Numa viagem que começa em Koblenz e vai até Trier, o passeio por uma das regiões com os melhores vinhos brancos do mundo passa por vilarejos idílicos, castelos encantados e pelos vinhedos mais íngremes do mundo.
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Com 544 quilômetros de extensão a partir de sua nascente na montanha dos Vosges, na França, o Mosela (Mosel, em alemão) é um dos principais afluentes do rio Reno e a segunda via de navegação mais importante da Alemanha.
Essa região romântica, onde celtas e romanos já cultivavam videiras há mais de 2.000 anos, tem hoje mais de 100 cidades e vilarejos vinícolas, cerca de 5.000 viticultores e aproximadamente 9.300 hectares com 70 milhões de videiras.
Como a maior parte dos brasileiros entra na Alemanha por Frankfurt, é mais prático iniciar a sua viagem por Koblenz, cidade do estado da Renânia-Palatinado (Rheinland-Pfalz) situada na confluência do Reno com o Mosela.
Em nosso tour, vamos nos concentrar em Koblenz, Cochem, Bernkastel-Kues e Trier, ou seja, nas cidades e vilarejos históricos do Baixo e Médio Mosela (Untermosel ou Terrassenmosel e Mittelmosel) ao longo de castelos encantados, encostas de ardósia e dos vinhedos mais íngremes do mundo.
Nossa viagem pelo Vale do Moselavai de Koblenz, onde o rio deságua no Médio Reno, até Trier, uma das cidades mais antigas da Alemanha fundada pelos romanos há mais de 2 mil anos.
Passeio ao longo do rio Mosela
Descubra algumas das paisagens mais bonitas da Alemanha, numa viagem que vai de Trier até Koblenz, descendo o sinuoso rio Mosela.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Zimmermann
Ao redor da curva
O Mosela é o maior afluente do Reno na Alemanha. Grandes navios de carga passam diariamente por ele – esta é, afinal, uma importante rota fluvial. Ao mesmo tempo, pequenos navios comerciais vão e voltam entre as muitas vilas pitorescas às suas margens, de Trier até Koblenz.
Foto: picture-alliance/dpa
Herança romana
Augusta Treverorum – ou Trier – orgulhosamente ostenta mais de 2 mil anos de vida urbana. Arqueólogos dataram a fundação de Trier examinando estacas do que um dia foi uma ponte do Mosela. Um importante ponto turístico é a Porta Nigra, um grande portão romano de pedra que remonta ao ano 180.
Foto: picture-alliance/dpa
Filho famoso
Bernkastel-Cues, na verdade, são duas cidades separadas pelo rio e unidas por uma ponte. Pontilhado com casas coloridas e ruas estreitas e sinuosas, o local é o berço de um renomado filósofo do século 15, o cientista, estudioso e cardeal Nikolaus von Kues – para alguns Nikolaus Cusanus ou Nicolau de Cusa.
Foto: picture-alliance/akg-images
Vinho do gato
Reza a lenda na cidade de Zell que, certa feita, um grupo de comerciantes optou por comprar um barril de vinho que parecia ser protegido por um gato, que, sentado sobre o barril, rosnava e mostrava suas garras. Os comerciantes acharam que o animal estava defendendo o que seria o melhor vinho do local e, então, decidiram comprar o barril.
Foto: picture-alliance/dpa
Mascote da cidade
Pelo jeito o gato entendia de vinho, já que os comerciantes voltaram para comprar mais. Desde então, o Zeller Schwarze Katz (gato preto de Zell) é um vinho popular na região, e o gato preto passou a ser o mascote do vilarejo.
Foto: picture-alliance/DUMONT Bildarchiv
Tempo da colheita
A época da colheita da uva é também a época das festas do vinho na região. O outono europeu atrai milhares de turistas para a degustação nos festivais das cidades espalhadas ao longo do rio. Os vinhos brancos Riesling são os mais populares. Seco, semi-seco ou doce, eles são melhor saboreados nas tavernas da região.
Foto: hagenvontroja/Fotolia
Vinhedo mais íngreme da Europa
Cultivar uvas numa encosta escarpada e montanhosa com uma inclinação de 65 graus tem lá suas dificuldades. O Calmont é o vinhedo mais íngreme da Europa e atrai turistas do mundo todo. As pessoas têm cultivado uvas aqui desde o século 6º. Visitantes escalam o Calmont em trilhas com vista de tirar o fôlego.
Foto: picture-alliance/dpa
Vilarejo pitoresco
Beilstein é a uma das principais atrações do Mosela. As pitorescas ruas estreitas e a praça central medieval estão repletas de turistas durante o dia, mas no início da manhã e no fim da noite os 160 moradores têm a sua pequena cidade apenas para si.
Foto: picture-alliance/DUMONT Bildarchiv
Residência de verão
O castelo de Cochem, construído por volta do ano 1000, foi cenário de intrigas e batalhas pelo poder durante séculos, antes de ter sido incendiado e destruído, em 1689. Reconstruído em estilo neogótico no final do século 19 como uma residência de verão, tornou-se uma famosa atração turística.
Foto: picture alliance/Arco Images GmbH
Deutsches Eck
Em Koblenz, o Deutsches Eck (canto alemão, em tradução livre) é adornado com as bandeiras dos estados alemães, da União Europeia e dos EUA. É neste ponto que os rios Reno e Mosela se encontram, sob a proteção de um monumento dedicado ao imperador Guilherme 1º.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Zimmermann
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1° Dia: Koblenz
Você pode iniciar seu dia no centro histórico do antigo posto militar romano, com suas ruelas, pracinhas e prédios restaurados, já que cerca de 80% da cidade foram destruídos na Segunda Guerra. Na praça Josef-Görres-Platz, a Historiensäule (Coluna da História) relata em bronze 2 mil anos de história de Koblenz.
Na parte inferior da coluna, um barco carregado com barris de vinho simboliza o assentamento romano dos séculos 1° ao 5°, passando pelas Cruzadas na Idade Média, pelo período prussiano, pela destruição em 1944 até a visão de uma cidade voltada para o futuro.
O centro histórico de Koblenz também abriga o famoso Deutsches Eck, uma ponta artificial de terra instalada na confluência entre os rios Reno e Mosela. Devido à sua localização geográfica, os romanos chamaram o local de "Confluentes", o que deu origem ao nome da cidade em alemão.
Com a imponente estátua equestre do imperador alemão e rei prussiano Guilherme 1°, o Deutsches Eck é o símbolo de Koblenz e faz parte do Vale do Alto Médio Reno como Patrimônio Mundial da Humanidade. Após a destruição pela guerra, a escultura colossal – erguida em comemoração à vitória sobre a França que deu origem ao Império Alemão entre 1870/1871 – foi colocada novamente sobre o seu pedestal em 1993. Hoje, o local recebe anualmente mais de 2 milhões de visitantes.
Koblenz, onde os rios Reno e Mosela se encontram
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Seguindo rio abaixo, pouco depois do Deutsches Eck você vai passar pela Basílica de São Castor (Kastorkirche), cuja construção original remonta ao século 9°. Junta às demais igrejas românicas Liebfrauenkirche e Florinskirche, ela marca a silhueta do centro histórico. Ali se localiza também a estação Talstation do teleférico sobre o Reno.
Além da vista fantástica sobre a cidade e a confluência do Reno com o Mosela, o bondinho leva o visitante até perto de outra atração imperdível de Koblenz: a gigantesca fortaleza Festung Ehrenbreitstein, a segunda maior da Europa depois de Gibraltar.
Construída entre 1817 e 1828, ali se encontrava na Idade Média um castelo medieval. Hoje, as instalações da fortaleza abrigam o museu Landesmuseum Koblenz, um albergue da juventude, o Memorial do Exército Alemão (Ehrenmal des Deutschen Heeres) e diversos órgãos administrativos. A fortaleza também faz parte do Patrimônio Mundial da Humanidade Vale do Alto Médio Reno.Se não quiser usar o teleférico, há também balsas que fazem a travessia entre o centro histórico de Koblenz e o bairro Ehrenbreitstein.
No bairro Stonzenfels, no sul de Koblenz, encontra-se outra imperdível atração da cidade: o castelo Schloss Stolzenfels. No início do século 19, o rei prussiano Frederico Guilherme 4° reformou as ruínas do castelo medieval, transformando-o em residência de verão. O castelo classicista é considerado hoje a síntese do romantismo do Reno.
Aproveite a noite para conhecer um pouco mais do centro histórico, onde você pode provar especialidades locais e tomar os famosos vinhos da regiãode Koblenz, como na tradicional casa de vinhos Weinhaus Hubertus, construída em 1689, ou beber o famoso Riesling do Vale do Mosela no Winninger Weinstuben, restaurante de vinhos situado bem próximo da estação de teleférico Talstation.
Renânia-Palatinado, terra do vinho e trilhas
O estado da Renânia-Palatinado se destaca pelos encantos ao longo dos vales dos rios Reno, Mosela, Nahe e Ahr, onde o turista encontra bons vinhos e muitas trilhas para caminhadas nas florestas.
Foto: picture-alliance/dpa/Frank Kleefeldt
Como na Idade Média
Os castelos e os bosques no vale do Mosela remontam à Idade Média. De burgos imponentes, como o Reichsburg, em Cochem, os cavaleiros antigamente observavam o movimento no rio. De cada embarcação era cobrada uma taxa-pedágio. Em Cochem ficam os vinhedos mais íngremes da Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/Oliver Berg
Trilhas com vistas maravilhosas
A premiada trilha Rheinsteig acompanha o Reno por 320 quilômetros. Quem não quer caminhar tanto, pode optar pelas trilhas mais curtas, subindo e descendo montanhas por caminhos estreitos e vinhedos íngremes, pela margem do Rio ou pela crista das montanhas. E não se pode perder o famoso rochedo Loreley, em St. Goarshausen.
Foto: picture-alliance/dpa/Frank Kleefeldt
Ciclovias à vontade
O Vale do Médio Reno é tombado pela Unesco como patrimônio mundial. Nas margens, há castelos, ruínas e burgos. Praticantes de ciclismo e skate dispõem de 120 km de pistas só para eles. Todos os anos, no último domingo de junho, carros são proibidos no trecho que liga as cidades de Bingen a Koblenz . É quando 150 mil visitantes participam de uma grande festa nos dois lados das margens do Reno.
Foto: picture-alliance/dpa/Thomas Frey
Teleférico sobre o rio
O romantismo do Reno atrai turistas há mais de 200 anos. Barcos levam turistas à Loreley e a passeios pelos rios. Em Koblenz, fica o "Deutsches Eck", onde o rio Mosela deságua no Reno. Ele pode ser visto de cima, a 118 metros sobre o rio. O teleférico sai da fortaleza Ehrenbreitstein, em cujos jardins foi realizada em 2011 a Bundesgartenschau, a maior mostra de jardinagem e paisagismo da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Thomas Frey
Worms, dos nibelungos e da catedral
A cidade de Worms, mais especificamente a catedral, é palco do Festival dos Nibelungos, do famoso épico da literatura alemã. A catedral de Worms forma, junto com as de Mainz e de Speyer, uma tríade de igrejas que são exemplo único da arquitetura românica no mundo.
Foto: Rudolf Uhrig
Mensagens da Idade da Pedra
Em 2014, foram descobertas por acaso ranhuras em rochas num mato em Gondershausen, na região do Hunsrück. Os arqueólogos ficaram maravilhados, pois esse tipo de gravuras em pedra só eram conhecidos de Portugal, Espanha e França e nunca tinham sido vistos tão ao norte na Europa. Acredita-se que os desenhos feitos há mais de 20 mil anos representem quatro cavalos.
Foto: picture-alliance/dpa/Thomas Frey
Um bosque de rochedos
A floresta Pfälzerwald é um parque natural. Junto com a cadeia de montanhas Vosges, da França, forma uma reservade biosfera transnacional que serve de proteção a vários animais ameaçados de extinção. Ali perto ficam os rochedos de Dahner, um dos locais preferidos para escaladas. Mais de 80 torres de arenito desafiam os alpinistas.
Foto: picture-alliance/ZB/Reinhard Kaufhold
Como os antigos romanos
Nas encostas íngremes do vale do Mosela são cultivadas uvas da casta Riesling. Os conquistadores romanos trouxeram as vinhas há 2 mil anos. Já naquela época o vinho dessa região era um produto valorizado . A embarcação Stella Noviomagi é uma réplica de navio daquela época e serve a fins turísticos.
Foto: picture-alliance/dpa/Harald Tittel
Porta Nigra, em Trier
Com esta construção, o Império Romano expressou seu tamanho e seu poder. A Porta Nigra, em Trier, tem quase 30 metros de altura. Pedras de até seis toneladas se sustentam sem argamassa. Trier é uma das cidades mais antigas da Alemanha. e a Porta Nigra é patrimônio mundial. As pedras, originalmente claras, escureceram ao longo dos séculos. .
Foto: picture-alliance/dpa/Db frm
Mainz e seu carnaval
Uma das atrações de Mainz, a capital da Renânia-Palatinado, é o carnaval, que já era comemorado nas ruas no século 16. O ponto alto dos dias de folia é o desfile na Segunda-feira das Rosas. Estes da foto são os tradicionais "Schwellköpp", dos quais há 30 figuras, com representantes de ambos os sexos. Uma cabeça destas pesa até 25 quilos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lenz
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2° Dia: Cochem e Burg Eltz
Você pode percorrer todo o trajeto ao longo do Baixo e Médio Mosela de carro. Mas, se preferir ir de trem, reveze com uma viagem de barco, por exemplo, entre Koblenz e Cochem. Pois o Baixo Mosela (Untermosel ou Terrassenmosel),que abrange os primeiros 100 quilômetros de rio a partir de Koblenz, é o trecho mais sinuoso e mais espetacular devido às suas encostas altas, íngremes e estreitas, com parreiras voltadas para Sul e Oeste e distribuídas em pequenas parcelas de terreno.
Perto de Cochem, na localidade de Bremm, o Calmont é o vinhedo mais íngreme da Europa, com 380 metros de altura e uma inclinação de até 68 graus. As encostas são tão íngremes que as parreiras precisam ser apoiadas com postes e arames, enquanto a sua poda e colheita são feitas com a ajuda de guindastes.
Cochem é um dos lugares mais conhecidos do Vale do Mosela. Encimada por um castelo rodeado de vinhedos, a pitoresca cidade de pouco mais de 5,5 mil habitantes é um ótimo local para pernoitar, com uma boa oferta de adegas, restaurantes e hotéis, além de várias atrações.
Além do calçadão florido ao longo do Mosela, se você passear pelas ruas enviesadas do centro histórico, vai chegar inevitavelmente à praça Marktplatz, ladeada de casas em enxaimel e edifícios históricos, como o prédio da prefeitura, e uma fonte do início do século passado no centro. Se você curte passeio de trenzinho, pode conhecer o centro histórico com o Mosel-Wein-Express, que sai da ponte sobre o Mosela. O passeio de 25 minutos leva também ao bairro de Cond, onde se tem uma vista incrível da região.
Mas o símbolo e principal atração da cidade é o Castelo Reichsburg, situado sobre uma colina a cem metros do rio. A construção original data de 1056, mas ele foi destruído em 1689 e reconstruído no século 19, como mostram as torres neogóticas. Além de ser o maior do gênero na região, ele é conhecido como "Neuschwanstein do Mosela" por sua beleza.
Outro castelo imperdível é o Burg Eltz, situado a menos de 20 quilômetros de Cochem. Ele é uma das poucas fortificações que sobreviveram às destruições ordenadas pelo rei francês Luís 14 na segunda metade do século 17. Como uma espécie de castelo-modelo, ele estampou a antiga nota de 500 marcos durante muitos anos.
Sua construção remonta ao século 12, mas em 1268 ele foi dividido entre três herdeiros. Ao longo dos séculos, os descendentes de cada linha expandiram a sua propriedade dentro da estreita área da edificação. Isso levou ao alto adensamento construtivo, com torres, sacadas e outros elementos.
Outra particularidade é a localização. Burg Eltz se situa dentro de um vale e não sobre uma elevação, como a maioria dos castelos do Mosela. Pode-se ir de carro ou mesmo a pé, a parte do cais do vilarejo de Moselkern.
Antes de continuar a viagem, uma dica: um passeio pelo Vale do Mosela é, sobretudo, relaxante. Se quiser evitar o burburinho de cidades com muitos turistas, um pouco mais adiante, entre Bremm e Cochem, o idílico vilarejo de Beilstein, com as ruínas do castelo Burg Metternich,é boa opção de pernoite para explorar a região.
Visitar o vale do rio Mosela é um prazer não só para o paladar
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3° Dia: Médio Mosela
Íngremes encostas de ardósia, castelos,vinhedos e cidades vinícolas também dominam a paisagem do Médio Mosela (Mittelmosel), trecho de 120 quilômetros de rio antes de chegar a Trier. No percurso entre Cochem e Bernkastel-Kues, há várias cidades e atrações que vale a pena conhecer.
Em Alf, ocastelo medieval Burg Arras é hoje um hotel com restaurante e museu sobre a cultura da região, sem falar da vista espetacular. Em Bullay, vilarejo em frente a Alf, as ruelas enviesadas e as antigas casas em enxaimel convidam a um passeio e a provar as especialidades da região numa das muitas Strausswirtschaften, adegas caseiras improvisadas típicas do Vale do Mosela.
Em Zell, a fonte Zeller Schwarze Katz homenageia o famoso vinho da cidade, uma das maiores produtoras do Vale do Mosela. Se quiser ter uma vista incrível da região e da cidade, vá até o monte Marienburg, perto de Pünderich, ou ao chamado Beinter Kopf, um local ótimo para fazer piquenique ao sul de Zell.
Traben-Trarbach é conhecida por suas termas e por suas adegas subterrâneas, que se espalham por diversos andares e por centenas de metros de vãos abobadados no subsolo da cidade que, no século 19, foi um dos principais terminais de traslado de vinho da Europa. Essa prosperidade também se espelha nos muitos prédios históricos do local.
Com pouco mais de 7 mil habitantes, Bernkastel-Kues, a cerca de 50 quilômetros de Trier, guarda várias atrações. Encimada pelas ruínas do Burg Landshut, a cidade nasceu de uma fortificação (castellum) romana. Ali, o visitante se sente em outra época ao visitar a praça central Marktplatz com seus edifícios em enxaimel, como a estreita casa Spitzhäuschen, de 1416.
Situada às margens do Mosela, a torre da igreja de São Miguel e São Sebastião (Pfarrkirche St. Michael und St. Sebastian) domina a paisagem urbana ao longo do rio. Por sua oferta hoteleira e gastronômica, Bernkastel-Kues é uma boa opção de pernoite em seu tour pelo Mosela.
Acompanhando o seu tour, estão sempre os vinhedos. A peculiaridade da região está mesmo na bebida, pois muitos consideram os vinhos brancos do Mosela os melhores do mundo. Acompanhado de um bom Riesling ou Müller-Thurgau, não deixe de provar uma deliciosa Zwiebelkuchen (torta de cebola), Speckplätzchen (biscoitinhos de bacon) ou um dos diversos pratos típicos numa das muitas adegas e restaurantes locais.
Herança romana em Trier
Os numerosos monumentos preservados na cidade de Trier são excepcionais testamentos de 400 anos de domínio romano. Desde 1986, esses monumentos são considerados Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.
Foto: Presseportal der Stadt Trier
Uma das cidades mais antigas da Alemanha
O imperador romano Augusto fundou Trier por volta do ano 16 a.C. A cidade não é apenas uma das mais antigas da Alemanha, mas também um importante abrigo de monumentos históricos e artísticos. Isso fica evidente na Porta Nigra, que até hoje é a entrada norte da cidade e um símbolo de Trier.
Foto: DW / Nelioubin
Antiga cultura dos banhos
Estas termas no largo Viehmarkt (mercado de gado) estão entre as mais antigas construções da cidade, mas só foram descobertas em 1987. No século 4, esse era o local onde os moradores cuidavam do corpo e da saúde. Desde 1998, as escavações fazem parte de um museu, que é o local ideal para conhecer melhor a cultura dos banhos na Roma Antiga.
Foto: picture alliance/Richard Linke
Variação luxuosa dos banhos romanos
Com o crescimento econômico de Trier, cresceram também as exigências de seus moradores. Para atender às novas exigências, foram construídas as Termas de Barbara. O que hoje está em ruínas foi, em sua época, a segunda maior terma de todo o Império Romano. Além de esculturas, paredes em autorrelevo e pisos de mármore, as termas contavam com duas piscinas aquecidas.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas imperiais
As Termas Imperiais, como o nome sugere, seriam as termas pessoais do imperador Constantino. Mas elas nunca entraram em funcionamento. Quando o imperador mudou sua capital de Trier para as margens do Bósforo, interrompeu a construção das termas. Hoje, as imponentes ruínas são uma das principais atrações de Trier.
Foto: picture-alliance/dpa
Centro da vida social
Com capacidade para até 20 mil pessoas, este prestigioso anfiteatro foi construído entre 150 e 200 d.C. A arena era palco regular de lutas de gladiadores e animais, bem como de importantes discursos e anúncios. Hoje, o complexo, que inclui câmaras subterrâneas, atrai muitos turistas para espetáculos diversos.
Foto: picture-alliance/dpa
Nave monumental
A Basílica de Constantino é hoje uma igreja protestante. A altura e a largura da nave impressionaram visitantes através dos séculos. Até o final do século 4, a monumental construção de tijolos foi usada como salão de recepção do imperador romano. Suas paredes são decoradas com mármore e mosaicos em ouro.
Foto: Pfr. Dr. Thomas Dörken-Kucharz
A igreja mais antiga da Alemanha
Localizada no centro da cidade, a Catedral de Trier foi, originalmente, a residência de Helena, mãe do Imperador Constantino. Quando ela se converteu ao cristianismo, doou o palácio para a igreja. Em 310, a construção foi consagrada como Catedral de Trier, tornando-se, assim, a igreja mais antiga da Alemanha.
Foto: picture-alliance/Bildagentur Huber
Tesouros arqueológicos
Quem se interessa pelo domínio romano em Trier, que terminou no século 5, deve visitar também o Museu Regional Renano de Trier. Com uma área de exposição de quatro mil metros quadrados, o museu expõe significativas descobertas arqueológicas de vários períodos. Entre os destaques da era romana estão a coleção de peças de ouro, os preciosos mosaicos e os grandes monumentos de sepulturas
Em poucos lugares fora da Itália é possível encontrar tantos prédios de origem romana quanto em Trier (Tréveris), uma das cidades mais antigas da Alemanha e um dos mais antigos centros de venda e produção de vinho na Europa. Com pouco mais de 110 mil habitantes, ela é hoje a terceira maior cidade da Renânia-Palatinado, mas já foi a segunda maior cidade do Império Romano do Ocidente no século 4°.
Fundada em 15 a.C., a cidade do Vale do Mosela passou rapidamente de posto militar à residência de imperadores romanos. Como testemunho dessa época, a Porta Nigra (portão negro) é o maior portão de entrada preservado de uma fortificação romana. Construído no ano 170, externamente, ele lembra um palacete, sendo um bom local para começar seu passeio pelo centro histórico de Trier.
Andando em direção à praça Hauptmarkt, logo à direita, na praça Simeonstiftplatz, você vai ver a mais nova atração de Trier: uma estátua de bronze de 5,5 metros de altura do filósofo Karl Marx – um presente do governo chinês – inaugurada em maio de 2018 em homenagem ao aniversário de 200 anos do filho mais famoso da cidade. Quem quiser saber mais sobre o grande filósofo pode visitar a casa onde ele nasceu, na rua Brückenstrasse n° 10, onde hoje funciona o Museum Karl-Marx-Haus.
Com suas construções renascentistas e barrocas, a praça Hauptmarkt é uma das mais belas do país. Após ser destruído na Segunda Guerra, seu complexo de edifícios foi totalmente reconstruído no final dos anos 1960. Erguida como lugar de festas e eventos em 1430, a casa Steipe é um dos mais bonitos. O prédio gótico foi sede da prefeitura até o século 18 e hoje abriga um café/restaurante.
Da Hauptmarkt são apenas alguns minutos a pé até a Catedral de São Pedro (Dom St. Peter), um presente da imperatriz Helena, mãe de Constantino, primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo. No início do século 4°, ela presenteou o bispado de Trier com o seu palácio, para que ali fosse construída a catedral. A atual construção em estilo românico remonta ao século 13, embora desde então o edifício tenha sofrido várias reformas e ampliações. Vizinha à catedral, a Igreja de Nossa Senhora (Liebfrauenkirche) é a igreja gótica mais antiga da Alemanha, erguida em 1243.
Bem perto dali, a monumentalidade da Konstantinbasilika, antiga sala de audiências do imperador Constantino, é prova do poder do antigo Império Romano. Não é à toa que Trier é conhecida como "Segunda Roma".Outros testemunhos da presença romana na cidade são o anfiteatro (Amphitheater), as ruínas das termas Kaiserthermen e Barbarathermen, a coluna sepulcral Igeler Säule e a ponte sobre o rio Mosela Römerbrücke, a mais antiga da Alemanha, construída originalmente no século 1°.
Desde 1986, a Catedral de São Pedro, a Igreja de Nossa Senhora e as construções romanas aqui mencionadas foram elevadas a Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Para terminar seu passeio pelo Vale do Mosela, nada como um vinho e um bom jantar num dos muitos restaurantes tradicionais, como, por exemplo, no Zur Glocke, no centro histórico de Trier.
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As regiões vinícolas da Alemanha
O outono é tempo de vinho. Nas 13 regiões vitivinícolas alemãs, chegou a hora da colheita, extração do mosto, vinificação, engarrafamento. Um passeio pelo mundo do riesling, spätburgunder, silvaner e companhia.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Erichsen
Rheinhessen
Maior região vinícola alemã, Rheinhessen fica no oeste do país e se estende por 26 mil hectares, no triângulo entre as cidades de Mainz, Bingen e Worms. A tradição se iniciou no século 8º, e atualmente apenas cinco dos 136 municípios da região não produzem vinho. Rheinhessen é, por exemplo, a terra dos brancos riesling e rivaner, e do tinto dornfelder.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Fredrik von Erichsen
Rheingau
Há seis diferentes regiões vitivinícolas ao longo do Rio Reno, entre elas Rheingau, conhecida pelo riesling, que ocupa quase 80% de suas terras, e o spätburgunder (ou pinot noir). Tudo começou no mosteiro de Eberbach, fundado por monges cistercienses da Borgonha, que trouxeram a arte da vitivinicultura para a região compreendida entre Hochheim e Lorch.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Mittelrhein
A partir da cidade de Bingen, onde o Reno desenha uma curva mais pronunciada, começa o Vale do Médio Reno (Mittelrhein). Aí o leito do rio fica mais estreito e penetra no espetacular Maciço Renano. A viticultura define a paisagem, com vinhedos em terraço que se estendem até as portas de Bonn. Em 2002, a região foi declarada Patrimônio Mundial pela Unesco.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kleefeldt
Pfalz
Uma região vinícola dos superlativos. O maior festival de vinho e o maior barril do mundo se encontram em Bad Dürkheim. E a primeira rota vinícola da Alemanha, a Deutsche Weinstrasse, atravessa o Palatinado (Pfalz). Seus 85 quilômetros interligam 130 vinícolas entre Bockenheim e Schweigen, na fronteira com a França. Todos os anos, a Rainha do Vinho alemã é eleita aqui, em Neustadt.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Anspach
Franken
A garrafa abaulada, conhecida como "bocksbeutel" (saco de bode), é marca registrada do vinho da Francônia (Franken). Mas jovens vinicultores locais também tomam a direção contrária, deixando de lado todos os floreios românticos e apresentando seu produto em modernas vinotecas. Nessa região no centro-sul da Alemanha produz-se vinho há mais de 1.200 anos. Um dos preferidos é o branco rivaner.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Karmann
Mosel
Uma questão de ângulo: com 380 metros de altura e uma inclinação de até 68 graus, o Calmont é o vinhedo mais íngreme da Europa. A região vinícola de Mosel, às margens dos rios Mosela, Saar e Ruwer, é a mais antiga da Alemanha. Graças aos romanos, que levaram a vitinicultura para lá 2 mil anos atrás. O riesling feito na região é considerado um dos melhores da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Rumpenhorst
Baden
Banhada pelo sol, a terceira maior vinícola do país segue pelo Reno desde o Lago de Constança, no sul, até a cidade de Mannheim. Baden é a região mais quente do país. Por isso, suas uvas alcançam a pontuação mais alta na escala Oechsle, que mede a concentração alcoólica natural. A área é a principal fornecedora no país da casta spätburgunder (pinot noir).
Foto: picture-alliance/dpa/R. Haid
Württemberg
Nessa região vinícola com centros em Stuttgart e Heilbronn, o vinho é uma espécie de bebida nacional: Württemberg ostenta o dobro do consumo per capita frente ao restante da Alemanha. No festival anual de enologia Stuttgarter Weindorf, uma das especialidades é o tinto trollinger. Não por acaso, a cidade é maior produtora da bebida em todo o país.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kraufmann
Ahr
Com apenas 560 hectares, a escarpada região vinícola do Vale do Ahr é uma das menores do país. Sua rota do vinho tinto se estende por 35 quilômetros ao longo do rio Ahr, de Bad Bodendorf a Altenahr. Para quem decide percorrê-la na época da vindima, não faltam incentivos ao longo do caminho, como as provas de vinhos e os "winzervesper" – jantares oferecidos após cada jornada da colheita.
A área vinícola mais setentrional da Alemanha acompanha os rios Saale e Unstrut, e vai até os 51 graus de latitude, o limite natural para a vinicultura. Graduações Oechsle como na ensolarada Baden são impensáveis: os vinhos regionais apresentam-se bem secos, as safras são modestas. Ainda assim, os vinicultores aprenderam a extrair o máximo da natureza, com resultados excelentes e grande demanda.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Schmidt
Sachsen
Como Saale-Unstrut, a região vinícola da Saxônia (Sachsen) fica no antigo território da Alemanha comunista, e ganhou novo impulso com a Reunificação, em 1990. Uma de suas especialidades são espumantes como o da adega Schloss Wackerbarth, a segunda mais antiga do gênero no país. Em meados de agosto, dezenas de produtores da região abrem suas adegas e vinhedos para provas e visitas.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Gammert
Nahe
A região do rio Nahe fica entre o Mosela e o Reno. De porte modesto, seus cerca de 4 mil hectares produzem castas como a riesling, silvaner e rivaner (também denominada Müller-Thurgau). Para conhecer a área, duas boas opções são a idílica Rota Vinícola do Nahe ou a ciclovia regional. Já os amigos das caminhadas longas têm como opção a belíssima Rota do Reno-Nahe, com 100 quilômetros de extensão.
Foto: picture-alliance/dpa/F.v. Erichsen
Hessische Bergstrasse
Ao norte de Heidelberg passa a Rota das Montanhas de Hesse (Hessische Bergstrasse). Uma particularidade dessa região vinícola é comportar, em seus meros 452 hectares, 233 tipos de solo diferentes. Consequentemente, os vinhos se distinguem de um local para outro. Nenhuma dessas raridades chega ao comércio, sendo todas vendidas – e consumidas – in loco.