Nomeado com a promessa de ter "carta branca" à frente de um superministério, ex-juiz da Lava Jato acumulou desgastes no governo e sai acusando o presidente de interferência política na PF para ter acesso a inquéritos.
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Num pronunciamento contundente, o agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro deixou o governo de Jair Bolsonaro nesta sexta-feira (24/04). Moro acusou o presidente de trocar o comando da Polícia Federal (PF) para ter acesso a informações sobre investigações em andamento, o que configuraria uma clara afronta à autonomia do órgão.
"O presidente me disse que queria uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, colher informações. E não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. Imagina se os ex-presidentes Lula ou Dilma ficassem ligando para Curitiba para pedir informações sobre as investigações", disse Moro. "O presidente me disse que tinha preocupação com inquéritos em curso no STF, e que a troca seria oportuna também por esse motivo. Isso gera uma grande preocupação."
Horas depois, Bolsonaro rebateu as acusações em pronunciamento, fazendo duras críticas a Moro, se dizendo "decepcionado e surpreso" e afirmando que o ministro havia imposto sua indicação ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) como condição para a troca de Valeixo.
Para vários analistas, a saída de Moro do governo o credencia a disputar a Presidência da República em 2022, possivelmente contra o próprio Bolsonaro, e deve dar fôlego aos pedidos de impeachment do presidente. Ela é também o ápice de um enfrentamento que, após uma curta lua-de-mel, perdurou durante os 16 meses de governo.
O superministro
Novembro de 2018: Moro convoca a imprensa para anunciar que aceitou assumir no governo Bolsonaro um superministério da Justiça desenhado especialmente para ele. Ao abandonar 22 anos de magistratura, o ex-juiz que ganhou notoriedade com a Lava Jato afirmou que passar para o mundo político seria a chance "de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado" e consolidar o legado da operação afastando "riscos de retrocessos por um bem maior."
Foi uma decisão arriscada para Moro e que levantou questionamentos sobre sua conduta à frente da Lava Jato, já que ele foi o responsável direto por tirar da corrida presidencial aquele que provavelmente teria sido o maior adversário de Jair Bolsonaro na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao aceitar o cargo, o popular Moro passou a formar um dos três pilares iniciais do governo. Os outros eram os núcleos militar e o econômico, liderado por Paulo Guedes. Todos viriam a perder espaço, seja por inabilidade política, seja pelo comportamento errático e paranoico do presidente e da sua família.
Ao convidar Moro para o seu governo, Bolsonaro disse que o então juiz "teria liberdade total" e "carta branca" para combater a corrupção e o crime organizado.
Da "carta branca" ao "quem manda sou eu"
Só que 16 meses depois de assumir sua superpasta, Moro não apenas não conseguiu implementar seus projetos ambiciosos como colecionou episódios de desgaste com o presidente, que fez seguidas declarações de desapreço e movimentos contra seu ministro.
Nesta sexta-feira, veio finalmente o desfecho dessa relação tumultuada: Moro deixou o governo falando em "interferência política" de Bolsonaro na sua pasta e na Polícia Federal e acusou o presidente de não cumprir a promessa da carta branca.
Já em fevereiro de 2019, Bolsonaro deixou claro que havia limites na "carta branca" ao ordenar a exoneração de uma conselheira nomeada pelo ex-juiz e considerada "esquerdista" demais pela militância virtual, que responde diretamente aos filhos do presidente.
Nos meses seguintes, Bolsonaro também aproveitou para deixar claro que não estava mais disposto a cumprir compromissos firmados com seu ministro-troféu.
Em maio de 2019, Bolsonaro havia dito que pretendia indicar Moro para uma vaga a ser aberta no Supremo Tribunal Federal, como parte de "um compromisso". No entanto, em julho voltou atrás e disse que queria alguém "terrivelmente evangélico", um adjetivo que dificilmente poderia ser aplicado a Moro. Em agosto, disse finalmente que "não existe nenhum compromisso com o Moro".
No mesmo mês, Moro perdeu seu poder sobre o antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que voltou da sua pasta para o Ministério da Economia em uma jogada do Congresso para aprovar a medida provisória que reduziu o número de ministérios no início do governo. Bolsonaro não se opôs ao movimento dos parlamentares.
O caso Flávio e as investidas contra a PF
Em agosto, o Coaf ficou ainda mais distante de Moro quando Bolsonaro também determinou a transferência do órgão – hoje chamado Unidade de Inteligência Financeira – do Ministério da Economia para o Banco Central. A medida foi encarada como uma tentativa de dificultar a atuação do órgão, criticado pelo presidente por seu papel na investigação do esquema de "rachadinha" que envolve o senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente. Nesse movimento, o então presidente do Coaf, Roberto Leonel, que havia sido indicado por Moro, perdeu o cargo. À época, Bolsonaro justificou a medida afirmando que queria "tirar o Coaf do jogo político".
O caso mostrou que Bolsonaro estava disposto a antagonizar com seu popular ministro se a questão fosse salvar seu filho e membros do seu círculo envolvidos em suspeitas de corrupção. Agosto marcou para Moro não só a perda definitiva do Coaf, como o início das investidas de Bolsonaro para interferir na atuação da Polícia Federal. Segundo a jornalista Thaís Oyama, autora de um livro sobre o primeiro ano do governo, Bolsonaro já andava irritado com o que considerava uma falta de empenho de Moro em enterrar o caso Flávio. "Ele está no time ou não está", disse Bolsonaro para assessores, segundo a jornalista.
A amargura do presidente se traduziu em ação contra o ministro quando Bolsonaro soube que Moro havia se encontrado com o presidente do STF, Dias Toffoli, no final de julho. Moro queria que Toffoli revisasse uma decisão que havia determinado a suspensão de todas as investigações envolvendo o Coaf, argumentando que centenas de inquéritos ficariam parados em todo o país. Só que a decisão controversa de Toffoli havia beneficiado diretamente o encrencado Flávio.
De acordo com o livro de Oyama, um Bolsonaro furioso chamou Moro para lhe passar uma reprimenda. "Se o senhor não pode ajudar, por favor, não atrapalhe", disse o presidente. Ainda em agosto, o presidente passou a tentar nomear um novo superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, o estado onde se concentram as investigações do caso Flávio. O movimento do presidente passava por cima da chefia da corporação subordinada a Moro, algo que nem mesmo presidentes anteriores investigados por corrupção, como Dilma Rousseff e Michel Temer, fizeram.
"Quem manda sou eu. Ou vou ser um presidente banana?", disse Bolsonaro publicamente na ocasião. Ele também afirmou que, se não pudesse trocar o superintendente do Rio, então iria trocar o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, uma figura próxima de Moro, que atuou com o juiz no Paraná durante alguns dos casos mais ruidosos da Lava Jato, como a prisão de Lula.
No final de agosto, Bolsonaro chegou até a cogitar demitir Moro. Foi demovido pelo ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional. "Se demitir o Moro, seu governo acaba", disse Heleno, segundo a jornalista Thaís Oyama.
Ao final, ocorreu uma acomodação temporária. O superintendente do Rio foi substituído, mas não pelo nome desejado por Bolsonaro. O presidente ainda fez alguns gestos públicos de aproximação com Moro, como ficar ao lado do ministro no desfile de 7 de setembro.
Mas a rachadura entre Bolsonaro e o núcleo lavajatista permaneceu. No mesmo mês, Bolsonaro impôs um novo procurador-geral sem levar em conta a opinião do ministro. No mesmo mês, Bolsonaro voltou a se irritar com Valeixo ao ser informado que a corporação investigava um de seus amigos, o deputado Hélio Negão. Bolsonaro também nunca deixou de demonstrar desapreço pelas conclusões da PF no caso da facada da campanha de 2018. O presidente regularmente sugere, sem provas, que foi alvo de uma conspiração, mas a PF concluiu que o agressor agiu sozinho.
Em dezembro, Bolsonaro voltou a enfraquecer Moro ao sancionar uma versão desidratada do pacote anticrime do ministro sem vetar a figura do "juiz de garantias", incluída no texto pelo Congresso. Moro pediu repetidas vezes que o presidente vetasse o item.
Em janeiro, Bolsonaro voltou à carga contra Moro ao afirmar que estava considerando desmembrar a área de Segurança Pública da pasta de Moro, mas poucos dias depois recuou.
O conflito decisivo
Ao longo de março e o início de abril, Bolsonaro se voltou contra outra figura do governo que, tal como Moro, passara a desfrutar de altos níveis de aprovação junto à opinião pública. Na ocasião, o presidente afirmou que demitiria subordinados que estavam "se achando" e tinham "virado estrelas".
À frente dos esforços para combater à pandemia de covid-19, o então titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi fritado publicamente pelo presidente até ser finalmente demitido em 16 de abril. Inicialmente, Bolsonaro postergou a decisão por pressão do núcleo militar e pelo temor de uma eventual repercussão desastrosa. Mas Mandetta, após seguidos episódios de sabotagem por parte de Bolsonaro, acabou sendo forçado a deixar o cargo.
A repercussão, no entanto, não se revelou decisivamente negativa para Bolsonaro. Por essa lógica, também seria possível sobreviver às ofensivas contra outras figuras populares, como Moro.
O movimento ocorreu menos de uma semana depois da saída de Mandetta. O alvo inicial, mais uma vez, foi a Polícia Federal. Desde o início do ano, Valeixo, desgastado, passou a afirmar a interlocutores que pretendia deixar o cargo, mas foi demovido por Moro. Nesta semana, Bolsonaro tomou a iniciativa e demitiu o diretor-geral.
Para nomear um substituto, Bolsonaro tem ouvido sugestões de seus filhos, que querem o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, no cargo. O núcleo político do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que se aproximou do presidente recentemente, tenta emplacar o secretário de Segurança Anderson Torres.
A saída de Valeixo foi oficializada no Diário Oficial nesta sexta-feira, apontando falsamente que a exoneração foi feita "a pedido" de Valeixo. No dia anterior, Moro já havia avisado que não aceitaria a interferência, e que entregaria o seu próprio cargo se Bolsonaro confirmasse a demissão.
E assim ocorreu. Nesta tarde, o ex-juiz que emprestou a popularidade da Lava Jato para um presidente que nunca escondeu sua disposição de interferir politicamente para beneficiar sua família e seu círculo encerrou seus breves 16 meses no governo. "Eu respeito a lei, a impessoalidade no trato das coisas do governo", resumiu.
Em meio a sucessivas polêmicas, nomes do primeiro e segundo escalão do governo não resistiram a críticas e pressões. Relembre alguns.
Foto: picture-alliance/dpa/NurPhoto/A. Borges
Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência
A primeira baixa de ministros foi a de Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, em 18 de fevereiro de 2019. Importante articulador da campanha de Bolsonaro, Bebianno esteve envolvido em denúncias de que o PSL, partido que ele presidiu de janeiro a outubro de 2018, teria usado candidaturas laranjas. Além disso, entrou em confronto com Carlos Bolsonaro. Floriano Peixoto assumiu a vaga.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Vélez Rodríguez, ministro da Educação
Pelo Twitter, Bolsonaro anunciou, em 8 de abril de 2019, a saída do então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, após uma onda de demissões no alto escalão da pasta. Rodríguez acumulou atitudes polêmicas, como declarar que os livros didáticos sobre ditadura militar seriam revisados, além de pedir que as escolas filmassem os alunos cantando o hino. Seu substituto foi Abraham Weintraub.
Foto: Marcelo Cassal Jr. /Abr
Santos Cruz, da Secretaria de Governo
O terceiro ministro – e o primeiro da ala militar – a cair foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, em 13 de junho de 2019. A demissão foi atribuída à falta de alinhamento político-ideológico com o governo. Santos Cruz era alvo de ataques regulares de Olavo de Carvalho, guru do presidente, e acumulava intrigas com Carlos Bolsonaro. Assumiu a vaga Luiz Eduardo Ramos.
Foto: DW/M. Estarque
Ribeiro de Freitas, presidente da Funai
O general da reserva Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado da presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) em 12 de junho de 2019. Segundo ele próprio alegou, sua queda se deveu à pressão dos ruralistas. À época da demissão, Ribeiro de Freitas denunciou que Bolsonaro está sendo mal assessorado nas questões indígenas e que a Funai sofre com orçamento limitado e déficit de pessoal.
Foto: Abr/M. Camargo
Juarez da Cunha, presidente dos Correios
Bolsonaro anunciou em público a demissão do presidente dos Correios, o general Juarez da Cunha, em 14 de junho de 2019. Em encontro com jornalistas, o presidente disse que o chefe da estatal vinha se comportando como "um sindicalista". O ministro da Secretaria-Geral da Presidência Floriano Peixoto assumiu o cargo e, para a antiga vaga de Peixoto, foi designado Jorge Antonio de Oliveira Francisco.
Foto: Agencia Brasil/José Cruz
Joaquim Levy, presidente do BNDES
Joaquim Levy renunciou à presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 16 de junho de 2019, após embate público com o presidente. No dia anterior, Bolsonaro havia dito que Levy estava com "a cabeça a prêmio" – o motivo foi a nomeação por Levy do executivo Marcos Barbosa Pinto para a diretoria de Mercado de Capitais do BNDES. O substituto foi Gustavo Montezano.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Ricardo Galvão, diretor do Inpe
Logo após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgar aumentos dramáticos no desmatamento da Floresta Amazônica, Bolsonaro acusou o então diretor do instituto, Ricardo Galvão, de mentir. Galvão rebateu as críticas do presidente e acabou sendo exonerado em 2 de agosto de 2019. O oficial da Força Aérea Darcton Policarpo Damião foi oficializado como diretor interino.
Foto: DW/N. Pontes
Marcos Cintra, secretário da Receita Federal
A demissão de Marcos Cintra, secretário da Receita Federal desde o início do governo Bolsonaro, foi anunciada em 11/09/2019. A decisão de Paulo Guedes, ministro da Economia, teria sido motivada por divergências com a "nova CPMF". A crise fora deflagrada pela divulgação antecipada de estudos para a cobrança de um imposto semelhante à extinta Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira.
Foto: Agência Brasil/Arquivo/W. Dias
Roberto Alvim, secretário da Cultura
O dramaturgo de extrema-direita Roberto Alvim foi demitido por Bolsonaro em 17 de janeiro, três meses depois de assumir a Secretaria Especial da Cultura. Ele perdeu o cargo após divulgar um absurdo vídeo repleto de referências ao nazismo. Inicialmente, Bolsonaro relutou demitir Alvim, mas a repercussão do caso selou o destino do secretário, que atribuiu sua queda a uma "ação satânica".
Foto: Secretaria Especial da Cultura
Gustavo Canuto, ministro do Desenvolvimento Regional
Bolsonaro trocou, em 6 de fevereiro de 2020, o ministro do Desenvolvimento Regional. Gustavo Canuto foi substituído por Rogério Marinho, que era secretário de Previdência e articulou a reforma da aposentadoria. Servidor de carreira do Ministério da Economia, Canuto teria pedido para deixar o cargo. Ele era alvo de críticas de Bolsonaro, que não estaria satisfeito com o Minha Casa Minha Vida.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Osmar Terra, ministro da Cidadania
Osmar Terra foi tirado do cargo de ministro da Cidadania e retomou o mandato como deputado federal. No dia 13 de fevereiro de 2020, Bolsonaro anunciou a saída do ministro Onyx Lorenzoni da Casa Civil para assumir o Ministério da Cidadania no lugar de Terra. Como novo chefe da Casa Civil foi escolhido o general do Exército Walter Souza Braga Netto.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Franco
Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde
Bolsonaro demitiu seu ministro da Saúde em 16 de abril de 2020, em plena pandemia de covid-19. Luiz Henrique Mandetta e o presidente vinham protagonizando um embate público desde que o Brasil entrou no compasso do coronavírus, semanas antes. Ao contrário de Bolsonaro, Mandetta defendia o isolamento social para conter o avanço da pandemia. Para o seu lugar, foi escolhido o oncologista Nelson Teich.
Foto: picture-alliance/dpa/Zumapress/P. Jacob
Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, renunciou ao cargo em 24 de abril de 2020, depois de um embate com Bolsonaro sobre o comando da Polícia Federal (PF). Nomeado com a promessa de ter "carta branca" à frente de um superministério, o ex-juiz da Lava Jato acusou o presidente de interferir na PF para ter acesso a informações de inquéritos.
Foto: Reuters/A. Coelho
Nelson Teich, ministro da Saúde
Menos de um mês após ter assumido o cargo, em meio à pandemia de covid-19, Nelson Teich pediu demissão. Apesar de ter dito que tinha um "alinhamento completo" com o presidente, o médico teve divergências com Bolsonaro, que pressionou o ministro para aprovar um uso mais amplo da cloroquina no tratamento da covid-19, apesar de não haver evidências científicas da eficácia e segurança do medicamento.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Regina Duarte, secretária da Cultura
A atriz Regina Duarte deixou a Secretaria Especial da Cultura em 20 de maio de 2020, menos de três meses depois de assumir o cargo. À frente da pasta, ela acumulou atritos com a ala ideológica do governo, que via sua atuação como muito branda com "a esquerda". Já a classe artística criticou a gestão errática e os comentários de Duarte que minimizaram os crimes da ditadura militar.
Foto: picture alliance/dpa/Palacio do Planalto/M. Correa
Abraham Weintraub, ministro da Educação
Após dias de especulações e uma escalada do desgaste político com o STF, Abraham Weintraub confirmou sua saída do Ministério da Educação em 18 de junho de 2020, em vídeo ao lado de Bolsonaro. Sua passagem pela pasta durou pouco mais de 14 meses e foi envolta em polêmicas, tendo acumulado desafetos e disputas públicas, além de se tornar alvo de inquéritos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Camargo
Carlos Decotelli, ministro da Educação
Havia expectativa de que Carlos Decotelli imprimisse normalidade ao MEC após a gestao tumultuada de Weintraub. Mas as credenciais acadêmicas do novo ministro logo passaram ser questionadas. Ele dizia que tinha doutorado, mas foi desmentido. Ainda exagerou sobre ter completado um pós-doutorado na Alemanha. E foi acusado de plágio. Pediu demissão cinco dias após ser indicado, sem ter tomado posse.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Correa
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde
No pior momento da pandemia no Brasil, com recordes de mortes diárias e hospitais em colapso, Bolsonaro anunciou a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde, em 16 de março de 2021. Pazuello vinha sendo pressionado pelo agravamento da crise sanitária e pela lentidão da vacinação. Para a vaga foi escolhido o médico Marcelo Queiroga, quarto ministro a ocupar o cargo em menos de um ano.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores
Um dos mais polêmicos aliados de Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou sua saída em 29 de março de 2021. Extremista de direita e adepto de teorias conspiratórias, era visto como um obstáculo na diplomacia com vários países, dificultando, inclusive, a compra de vacinas da China e da Índia. Sua saída desencadeou uma reforma ministerial, com seis trocas em um dia.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa
Horas depois do anúncio de Araújo, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, também deixou o cargo, sem explicar os motivos. "Agradeço ao presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado", afirmou em nota.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
José Levi, Advocacia-Geral da União
Pouco depois, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Levi, também entregou o cargo. A saída de Levi teria sido pedida por Bolsonaro, após o chefe da AGU ter se recusado a assinar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade do Planalto ao STF contra restrições impostas por alguns governadores para conter a pandemia. Para sua vaga, foi designado o ministro da Justiça, André Mendonça.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Comandantes das Forças Armadas
Em 30 de março de 2021, o Ministério da Defesa anunciou a troca simultânea e inédita dos três comandantes das Forças Armadas. Edson Pujol (à direita na foto), do Exército, Ilques Barbosa, da Marinha, e Antônio Bermudez, da Aeronáutica, já haviam cogitado colocar seus cargos à disposição, como sinal de que não compactuariam com tentativas do presidente de usar as Forças Armadas em seu benefício.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Peres
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente
Em 23 de junho de 2021, após muita pressão, Ricardo Salles pediu demissão do Ministério do Meio Ambiente. Ele foi substituído por Joaquim Álvaro Pereira Leite, até então secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta. Com gestão marcada por polêmicas, "boiadas" e desmatamento e queimadas recordes, Salles é alvo de dois inquéritos no STF, ambos envolvendo comércio de madeira ilegal.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República do Brasil
Milton Ribeiro, ministro da Educação
Em 28 de março de 2022, após vir à tona a "farra dos pastores", o ministro da Educação Milton Ribeiro pediu exoneração. Ele é suspeito de favorecer prefeituras na liberação de recursos do MEC, tendo dois pastores como intermediários. Sua situação ficou ainda mais frágil após a revelação de um áudio em que ele admitia que favorecia os pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque, ministro de Minas e Energia
Em 11 de maio de 2022, o presidente Jair Bolsonaro trocou a chefia do Ministério de Minas e Energia, ao exonerar Bento Costa Lima Leite de Albuquerque. O novo titular nomeado para a pasta foi Adolfo Sachsida, aliado de Paulo Guedes. A mudança ocorreu após críticas de Bolsonaro à política de preços da Petrobras, estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia.