RS tem previsão de mais chuvas fortes nos próximos dias
10 de maio de 2024
Instabilidade chega ao estado nesta sexta e permanece durante o final de semana, principalmente no centro-leste e no nordeste gaúchos, o que inclui a região metropolitana de Porto Alegre, já muito afetada pela enchente.
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Em meio à maior enchente da sua história, o Rio Grande do Sul deve ser atingido por mais chuva a partir desta sexta-feira (10/05) e durante o final de semana, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O órgão prevê que a instabilidade ocorra com mais força no centro-leste e no leste do estado, incluindo a região metropolitana de Porto Alegre.
Nessa área, fortemente atingida pela enchente, o acumulado de chuva pode chegar a 330 milímetros nos próximos três dias, o que levou o Inmet a emitir uma nota técnica para riscos geológicos, devido a possíveis deslizamentos de terra e desabamentos, e também geológicos, por meio de alagamentos e extravasamento de rios e canais.
Com novos temporais, áreas já atingidas pela enchente podem sofrer inundações mais intensas. A região metropolitana concentra algumas das principais bacias de captação de rios que correm do interior – das regiões dos vales, por exemplo, onde ficam os rios Caí, Taquari e Sinos – e deságuam no Guaíba, em Porto Alegre e em outras cidades próximas.
Com o sol e o tempo seco dos últimos dias, o nível desses rios seguiu caindo, mas a volta das chuvas pode fazê-los subir novamente, além da manutenção do nível elevado de água.
Os alertas do Inmet têm diferentes níveis para diferentes regiões. O mais alto, de "perigo", é para a metade norte do Estado, incluindo cidades como Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Santa Maria, Passo Fundo e Caxias do Sul.
Nas regiões desses municípios, as chuvas podem passar dos 100 milímetros por dia. A previsão também aponta ventos fortes que podem chegar a até 100 km/h. As demais áreas do estado estão em alerta de "perigo potencial", com chuvas de até 50 milímetros por dia e ventos de até 60 km/h.
Depois disso, está prevista a chegada do frio. Uma massa de ar frio e seco tende a causar queda nas temperaturas em todo o estado.
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Vento prejudica
Até o momento, o estado contabiliza mais de 100 mortos e mais de 130 desaparecidos devido à enchente que começou no final de abril e segue neste começo de maio. Quase 400 mil pessoas tiveram de deixar suas casas, com em torno de 70 mil delas em abrigos e 330 mil desalojadas, que estão em casas de familiares ou amigos.
Os modelos projetados pelo Inmet também apontam alteração na direção do vento na Lagoa dos Patos, que é para onde escoa a água do Guaíba e que depois deságua no mar por meio de uma estreita passagem já no sul do estado, entre os municípios de Rio Grande e São José do Norte.
Devido ao vento que pode dificultar o escoamento, cidades como Rio Grande e Pelotas seguem em alerta para inundações graduais, já que o excesso de água escoa em direção à região.
O rio Uruguai e seus afluentes, localizados próximos à fronteira oeste do Rio Grande do Sul, também têm previsão de continuar subindo nos próximos dias.
Chuva e emergência também no Maranhão
No outro extremo do Brasil, no estado do Maranhão, pelo menos 30 municípios já decretaram situação de emergência devido às chuvas que atingem o estado desde abril, de acordo com informações confirmadas pela Defesa Civil.
Mais de mil famílias estão desabrigadas, e quase 3 mil pessoas, desalojadas. Até o momento, foi registrada uma morte.
A Defesa Civil trabalha para retirar moradores de áreas de risco, enquanto o governo do Maranhão tem fornecido alimentação aos atingidos pelas cheias por meio da rede de restaurantes populares.
gb/bl (ots)
A maior enchente da história do Rio Grande do Sul
Fortes chuvas causam inundações em 80% do estado e deixam 90 mortos.
Foto: SILVIO AVILA/AFP/Getty Images
Tragédia sem igual no Rio Grande do Sul
As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram inundações em 397 dos 497 municípios do estado e dezenas de mortes. No dia 7 de maio, o total confirmado era de 90 mortes, e havia 131 pessoas desaparecidas. Na foto, a cidade de Encantado, às margens do rio Taquari.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Perdas totais para muitas pessoas
Muitas famílias perderam tudo o que tinham e tiveram que deixar suas residências, como estas pessoas em Encantado. São mais de 150 mil desalojados em casas de parentes e amigos e outras mais de 56 mil em abrigos.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Resgates em todo o estado
Muitos voluntários estão participando de resgates, como em Canoas. Na cidade da região metropolitana de Porto Alegre, também fortemente atingida pelas cheias, o prefeito disse que podem se passar até dois meses para que a água baixe.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Os pets não ficam para trás
Além de esforços para salvar pessoas, voluntários também se unem para resgatar animais de estimação que ficaram em áreas alagadas. Muitos estão agora em abrigos, aguardando serem identificados pelos tutores.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Porto Alegre sem acesso por ônibus e avião
Porto Alegre, que fica às margens do lago Guaíba, foi duramente atingida. Toda a região do centro histórico e as proximidades, a exemplo da estação rodoviária, foram inundadas. Como o aeroporto também ficou debaixo d'água, a capital gaúcha ficou sem acesso por ônibus ou avião.
Foto: DUDA FORTES/AGENCIA RBS/AFP/Getty Images
Centro de Porto Alegre inundado
O nível do Guaíba chegou a 5,33 metros, superando a marca histórica da cheia de 1941, de 4,76 metros. Muitos moradores do centro de Porto Alegre e bairros vizinhos, como Cidade Baixa e Menino Deus, ficaram isolados em seus apartamentos. Faltam luz e água potável. Botes e barcos são os melhores meios para deixar o local. Em alguns prédios, a água está quase no segundo andar.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Caminhar em ruas alagadas é arriscado
Alguns moradores aproveitam uma pausa nas precipitações para sair em busca de um lugar seco, possivelmente na casa de amigos ou parentes, e tentar salvar ao menos alguns pertences. Porém, caminhar nas ruas alagadas é arriscado, pois não há como saber o que há embaixo da água. Quem não tem para onde ir, se refugia em abrigos públicos.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Corrente do bem
Além das pessoas que estão ajudando voluntariamente nos resgates, muitas outras de todo o estado e de outras unidades da federação estão doando água, alimentos, roupas e material de higiene pessoal, entre outros produtos. Em Porto Alegre, 85% das pessoas estão sem água potável.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Rua virou rio
Em Canoas, várias ruas mais parecem rios. Segundo a prefeitura, pelo menos dois terços da cidade foram afetados pelas enchentes.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Casas submersas
Em algumas áreas da região metropolitana, como neste bairro de Canoas, as águas deixaram casas totalmente submersas.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Rio Taquari acima dos 30 metros
O rio Taquari, que passa por cidades como Lajeado, Estrela e Encantado, passou dos 30 metros e atingiu o maior nível já registrado. Autoridades pediram para as pessoas deixarem suas residências e não retornarem mesmo se o nível baixar, pois pode voltar a chover.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Cobertos pela lama
Em Encantado, estes veículos foram levados pelas águas e ficaram cobertos de lama. A Confederação Nacional dos Municípios estimou que os prejuízos com as enchentes superam meio bilhão de reais.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Lula foi ao Rio Grande do Sul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Rio Grande do Sul, junto com uma comitiva de 18 pessoas, para acompanhar os resgates e a prestação de assistência humanitária. No domingo (05/05), ele sobrevoou Porto Alegre ao lado do governador Eduardo Leite e dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Dias antes, ele havia estado em Santa Maria, também afetada pela enchente.
Esta é a quarta catástrofe ambiental em menos de 12 meses no Rio Grande do Sul. Em setembro de 2023, a mesma região do estado também foi duramente atingida pelas enchentes, com um total de 54 mortos.