Romy Schneider: O mito ainda vive
29 de maio de 2002Quando Romy Schneider foi encontrada morta, em seu apartamento parisiense, na manhã de 29 de maio de 1982, um sábado quente na véspera de Pentecostes, logo se espalhou o boato de que cometera suicídio. Mas o médico Emile Deponge escreveu no atestado de óbito simplesmente: "Morte natural em conseqüência de parada cardíaca". Na manhã seguinte, as manchetes traduziam a seca linguagem médica: "Romy morreu de coração partido".
A atriz, que viveu intensamente, não resistira a uma série de tragédias que tumultuaram sua vida num curto espaço de tempo e que ela tentara em vão combater com álcool e medicamentos. Poucas semanas antes de morrer, dissera à mãe ao telefone: "Eu sou uma mulher acabada. E isto com 43 anos".
Golpes do destino
Em 1979, o primeiro marido da estrela, o diretor de teatro alemão Harry Meyen, de quem ela já estava divorciada, suicidou-se. No pior ano de sua vida, 1981, terminou também seu segundo casamento, com Daniel Basini, pai de sua filha Sarah Magadalena; em maio, Romy precisou extrair um rim por causa de um tumor; e, apenas dois meses depois, seu filho David Christopher, de 14 anos e fruto do casamento com Meyen, morreu tragicamente, espetado na ponta de uma grade de metal que tentara pular.
Incompreensão do público
Rosemarie Albach – este seu nome verdadeiro – nasceu em Viena em 1938, filha da atriz Magda Schneider e do ator Wolf Albach-Retty. Começou a trabalhar no cinema ainda adolescente e tornou-se a queridinha do público alemão quando fez o papel da imperatriz Sissi da Áustria em três filmes, entre 1955 e 1957.
Enjoada da imagem adocicada, Romy fugiu para Paris, onde começou o que ela chamava de sua "segunda vida". Mas o público alemão não lhe perdoou os novos papéis, nem o atribulado affair com Alain Delon, que conheceu ao rodar Christine, em 1958, e com quem trabalhou ainda em A Piscina e O Sol por Testemunha.
Mulher de múltiplas facetas, Romy rodou com os grandes ícones do cinema; trabalhou com Luchino Visconti e tornou-se a atriz predileta de Claude Sautet, com quem fez Une Histoire Simple e César e Rosalie. Seu último filme, de uma intensidade quase insuportável, foi La Passante de Sans-Souci, de Jacques Rouffio, ao lado de Michel Piccoli, dedicado por ela "a David e seu pai".
Os franceses reconheceram seu talento muito melhor que os alemães. Em pesquisa realizada em 1999, eles elegeram Romy Schneider a "atriz do século 20", colocando-a à frente de Catherine Deneuve, Jeanne Moureau e Marilyn Monroe.