistas que ficam só um dia, em 2018 cerca de 19 milhões visitaram a capital holandesa, que tem apenas 820 mil habitantes. Muitos moradores disseram "basta", obrigando a municipalidade a tomar medidas rigorosas, como proibir novos hotéis e lojas de suvenires no centro da cidade. O terminal para navios de cruzeiro será transferido para a periferia de Amsterdã.
Foto: DW/D. Dedović
Cadê você?
Os proprietários de imóveis na capital holandesa só podem alugar a turistas por um máximo de 30 dias por ano. Já se pensa em bloquear algumas ruas completamente para aluguel a turistas. E a cidade removeu da frente do Rijksmuseum o letreiro com a hospitaleira frase "I Amsterdam" , devido às multidões de turistas querendo se fotografar.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Leanza
Nem tudo é Disneylândia
Como é viver num lugarejo de 770 habitantes junto a um lago tranquilo, numa paisagem pitoresca, como Hallstatt , na Áustria? Provavelmente muito bom. Mas fica difícil quando a cada ano chegam 1 milhão de turistas, transportados por 20 mil ônibus. E se eles veem o idílico local como uma Disneylândia, fotografando sem limites casas e jardins, como se fossem seus, e depois dão o fora.
Foto: Reuters/L. Niesner
Gafanhotos?
As massas de turistas em Hallstatt lembram um pouco enxames de gafanhotos que invadem uma área, a devastam e depois seguem em frente. Há dias em que 10 mil viajantes se espremem pelas estreitas ruas do lugarejo de 770 habitantes.
Foto: Reuters/L. Niesner
Permanência mínima
A pequena comunidade, especialmente popular entre turistas asiáticos, cansou. A partir de 2020, só ônibus com bilhete de acesso a Hallstatt poderão entrar. Isto reduzirá o número anual de veículos de 20 mil para 8 mil. Além disso, os visitantes terão que permanecer pelo menos 150 minutos na localidade austríaca. Assim, espera-se, deixarão mais dinheiro.
Foto: Imago Imagse/J. Tack
Réplicas como solução?
A julgar pelo número de asiáticos na cidade, a maioria dos chineses deve conhecer Hallstatt. A cidade da Áustria é tão popular que foi fielmente reproduzida na província de Guandong, a cerca de 7 mil quilômetros de distância da original, ao custo de 800 milhões de euros. Talvez seja essa a solução para todos os destinos superlotados: construí-los em outro lugar e mandar os turistas para lá.